segunda-feira, 9 de março de 2009
Em menos de 7 horas, bandidos aterrorizam 3 prédios de SP
Quadrilha assaltou condomínio no Paraíso; na fuga, fez outros reféns em edifício vizinho, até ser rendida pela polícia
Entre as 23 horas de sábado e as 6 horas de ontem, bandidos entraram em três prédios - um no centro (veja página C3)e dois no Paraíso, na zona sul - e aterrorizaram os moradores. A ação mais ousada ocorreu no número 696 da Rua Oscar Porto. Os criminosos invadiram o prédio no fim da noite de sábado, pulando o muro do terreno ao lado, onde há uma obra. Ao vê-los, o porteiro acionou o botão de pânico - o dispositivo é ligado a uma empresa de segurança, que acionou a polícia - antes de ser rendido. Ele foi obrigado a abrir a porta da frente para outros integrantes e a garagem, por onde entrou o EcoSport que seria usado no arrastão.
Na garagem, um casal foi rendido. O morador levou dois bandidos ao apartamento enquanto outros dois ficaram com a mulher dele, grávida de oito meses. Nesse momento, sete pessoas que saíam de uma festa no segundo andar foram surpreendidos e feitas reféns. Mas os policiais chegaram e os bandidos tentaram fugir, pulando o muro dos fundos que dá para outro condomínio, no número 488 da Rua Afonso de Freitas, de onde tentaram sair pelo corredor de serviços.
Atraídos pela chegada das viaturas, moradores de um terceiro edifício, também na Rua Afonso de Freitas, passaram a orientar a polícia da sacada de seus apartamentos, de onde conseguiam avistar a movimentação dos bandidos. Guiados por gritos, os policiais entraram pela frente do prédio e surpreenderam o grupo. Acuados, eles arrombaram a porta do apartamento do zelador, no térreo. Ele, o filho de 14 anos, a mulher, sua irmã e o cunhado foram feitos reféns. A mulher tentou se proteger com o filho no banheiro, mas os criminosos derrubaram a porta e tomaram o menino. Passando mal, a mãe foi deixada no quarto do casal enquanto os demais eram usados como escudos humanos.
Segundo disse ao Estado o zelador, A.P., os bandidos pareciam jovens - entre 20 e 36 anos, conforme o boletim de ocorrência -, prometiam não machucá-los e diziam querer se entregar, mas temiam pela própria vida. "Somos muito novos para morrer", disse um deles, com a arma apontada para o zelador. Com revólveres e protegidos pelas vítimas, os assaltantes saíram para o corredor. Nesse momento, houve troca de tiros. "Não dava para saber quem começou, se a polícia ou os bandidos", disse A.P.. "Ficamos ali rendidos, no meio do tiroteio."
Ele conta que os assaltantes recuaram para o apartamento, onde iniciaram as negociações com os policiais. "Só queremos nos entregar", diziam. A.P. ouviu a promessa dos policiais de não fazer mal ao grupo. "Está cheio de gente dos outros prédios olhando para cá. Não vamos fazer nada contra vocês", teria dito um deles. Os bandidos soltaram, primeiro, o menino e a cunhada do zelador. Ao verem que a polícia não reagiu, libertaram os demais e se entregaram. Ninguém ficou ferido.
Oito bandidos foram capturados - um vestia a camisa do grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, com a frase Resistência Islâmica, em inglês. Foram apreendidas duas pistolas e quatro revólveres, joias, chaves de carros, celulares e cartões de crédito. "Acredito que a intenção era roubar vários prédios", diz o delegado Luís Roberto Arruda, do 36º DP. Ele não confirmou se todos os bandidos foram presos - segundo testemunhas, dois fugiram. Embora o prédio não fosse de alto padrão, o delegado diz que o acesso fácil pelo terreno vizinho pode ter motivado a ação.
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