terça-feira, 31 de março de 2009

Pombos-correios são pegos com peças de celular perto de presídio no interior de SP

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois pombos-correios carregando partes desmontadas de um celular e um carregador de bateria foram encontrados por agentes penitenciários em Sorocaba (99 km de São Paulo) na semana passada. A polícia acredita que as aves estavam sendo usadas para levar as peças para dentro de um presídio.
Segundo o boletim de ocorrência, o primeiro pássaro foi visto por um agente que trabalha na portaria da penitenciária Dr. Danilo Pinheiro, no bairro Jardim Paraná, na última quarta-feira.
O homem notou alguma coisa estranha no pássaro, que descansava em um fio de alta tensão, e fez uma armadilha para pegá-lo. Havia nele uma sacolinha com peças de um telefone celular.
Na quinta-feira, uma outra pomba apareceu. No segundo pássaro foi encontrado um carregador de baterias. O delegado Celso Soramiglio, do 1º DP, que está cuidando do caso, disse que os agentes recolheram os objetos e liberaram os animais, que não foram seguidos -os pombos-correios sempre voltam para o local de onde saíram.
A polícia tentará descobrir quem enviou a encomenda rastreando o telefone.
Em junho do ano passado, a polícia apreendeu dois pombos com uma mulher em Marília (a 435 km de São Paulo) e abriu investigação para saber se eles seriam usados para levar componentes de celular e drogas para o presídio da região. Ela alegou que as aves levariam só comida para os presos.

"Pombo discriminado"
Criador de pombos-correios desde 1989 -ele tem 100 deles num viveiro em sua casa, na Lapa-, o engenheiro mecânico Brasílio Marcandoro Neto, 58, afirmou que é muito difícil usar a ave para enviar objetos para dentro de um presídio.
Isso porque os pombos-correios não vão a um endereço determinado. Eles apenas "voltam para casa". Segundo Marcandoro, portanto, os pombos teriam de ser criados dentro da prisão, retirados de lá para, só depois, levarem objetos de volta.
"O pombo é muito discriminado em notícias assim. Para que isso ocorresse num presídio, ele teria de ser solto pelo preso várias vezes para treinar", afirmou o engenheiro mecânico, tentando dissociar a imagem da ave do mundo do crime.
Marcandoro integra a diretoria da Federação Paulista de Columbofilia, que promove campeonatos de pombo-correio em todo o Estado. A columbofilia, segundo o dicionário Houaiss, significa "a arte da criação e adestramento de pombos".

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