quinta-feira, 28 de maio de 2009

Manifestantes jogam bombas em policiais

Moradores também queimam ônibus em ato contra morte de suspeito de tráfico em DP na zona leste de SP; polícia diz que foi suicídio

Suspeito foi achado morto na cela, enforcado com um cadarço; distrito foi apedrejado, e tumulto acabou após mais de 3 horas


DA AGÊNCIA FOLHA

Aproximadamente 200 manifestantes queimaram um ônibus e atiraram pedras e bombas incendiárias contra policiais na Vila Jacuí (zona leste de SP) na madrugada de ontem. Eles protestavam contra a morte de um suspeito de tráfico no 63º Distrito Policial. A polícia diz que foi suicídio.
De acordo com a polícia, manifestantes se concentraram às 23h50 de anteontem na avenida Maria Santana, ao lado da delegacia, e começaram a atirar pedras em cinco ônibus.
Segundo uma testemunha, um grupo de homens armados e levando três garrafas com gasolina ateou fogo em um dos coletivos. O fogo se alastrou para um ponto de ônibus e a fachada de uma residência. "Vi aquela labareda enorme. Achei que a minha casa fosse queimar inteira", afirmou a aposentada Aparecida de Paiva, 69.
Policiais civis se refugiaram na delegacia, que foi atingida por pedras e bombas de fabricação caseira. Os manifestantes também incendiaram caçambas de lixo e fizeram barricadas. O tumulto foi controlado por volta das 3h com a chegada da Tropa de Choque da PM. Uma pessoa se feriu e duas foram detidas e logo liberadas.
A polícia investiga duas denúncias de que o protesto foi organizado por dois membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em represália à morte do suspeito.
O motivo do protesto foi a morte do desempregado Sérgio dos Santos, 38, preso anteontem à tarde. Segundo o delegado Elton Richard Krull, foram apreendidos com ele cinco papelotes com cocaína. Outros 21 foram encontrados em sua casa, além de R$ 270.
Santos foi colocado sozinho em uma cela do DP. Por volta das 20h30, diz a polícia, ele foi achado morto, enforcado com um cadarço de tênis.
A irmã da vítima, Marli dos Santos, 32, afirmou acreditar que irmão tenha sido assassinado por policiais. "Estava na porta da casa quando o meu irmão foi preso e vi um deles tirar a droga do bolso e colocar na mesa", disse. Krull chamou as afirmações de "especulações".

Para Serra, morte na cadeia "foi estranha"
DA REPORTAGEM LOCAL


O governador José Serra (PSDB) classificou como "estranha" a morte do suposto traficante preso na madrugada de ontem na Vila Jacuí (zona leste).
"Para mim, foi uma morte estranha. Não vou adiantar conclusões porque eu não tenho nem vou dar palpite", afirmou o governador, que disse não saber se o protesto foi uma ação organizada por facções criminosas ou somente uma reação espontânea de moradores.

Para polícia, preso usou papelão para pegar cadarço e se matar
DA REPORTAGEM LOCAL


Policiais civis disseram acreditar que Sérgio dos Santos tenha cometido suicídio no interior de uma cela do 63º DP. Na versão dos policiais, ele teria usado um pedaço de papelão para alcançar um cadarço de tênis que estava do lado de fora da cela. Depois, enforcou-se.
De acordo com o delegado Elton Richard Krull, antes de ser trancado na cela, Santos teve o cinto e os cadarços dos tênis retirados. Um agasalho levado por seu advogado também teve um cordão retirado, de acordo com o policial.
Porém, segundo o delegado, Santos pode ter usado um pedaço de papelão usado na embalagem de quentinhas de refeições de presos para alcançar um cadarço jogado do lado de fora da cela. Depois teria amarrado uma ponta em uma grade e se enforcado. O papelão ficou na cela.
Segundo policiais, Santos não deu sinais de desespero ou de que pretendesse cometer suicídio enquanto ficou na delegacia. A Secretaria da Segurança Pública disse que a Corregedoria da Polícia Civil investigará se os policiais cometeram alguma falta.
O Ministério Público estadual informou que também está investigando tanto a morte do preso quanto o protesto. (LK)

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