segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Refundar as polícias

As polícias Militar e Civil não cooperam entre si: elas são geridas separadamente e seus cursos de formação pregam valores divergentes. Em comum têm apenas a cultura corporativa, às vezes desfavorável aos direitos humanos. O que pode ser feito para mudar esse cenário? Pouco, a não ser que alteremos a Constituição
por Luiz Eduardo Soares

No Rio de Janeiro ninguém está satisfeito com as polícias, tanto Civil quanto Militar. Nem a sociedade, nem os próprios oficiais. Porém, as forças fluminenses não são as únicas em estado adiantado de degradação: suas deficiências apenas se tornaram mais visíveis.

Em quase todo o país as avaliações sobre essas corporações são negativas. Os baixos salários são o problema central e têm como consequência direta a necessidade de “bicos” para completar o orçamento familiar.

Nesse cenário, nada mais natural que a maioria dos policiais procure uma vaga na segurança privada. A lei proíbe, mas o bolso manda. E como não há fiscalização de fato para conter a jornada dupla, fica mais fácil burlar a regra – a responsabilidade sobre a segurança privada é da Polícia Federal, mas faltam agentes e sobram missões.

As secretarias estaduais, por sua vez, fingem que nada acontece. Se interviessem, implodiriam as contas públicas, que não resistiriam à emergência de uma demanda salarial reprimida. Afinal, é a segurança privada, informal e ilegal, que financia, indiretamente, a segurança pública, tornando possível um orçamento irreal. Eis aí o gato-orçamentário.

Mas quando não se fiscaliza a segurança privada para não atrapalhar o mal “benigno” ou a informalidade “bem intencionada”, tampouco se vigia a ilicitude maligna. As milícias estão aí para não nos deixar mentir. E os turnos de trabalho irracionais? Quem teria coragem de racionalizá-los, se isso implica a quebra da espinha dorsal do bico?

Nos últimos anos, sobretudo no Rio, a corrupção policial agravou-se. A arcaica política do “confronto”, vendida como “nova” pelo cinismo oficial, conferia ao policial a autoridade para matar de forma arbitrária. E, ao mesmo tempo, lhe dava tacitamente o poder para negociar a vida e a liberdade, instituindo uma moeda forte e atraente – e em permanente inflação. Assim, o combate “fora-da-lei” ao crime buscou liquidá-lo utilizando-se de práticas como a execução de delinquentes. O resultado foi desastroso e paradoxal: uma polícia envolvida em dinâmicas criminosas e, portanto, impotente diante do próprio crime.

Admitindo a ilegalidade das execuções – sempre de pobres e, frequentemente, negros –, se aceita a ilegitimidade desses atos. O círculo vicioso da violência ilegal não se transforma no círculo virtuoso da legalidade. Só há legalidade com respeito a ela. Não existem atalhos.

Entre 2003 e 2007 as polícias fluminenses mataram 5.669 pessoas. Um escândalo mundial. Apenas no ano passado foram 1.330 as vítimas letais de ações policiais e, em 2008, quebrou-se o recorde mais uma vez – segundo dados preliminares.

Execuções sumárias

Quase todas essas mortes foram registradas como “autos de resistência”, ou seja, como situações em que a vítima da ação policial teria sido morta por haver colocado em risco a vida dos policiais ou de terceiros. Por isso, “autos de resistência” referem-se a casos em que policiais teriam agido em estrito cumprimento de suas obrigações constitucionais – em legítima defesa ou para proteger a vida de terceiros. Mas pesquisas apontam que, apenas em 2003, das 1.195 pessoas que morreram em situações descritas como “autos de resistência”, 65% apresentavam sinais insofismáveis de execução. A Justiça acata, acriticamente, a postura resignada – e, nesse sentido, lamentavelmente, cúmplice – do Ministério Público, das autoridades policiais, da segurança pública e do poder executivo. A cadeia de omissões estende-se, indiretamente, à sociedade civil, que aceita, apática, essa realidade inominável.

A orientação equivocada de uma política do “confronto” aumenta o risco a que são submetidos os próprios policiais. No mesmo período, morreram no Rio de Janeiro 194 policiais em serviço, 27 civis e 167 militares. Na maioria dos estados, a despeito de uma escala menor, a natureza do problema é a mesma.

A Polícia Militar e a Polícia Civil não cooperam entre si, não têm bases de dados comuns, não são geridas de forma integrada. Os cursos de formação são distintos e têm valores divergentes. A autoimagem de cada corporação se forma na experiência cotidiana da rivalidade, e suas respectivas identidades são, intrinsecamente, antagônicas.

A PM é uma instituição organizada com fins bélicos. Por isso, seu objetivo é tornar-se apta ao pronto emprego dessa força, baseada na cega obediência e na velocidade na execução do comando. Daí a hierarquia vertical e a ausência de autonomia na ponta operacional. Com exceção das situações em que são necessários grupos de combate, a PM não foi desenhada, enquanto estrutura organizacional, para a segurança pública, cujos desafios complexos exigem exatamente o contrário: flexibilidade decisória e descentralização, com supervisão e integração modular, ágil e adaptativa, além de uma gestão por processo. Só assim seria possível a aplicação de métodos modernos, como o policiamento orientado para a resolução de problemas ou o polissêmico policiamento comunitário.

A Polícia Civil, por sua vez, é um arquipélago de baronatos feudais (distritais). Segundo dados oficiais de dezembro de 2006, apenas 1,5% dos homicídios dolosos no estado do Rio de Janeiro foi investigado com êxito pela instituição. No restante do Brasil, a taxa varia, mas em geral não atinge níveis aceitáveis.

A perícia e todo seu universo técnico, que deveria ser o futuro da polícia investigativa, hiberna esquecida e abandonada, salvo raras exceções. No Rio, há mais de 114 mil solicitações de laudos periciais não atendidas.

Em defesa da vida

As polícias brasileiras são reativas, inerciais, avessas à avaliação e ao controle externo, além de não disporem de mecanismos institucionais que tornem possível sua gestão racional. Some-se a tudo isso a cultura das corporações, tantas vezes desfavorável aos direitos humanos.

O que pode ser mudado pelos governadores, pelos secretários de segurança pública e pelos chefes de polícia? Pouco. Eles conseguem, no máximo, reduzir os danos provocados pelo formato institucional desenhado na Constituição, por meio de mecanismos que compensem a tendência fragmentária, investindo na qualificação profissional e no controle externo e intervindo nas culturas corporativas para tentar neutralizar os valores contrários aos que seriam compatíveis com o ambiente de legalidade e racionalidade administrativa. A afirmação de uma política que priorize a defesa da vida é absolutamente fundamental, ainda que insuficiente. Se o esforço dos gestores surtir algum efeito, isso ocorrerá apesar das estruturas organizacionais que herdamos da ditadura, e não por causa delas ou com sua ajuda.

Dessa forma, postulo a alteração da Constituição Federal para que os estados sejam autorizados a promover mudanças profundas na estrutura organizacional das polícias (a “desconstitucionalização das polícias”), credenciando-se para manter o status quo institucional delas ou para unificá-las.”). Ou, ainda, para criar novas polícias, que poderiam ser, por exemplo, municipais em cidades acima de 1 milhão de habitantes. No quadro dessa mudança seria necessária uma legislação infraconstitucional, com as exigências mínimas que todas as novas polícias deveriam atender nas áreas de formação, informação, gestão, controle externo, articulação intersetorial e perícia – chamo esse conjunto normativo de Sistema Único de Segurança Pública.

Em síntese, o estado que estivesse satisfeito com a situação atual teria liberdade para mantê-la. Mas aqueles que quisessem modificá-la poderiam fazê-lo, respeitando, sempre, os direitos trabalhistas dos policiais e as normas infraconstitucionais1.

No caso do estado do Rio de Janeiro, o melhor caminho seria a criação, na capital, de uma polícia municipal civil de ciclo completo. Polícia de ciclo completo é aquela que exerce todas as atribuições inerentes às funções judiciárias ou investigativas e ostensivo-preventivas, previstas na atividade policial – ou seja, é aquela que investiga e patrulha, uniformizada. O mesmo ocorreria nas demais regiões metropolitanas.

Para tanto, seria preciso unificar as atuais polícias Militar e Civil, que teriam um prazo de seis anos para se adequar a esse novo perfil. A perícia se tornaria independente e caberia à União renegociar o pacto federativo para que baixos salários não condenassem ao fracasso essa promissora iniciativa.

As polícias são instituições da maior importância para a vigência do Estado democrático de direito2. Em benefício dos bons policiais e da população – sobretudo dos mais pobres, vítimas predominantes da violência institucionalizada –, seria necessário que as lideranças políticas celebrassem um pacto suprapartidário pela mudança profunda na segurança pública3, começando pelas polícias. Só assim se reduziria a desigualdade no acesso à Justiça e se completaria o ciclo da transição democrática, processo no qual a questão policial foi esquecida. A mudança da estrutura organizacional, acompanhada da instauração do SUSP, não será suficiente – nem por isso deixa de ser indispensável. Transformações nas políticas de segurança e na cultura profissional serão decisivas, assim como a participação da sociedade e o controle externo. Alterações na Justiça e no sistema penitenciário, e políticas preventivas também serão fundamentais. Assim como a redução das desigualdades. Contudo, não permitamos que a insuficiência de cada passo continue nos paralisando. Mesmo enquanto permanecer desigual, a sociedade brasileira poderá ser menos cruel e violenta – o que facilitará a mobilização para o aprofundamento da democracia.

Luiz Eduardo Soares é secretário municipal de Assistência Social e Prevenção da Violência de Nova Iguaçu (RJ) e professor da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Tem pós-doutorado em Filosofia Política e foi secretário nacional de Segurança Pública (2003). É autor, entre outros livros, de Elite da tropa, com André Batista e Rodrigo Pimentel (Objetiva, 2006).

1 As críticas a essa proposta sugerem que a “desconstitucionalização” geraria uma variedade de modelos de organização policial que provocaria mais fragmentação, irracionalidade, incomunicabilidade e rivalidade entre as instituições. O que gera a fragmentação antissistêmica é a verdadeira babel na formação, na informação e na gestão, o que seria corrigido pelas normas infraconstitucionais do SUSP.
2 As forças democráticas nunca lideraram um movimento propositivo pela transformação da segurança por causa da resistência em reconhecer a relevância social e política das polícias.
3 As mudanças deveriam incluir o apoio a políticas preventivas, a unificação das polícias federais e a reforma do sistema penitenciário e do inquérito policial.
Palavras chave: Polícia militar, política civil, segurança pública

domingo, 29 de agosto de 2010

Crime organizado, o desafio do milênio.


Do Blog de Luis Nassi


Coluna Econômica

Os recentes acontecimentos no México, com o crime organizado assassinando dezenas de pessoas e colocando o governo no corner, escancarou um dos fenômenos mais preocupantes nos países emergentes: o avanço avassalador do crime organizado.

Recentemente, foi lançado um livro fundamental para se entender como se formam esses movimentos: "A Irmandade do Crime" (Editora Record) do jornalista Carlos Amorim, versão ampliada de outro livro seu, dos anos 90, o primeiro a desvendar o processo de formação do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, que guarda semelhanças com o que ocorreu com as FARCs e outros movimentos latino-americanos.

***

O primeiro passo é entender o ambiente selvagem dos grandes presídios: insegurança total, abusos sexuais, lei do cão.

Dentro desse ambiente, ainda nos anos 70 houve a convivência inicial com presos políticos, organizados, solidários, se autodefendendo naquele ambiente inóspito. Os presos políticos mostraram o poder das ideias como elemento agregador, a bandeira, a disciplina.

A partir daí, a marginalidade aprendeu rapidamente a lição. O CV surgiu com regras rígidas: não se tolerariam mais abusos contra os presos; haveria solidariedade; uma caixinha para amparar juridicamente os prisioneiros; o fim da exploração sexual; o amparo às famílias desassistidas; a busca incessante da liberdade; o planejamento dos assaltos.

***

Com tais bandeiras, conseguem em pouco tempo a adesão da maioria dos presidiários. O passo seguinte é a liquidação das quadrilhas rivais. E, à medida que vão ganhando musculatura, o enfrentamento inicial com o poder público.

***

O livro historia as diversas etapas do CV, a fase dos assaltos a banco. Depois, a fase dos grandes seqüestros, no início dos anos 90. Mais tarde, a dos pequenos seqüestros no varejo, com atitude inusitadas: como a de libertar reféns de seqüestros praticados individualmente por bandidos.

***

Ponto importante é o relacionamento com o governo da Guanabara, depois estado do Rio de Janeiro. A eleição de Leonel Brizolla inaugura um período de defesa dos direitos humanos, mas que, segundo o livro, permite a ampliação da influência do CV.

Qual seria a alternativa? A repressão pesada legitimou o movimento. Quando as lideranças foram espalhadas por diversos presídios, espalharam-se também os princípios do CV.

***

O jogo torna-se pesado quando entra em cena o tráfico de cocaína. Os valores envolvidos multiplicam-se, o sistema financeiro internacional passa a ser utilizado pesadamente.

Líderes do CV mudam-se para São Paulo e passam o know-how para o PCC.

***

O levantamento da história do PCC não é tão minucioso quanto do CV.

Mas informações recentes dão conta de um poder maior, mais estruturado, em cima do estado de maior dinamismo econômico.

O livro deixa no ar a sensação de impotência do poder público para enfrentar o maior desafio desse início do século 21: a extraordinária expansão do crime organizado, suas vinculações com o poder financeiro.

Será um dos grandes desafios do próximo governo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FRAUDES NOS EXAMES DA OAB

DO BLOG FLIT PARALISANTE

POLÍCIA SEM CERIMONIAL
FRAUDES NOS EXAMES DA OAB: FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA TERIA EMPREGADO GABARITOS FURTADOS PARA TREINAR SEUS ALUNOS E ASSIM MELHORAR SUA CLASSIFICAÇÃO NA LISTA DAS ESCOLAS COM MAIOR QUANTIDADE DE APROVADOS NO CONCURSO DA OAB



JORNAL FLIT PARALISANTE

POLÍCIA SEM CERIMONIAL
FRAUDES NOS EXAMES DA OAB: FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA TERIA EMPREGADO GABARITOS FURTADOS PARA TREINAR SEUS ALUNOS E ASSIM MELHORAR SUA CLASSIFICAÇÃO NA LISTA DAS ESCOLAS COM MAIOR QUANTIDADE DE APROVADOS NO CONCURSO DA OAB

fazer um comentário »
Marcelo Teixeira é acusado de participação em fraude

Confira abaixo no vídeo da Record reportagem que qualifica o ex-presidente do Santos, Marcelo Teixeira, como um dos possíveis envolvidos em fraudes de concursos na OAB.

Sua Faculdade realizou um simulado da prova da entidade com as mesmas questões que foram aplicadas um dia depois na avaliação oficial.

O Santos realmente não estava em boas mãos

dario leão disse:
6 de agosto de 2010 às 16:53

Caro Paulinho, sem juizo algum de valor, venho informar que o Coordenador designado pela OAB para o exame, aqui em Santos, era nada mais, nada menos, que o Dr. Marcos Vinicius Lourenço Gomes, advogado trabalhista do Santos, na gestão Marcelo Teixeira. No dia que a operação foi deflagrada, os agentes policiais chegaram a ir à casa do ex-presidente da OAB local, Conselheiro Federal da OAB e vice-presidente do Santos, na mesma gestão, Norberto Moreira da Silva, para localizar provas do envolvimento. Como o jornal local e as emissoras de Santos dependem da “família”, nada mais foi noticiado.
Record apresenta detalhes sobre
investigação da PF na Operação Tormenta

Quadrilha vendeu resultados de provas para concursos públicos por 20 anos
Do R7, com Jornal da Record
A Polícia Federal fez uma operação atrás de gabaritos de vários concursos públicos. Durante quase 20 anos uma quadrilha vendeu os resultados das provas. E agora a PF investiga centenas de funcionários públicos que foram empregados fraudando o sistema. Eles estão empregados inclusive na própria polícia, que por isso, agora analisa os exames feitos nos últimos dez anos.

A quadrilha ficava em Santos, no litoral paulista. Antonio de Luca é acusado de ser o mentor da quadrilha. Ele é dono de uma faculdade.

O bando montou estrutura para atender os interessados de diversas maneiras. Cada integrante tinha uma função específica. Um grupo desviava as provas. O policial rodoviário federal Maurício Toshikatsu é acusado deste crime. Segundo a PF, ele guardava os exames na sede em São Paulo.

Os vendedores montavam a lista de clientes, e as provas chegavam a ser vendidas por R$ 30 mil. Os professores de aluguel recebiam dinheiro para fazer a prova na véspera do exame.

Os falsificadores montavam também diplomas para quem não fez uma faculdade. Mais de cem pessoas devem ser indiciadas.

Condenado por assassinato de Tim Lopes vende drogas em favela do Rio


Zeu cumpriu 5 anos da pena, antes de fugir ao conseguir regime semiaberto.

Vídeos mostram ação de traficante que é procurado pela polícia há três anos.

Condenado a 23 anos e seis meses de prisão por participação no assassinato do jornalista Tim Lopes em 2002, Elizeu Felício de Souza, o Zeu, cumpriu apenas cinco anos e 25 dias, e é considerado foragido da Justiça. Ele conseguiu o direito ao regime semiaberto, e no primeiro dia que saiu, não voltou mais. A polícia procura o bandido há três anos e não encontra. Mas o criminoso foi localizado vendendo drogas em uma favela do Rio de Janeiro.

Vídeos obtidos pelo “Fantástico” mostram traficantes armados vendendo cocaína, maconha e crack ao lado de um canteiro de obras da Prefeitura do Rio. O tráfico é feito abertamente, como se os bandidos fossem camelôs.

Em outro ponto da mesma favela, mais traficantes aterrorizam os moradores à luz do dia – é o chamado “bonde”, uma caravana do terror. São 34 marginais e pelo menos 12 fuzis – um deles com mira telescópica.

O desafio às leis é permanente. Os bandidos chegaram ao cúmulo de instalar vigas de ferro no asfalto para impedir o acesso de carros da polícia. Ao lado do canteiro de obras, muitos sacos de drogas cobrem a mesa e os fuzis estão por toda a parte.

Feirão das drogas
Um dos chefes desses traficantes é Zeu, que aparece nas imagens em pontos de vendas de drogas repletos de máquinas caça-níqueis, que são proibidas em todo o Brasil. Em outro vídeo que mostra o comércio de drogas, Zeu chega de moto a outro ponto de venda, carregando um fuzil e com uma pistola na cintura.

As vendas de drogas, com preço mínimo de R$ 2, avançam pela noite e o mercado rende muito dinheiro – que é dividido em sacos distintos para cada tipo de droga comercializada.

Zeu foi um dos condenados pela morte do jornalista da TV Globo Tim Lopes. Em 2002, Tim fazia uma reportagem sobre a exploração sexual de menores em bailes de traficantes, quando foi sequestrado, torturado e assassinado no chamado Complexo do Alemão.

Criminoso saiu para 'visitar a família'
As investigações mostraram que foi Zeu quem comprou a gasolina usada para queimar o corpo de Tim. Ele pegou 23 anos e seis meses de cadeia. Depois de conseguir o direito ao regime semiaberto – ao completar cinco anos e 25 dias na cadeia, ele foi transferido para um presídio em Niterói. E logo no primeiro dia que saiu para visitar a família em casa, Zeu não voltou mais. “Cabe à Justiça e quem faz as leis perceberem que isso precisa haver uma reforma. Não pode ser assim. A gente já sabe que não tem resultado. Então por que se beneficiar desse direito se ele não tem recuperação?”, desabafa Miro Lopes, irmão de Tim

“Esses casos extremamente diferenciados deveriam ter um tratamento mais duro da lei e também um acompanhamento mais rígido tanto na hora da concessão do benefício, como mesmo que o benefício seja concedido, após essa concessão”, defendeu Paulo Wunder, coordenador de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio.

Tornozeleira eletrônica
Para monitorar condenados que cumprem pena em regime semiaberto, alguns estados brasileiros já usam a tornozeleira eletrônica. O sistema envia sinais a uma central de dados que localiza o portador do aparelho. Se ele arrancar a tornozeleira, um alarme é disparado na central.

“Facilitaria muito a recaptura desses criminosos. Facilitaria inclusive identificar que esse sujeito está de novo diretamente envolvido com a criminalidade”, disse Wunder.

O Complexo do Alemão reúne 13 favelas, e uma delas é o Morro do Alemão, onde foram gravados os vídeos da reportagem do Fantástico.

Dois traficantes comandam a venda de drogas em todo o complexo. Um é o traficante Fabiano Atanázio, conhecido como FB. O outro é Luciano da Silva, o Pezão.

Depois que fugiu, Zeu ganhou de Pezão dois dos pontos de venda de drogas que aparecem nos vídeos.

Disque Denúncia oferece R$ 10 mil
E o Disque Denúncia oferece uma recompensa de R$ 10 mil por informações que levem à prisão do bandido. De 2007, quando Zeu fugiu, até hoje, o Disque Denúncia recebeu 1,5 mil ligações de moradores do Complexo do Alemão – 109 delas sobre o traficante que continua solto.

“Isso nos deixa extremamente incomodado com essa questão, com essa situação de impunidade. É um acinte para nós, a população que acreditou em nós, nos nossos apelos, trouxe informações valiosas para polícia, que fez bem o seu trabalho. Como é que fica?”, declarou Zeca Borges, do Disque Denúncia.

“Você sente uma punhalada pelas costas. Parece que está matando novamente a vítima”, desabafou Miro Lopes.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Rio teve o menor número de homicídios desde 91

O GLOBO

Ocorrências no estado em junho deste ano representaram uma queda de 21% em relação ao mesmo mês de 2009

O número de homicídios no estado no mês de junho foi o menor de toda a série histórica dos índices de criminalidade, iniciada em 1991. Naquele mês foram registrados 347 homicídios, 21% a menos que em junho de 2009 (439), segundo dados do Boletim Mensal de Monitoramento e Análise do Instituto de Segurança Pública (ISP), divulgados ontem.

Os números também mostram que o primeiro semestre de 2010 apresentou o menor índice de homicídios de toda a série histórica semestral: 2.556 casos, contra 3.198 do primeiro semestre de 2009, com queda de 20%. O primeiro semestre de 1995 foi o que apresentou o maior índice: 4.646 assassinatos.

A Secretaria de Segurança também divulgou ontem o ranking das Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisps) no que se refere às metas estabelecidas para o primeiro semestre deste ano. A Aisp 15 (Baixada Fluminense), que compreende a área de quatro delegacias — 59ª DP (Duque de Caxias), 60ª DP (Campos Elíseos), 61ª DP (Xerém) e 62ª DP (Imbariê) — ficou em primeiro lugar, com 184 homicídios a menos que no primeiro semestre de 2009. Em 2010 foram registrados 184 casos, contra 313 no mesmo período do ano passado. O resultado superou em muito a meta de 293 homicídios.

No mesmo período de 2009 foram registrados na área da Aisp 15 3.265 roubos a transeuntes (incluindo roubo de celulares e em coletivos), contra 2.834 este ano. A meta era baixar para 3.127 casos. Com relação aos roubos de carros, os primeiros seis meses de 2010 tiveram 1.249 casos a menos que no primeiro semestre de 2009: foram 1.306 no ano passado contra 945 em 2010.

Outra constatação foi que a suposta migração de bandidos das áreas ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) para morros do Complexo do Alemão, na Penha, não se refletiu nos números da violência. A segunda colocada no ranking foi a Aisp 16 (Olaria e Penha), que abrange as áreas das 22ª DP (Penha) e 38aDP (Brás de Pina) e atinge o Complexo do Alemão. O número de homicídios caiu 50% comparando o primeiro semestre de 2010 com o mesmo período do ano passado: 78 casos em 2009 e 39 em 2010.

O número de roubos de rua na Aisp 16 também apresentou queda: em 2009 foram 1.942 casos contra 1.572 este ano. A meta para o período era baixar até 1.860 casos. Já os registros de roubos de carro baixaram de 744 no ano passado para 586 este ano. A meta a ser atingida era 712 registros.

— Na nossa visão, não existe migração em massa. Mesmo que isso esteja acontecendo, não há reflexos nos números dos crimes — disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

A terceira colocada foi a Aisp 34 (Magé). Todos os policiais que trabalham na Aisp 15, a vencedora, receberão R$ 1,5 mil de premiação, concedidos, segundo Beltrame, pela iniciativa privada. Os policiais da segunda colocada receberão R$ 1 mil e os da terceira, R$ 750. Outras 20 Aisps, das 40 existentes, cumpriram suas metas. Os policiais receberão R$ 500.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

“Escondido” pela mídia, PCC já tem parceria com narcotraficantes mexicanos

por Luiz Carlos Azenha

O Primeiro Comando da Capital (PCC) não só não acabou como há alguns meses passou a fazer negócios com narcotraficantes do México, disse ao Viomundo a repórter Fátima Souza, autora do livro “PCC, a facção”, em que esmiuçou o funcionamento da organização que atua dentro dos presídios paulistas, tem ramificações nacionais e controla atividades criminosas nas ruas das cidades brasileiras.

“O PCC não perdeu força, ele perdeu divulgação”, disse Fátima na entrevista, numa alusão à decisão de mencionar o PCC como “facção criminosa” adotada pela mídia brasileira. “Quanto mais você esconde, menos você combate”, ela acrescentou mais tarde.

Fátima reonhece que desde que recebeu como tarefa principal o combate ao PCC, em junho de 2009, a ROTA (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) fez estrago na organização: 18 presos, morte de 2 chefes importantes, a apreensão de uma tonelada de cocaína, meia tonelada de maconha e de 2 milhões de reais em dinheiro em 4 bocas da Zona Leste de São Paulo. Há denúncia de que um dos chefes mortos, o Vampirinho, foi retirado do automóvel em que estava com uma mulher e fuzilado, diz Fátima.

No entanto, permanecem dúvidas quanto aos recentes ataques atribuídos ao PCC em São Paulo.

Para ouvir a primeira parte da entrevista, clique aqui.

PCC volta atacar. Dessa vez, Carros e ônibus são incendiados na madrugada em SP

Fontes do lado dos políticos da extrema direita anunciam que não vai demorar muito para que, Alckmin candidato tucano ao governo de São Paulo e José Serra,candidato tucano à presidência, jogue o PCC no colo do PT, para prejudicar a campanha de Dilma e Mercadante. Lembrem-se, isso já aconteceu em outras eleições... Fiquem atentos

O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar registraram na madrugada desta terça-feira quatro incêndios em veículos na região metropolitana de São Paulo. De acordo com as corporação, não há registro de pessoas feridas. As causas dos incêndios ainda serão investigadas.

Um dos veículos incendiados foi um ônibus, que foi abordado durante a madrugada, quando trafegava pela rua dos Feltrins, na cidade de São Bernardo do Campo (Grande SP). O motorista e o cobrador foram obrigados a deixar o veículo, que foi incendiado por criminosos momentos depois.

Os outros três veículos incendiados foram carros. O primeiro registro feito pelos bombeiros de São Paulo foi na rua do Hipódromo, na região da Mooca, na zona leste. De acordo com a corporação, o veículo estava estacionado na altura do número 1.680, quando foi atingido pelo fogo, por volta das 2h. A causa do incêndio ainda é desconhecida.

Um Chevette também pegou fogo na rua Frei Gaspar, também na Mooca. O carro foi incendiado por volta das 2h30. Já na zona sul de São Paulo, um outro veículo foi atingido por um incêndio na altura do número 1.246 da rua Ângelo Cristianini, no bairro Jardim Júlia. Da Folha tucana que não toca no nome do PCC, para não prejudicar os tucanso que estão disputando eleição