Foragida há um ano, Adriana Telini Pedro foi presa ontem no interior de SP, após denúncia anônima, com identidade falsa
Defesa diz que advogada não se considerava foragida da polícia e que falsa identidade não estava sendo usada por ela
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Considerada foragida há um ano e acusada de envolvimento com a facção criminosa PCC, a advogada Adriana Telini Pedro foi presa ontem em Sumaré (118 km de SP). A advogada foi presa após denúncia anônima feita à polícia -há dois mandados de prisão preventiva decretados contra ela.
A advogada já havia sido detida, no início do ano passado, sob a acusação de ter sido cúmplice num roubo de joias, em 21 de janeiro. Ela responde por tentativa de latrocínio e formação de quadrilha por esse crime, segundo a polícia.
Outro crime pelo qual Adriana é acusada, associação com o tráfico, começou a ser investigado em 2005 devido a supostas ligações com o PCC. Durante as investigações, a Polícia Civil interceptou conversas telefônicas em que ela conversava com um criminoso identificado como Perna, apontado como um dos líderes da facção criminosa em Franca.
Nas conversas, Adriana, segundo a polícia, orientava o criminoso a assaltar clientes dela que tinham acabado de sacar grandes quantias em dinheiro.
Prisão
A prisão da advogada ocorreu ontem pela manhã. Segundo a Polícia Militar, duas mulheres foram abordadas diante de uma casa no endereço fornecido pela denúncia anônima. Adriana teria se identificado como Zenilda Neves de Moraes.
"Houve contradição, porque a outra mulher, a empregada, não a conhecia por aquele nome", disse um policial. Além disso, quando a polícia checou a informação, descobriu que o documento de identidade em nome de Zenilda havia sido perdido em abril de 2008 e estava cancelado.
Após a polícia apresentar o mandado de prisão e fotos, Adriana assumiu sua identidade verdadeira.
A mulher foi presa em flagrante por uso de documento falsificado, segundo informou o delegado Pedro Sérgio Cortegoso, de Sumaré.
Segundo uma pessoa que teve acesso ao depoimento, Adriana declarou ter comprado um documento de identidade por R$ 250. A pena para uso de documentos falsos é de dois a seis anos de prisão.
Na casa da advogada em Sumaré, foram encontrados dois celulares -que serão investigados- e o documento de Luciano dos Santos Gonçalves, namorado de Adriana e que está preso em Piracicaba. A suspeita da polícia é que ela estava utilizando a falsa identidade para visitar o companheiro.
Adriana foi transferida de Sumaré para Franca.
Em 2006, ela teve o registro profissional suspenso por um ano meses pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), por causa das acusações de ligação com o tráfico. Atualmente, a advogada está com seu registro na OAB ativo, de acordo com o atual presidente da OAB de Franca, Ivan da Cunha Souza.
Outro lado
Segundo o advogado Rui Engracia Garcia, que defende Adriana, tecnicamente sua cliente não se considerava uma foragida da polícia.
"Ela ficou sabendo dos mandados ontem", disse.
Sobre a falsa identidade, Garcia afirmou que "acharam um documento com ela, mas ela não estava usando". O advogado disse ainda que não há provas definitivas contra Adriana.
Garcia relatou que pretende descaracterizar a acusação de tentativa de latrocínio. Dessa forma, Adriana responderia somente por roubo, ainda de acordo com ele.
O advogado afirmou que um habeas corpus em favor de Adriana tramita na Justiça há cerca de um ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário