Vou inverter a ordem, colocar o comentário na frente para situá-los melhor sobre as colaborações seguintes. Além desta, enviada pelo Gilberto, há uma outra entrevista do Conde Guerra, trazida pelo Nilson do Blog do Paulo Henrique Amorim.
Não tenho informações maiores sobre o Conde Guerra (o delegado que montou um Blog de denúncias contra os desmandos da área de segurança em São Paulo), tenho sobre o ex-Secretário da Administração Nagashi - um dos melhores juízes e das melhores pessoas humanas que já conheci.
Acompanhei de perto suas agruras no governo Geraldo Alckmin, junto com o Secretário de Justiça Alexandre Moraes - outra figura séria - enfrentando a barra-pesada do Secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu.
Tentava-se passar a imagem de um Nagashi complacente com o crime, devido à humanização que empreendera em várias cidades, convocando ONGs para auxiliar na recuperação de presos de baixa periculosidade. Nos prêmios de Gestão do Estado, Nagashi era a pessoa que sempre vinha com as práticas mais inovadoras.
Contra o crime organizado, não. Era duro, severo. O episódio do PCC explodiu quando ele tentava isolar as lideranças do crime. Ele foi massacrado pelas autoridades estaduais, que preferiram o falso estilo duro de Saulo - falso porque ineficiente e fanfarrão.
A Administração Penitenciária recolhia os presos. Caberia à Secretaria de Segurança as investigações, o trabalho de desmantelamento das quadrilhas, inclusive agindo dentro dos presídios. Jamais aconteceu isso.
A mim, tanto Nagashi quanto Moraes contaram como Saulo desmontara qualquer possibilidade de ação conjunta das três secretarias, com sua truculência e a incapacidade de Alckmin de administrar conflitos. Em vez de enquadrá-lo, depois de altercações em uma das primeiras reuniões conjuntas das três secretarias, Alckmin preferiu acabar com as reuniões.
A troca de secretários
Quando houve a troca de Secretários, o novo Secretário de Administração Penitenciária providenciou um factóide para tentar desmoralizar mais ainda Nagashi. Alegou que havia sistemas de escuta em seu gabinete e atribuiu-os a Nagashi. Tudo por espírito de revanche, por ter sofrido uma admoestação em determinado episódio.
O comportamento do governo de Serra, não impedindo a tentativa de assassinato de reputação de um dos melhores quadros do PSDB foi o primeiro sinal da virada de página na biografia do governador. A visão humanística de Nagashi em relação aos presos comuns, sua visão de endurecimento em relação ao crime organizado, não teve mais espaço. Serra fez ouvidos moucos aos alertas sobre o que ocorrera na gestão Alckmin.
Quando foi indicado Lauro Malheiros Neto para adjunto da Secretaria de Segurança, conversei com famoso advogado criminalista - com grande conhecimento sobre a política presidiária do Estado.
Passou-me duas dicas importantes. A primeira, que Nagashi tinha sido a última esperança de uma política humanitária para recuperação dos pequenos criminosos. A segunda, que vinha rolo por aí: todo o sistema (incluindo autoridades, advogados, procuradores) conhecia de sobra a má reputação de Lauro Malheiros Neto, indicado para Subsecretário da Segurança.
Falou-me alguns meses antes de estourar o primeiro escândalo envolvendo Lauro.
À luz dos fatos expostos por esse Conde Guerra e dos antecedentes que cercaram a saída de Nagashi, pergunto: qual o preço pago pelo governo do Estado para essa trégua com o PCC?
Por Gilberto Marotta
EM DEBATE: Corrupção na Polícia Civil
(6′28″ / 1,48 Mb) - Um vídeo divulgado na página da internet do jornal O Estado de S. Paulo denunciou práticas de corrupção dentro da Polícia Civil paulista. As imagens, feitas com uma câmera escondida, mostravam a venda de cargos dentro da instituição, além da venda de sentenças para reintegrar policiais expulsos. Um cargo no Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) valia R$ 200 mil ou R$ 300 mil. Uma absolvição em processo administrativo saía por R$ 100 mil.
O ex-secretário adjunto de Estado da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto, e seu ex-sócio e advogado, Celso Augusto Valente, seriam os mandantes deste tipo de esquema.
O fato foi postado no blog do delegado Roberto Conde Guerra, que costuma fazer críticas às práticas ilícitas que ocorrem dentro da Polícia. Há mais de 20 anos no cargo, o delegado já atuou em cinco regiões do estado de São Paulo. Em entrevista à Radioagência NP, Conde Guerra afirmou que o caso Malheiros não é um acontecimento isolado. Segundo ele, as práticas de corrupção estão alastradas na Polícia Civil.
Radioagência NP – Roberto, por que o senhor resolveu fazer um blog?
Roberto Conde Guerra – Resolvi fazer depois que a Associação dos Delegados suprimiu um espaço dos associados [na internet] denominado fórum, onde debatíamos os problemas da nossa classe e da Polícia Civil. Mas, antes disso, uma matéria que eu escrevi no site da Associação foi utilizada para me punir e me remover de Santos para cá [município de Hortolândia]. Na matéria, eu questionava o apadrinhamento em Santos e também o recebimento de vantagens ilícitas, a corrupção. Então, a partir de maio de 2007, passei a escrever no blog os problemas da Polícia e também algumas denúncias de irregularidades.
RNP – O seu blog foi excluído. Por que ele foi tirado da internet?
RCG – Foram dois blogs que eles excluíram. O primeiro foi durante a greve da Polícia Civil, no dia 30 de outubro. Agora em nove de janeiro, o segundo blog foi excluído. Mais uma vez, pelo mesmo juiz, foi expedida uma ordem e o Google o retirou do ar. Em janeiro, o Google me encaminhou o ofício do juiz e lá diz “vítima: José Serra e outros”. Na verdade, o motivo mesmo eu não conheço. Poderia ser ofensa ao governador do estado.
RNP – O senhor desconfia de algum motivo?
RCG – O menos criticado ali é o governador José Serra. O nome do governador para mim foi um pretexto, porque o meu blog, naquele momento, centralizava todas as informações sobre a greve, então ele era uma referência para toda a Polícia Civil. Tanto que tinham dias com mais de oito mil visitantes. As pessoas encaminhavam notícias de todas as cidades em tempo real, por meio dos comentários. Então, a finalidade foi justamente essa, impedir a troca de informação.
RNP – O que o senhor fez para recuperar as informações e continuar com o blog?
RCG – O Wordpress tem uma ferramenta que importa todo o conteúdo do blog. Assim, tudo o que eu fazia no blog da Google eu importava depois para o Wordpress como se fosse um backup. Então, quando extinguiram os dois, eu deixei o Wordpress aberto [público].
RNP – Na última semana, foi divulgado um vídeo que mostrava um esquema de corrupção para reintegrar policiais expulsos da instituição e negociar cargos da Polícia Civil. O que o senhor achou da denúncia?
RCG – Essa denúncia eu fiz há dois anos. Claro que não citei o nome do Malheiros, mas isso é uma coisa já muito antiga. A venda de cargos existe mais ou menos desde 2001, desde o governo Geraldo Alckmin. A corrupção na Polícia sempre existiu, mas era uma opção pessoal, individual. Hoje, praticamente é uma obrigação funcional, porque alguns compram os seus cargos e começam a impor a todos os demais o silêncio ou a cegueira em relação a determinadas práticas.
RNP – Para finalizar, tem algum mecanismo na Polícia para evitar a corrupção?
RCG – Nenhum. Não há nenhum mecanismo. Nem o instrumento formal não existe. Não adianta você representar, requerer. Você vai ser perseguido de todas as formas e não vão dar nenhuma atenção. O único instrumento é a imprensa e quando ela se cala para não prejudicar interesses do governo em questão, aí a corrupção se alastra mesmo. E o dinheiro arrecadado não pára só na Polícia não. Veja bem, a Polícia está sendo usada como uma fonte de arrecadação. Não pense que pára aqui. O pessoal pega aqui, fica com a sua parte e encaminha para os seus padrinhos e aonde vai parar eu não posso dizer.
De São Paulo, da Radioagência NP, Desirèe Luíse.
Por Nilson Fernandes
Nassif, ouvi a entrevista no blog do Paulo Henrique.
Esta polícia chegou ao ponto de pegar dinheiro do líder do PCC, Sr. Willian César Camacho que está preso na PII de Presidente Bernardes-SP. Corrupção na polícia judiciária do estado são paulo não é novidade. A novidade sería a imprensa investigar a corrupção na secretaria da administração penitenciária.
Quando o Dr. Nagashi Furokauha era secretário havia uma briga constante com o antigo secretário da segurança pública, o Sr.Saulo de Abreu Filho. Aqui no estado de são paulo nós temos mais de cem penitenciárias com uma população carcerária de mais ou menos 120 mil homens, por baixo 80.000 pertencem a esta facção criminosa. O Dr. Nagashi estava tentando isolar os líderes no intuito de desarticular a organização criminosa dentro e fora dos presídios, mas ficou abandonado pela gestão tucana.
O atual secretário chama-se Antonio Ferreira Pinto, e não sou leviano para afirmar que ele é corrupto, mas que existe corrupção dentro desta secretaria não há dúvida. Na polícia civil para chegar a ser policial é preciso concurso público, na secretária da administração penitenbciária há só concurso para ingressar na carreira de agente penitenciário, mas para ser diretor não.
Para ser diretor de alguma penitenciária tem que ter padrinho, e o absurdo em vários cargos não exige o mínimo para ser dirigente. O Dr. Nagashi constantemente concedia entrevista à imprensa, hoje nem isso. Desafio qualquer pessoa que já ouviu ou leu entrevista com esse cidadão. Dizem que para ser diretor é preciso ser filiado ao PCC, e não duvido, na polícia civil também tem homens do PCC.
A pergunta, que me debato e ninguém responde, inclusive o Governador: é porque parou as rebeliões em presídios e os ataques desta facção. O PSDB criou esta monstro que por enquanto está quieto, mas quando ele emergir eu quero estar bem longe do estado. A própria imprensa golpista não quer ver, infelizmente quando se tocarem será tarde.
Vocês tem alguma dúvida que o roubo de armas em Caçapava e Ribeirão Pires foi perpetrado por essa facção. O Estado Brasileiro não se deu conta dos riscos que a populção paulista e brasileira está correndo. Mas, para o Serra está tudo sobre controle. Controle do PCC e da imprensa golpista ? E quando acontecer algo gravíssimo, não haverá tempo para editoriais do tipo “ditabranda”.
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