terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pai de Eloá continua foragido e deve ir a júri à revelia até o fim do ano



Um ano após a Polícia Civil de Alagoas descobrir que o pai da jovem Eloá Pimentel, morta pelo ex-namorado no mais longo caso de cárcere privado do país, se tratava de um foragido da Justiça, o ex-cabo Everaldo Pereira dos Santos segue em destino ignorado, à espera de julgamentos por assassinatos em Alagoas, e passou a colecionar novas acusações de crimes.Segundo a Polícia Civil de Alagoas, Everaldo seria integrante da "gangue fardada" e teria participado de dezenas de crimes no Estado e também em Pernambuco. Na Justiça, ele responde a três homicídios em Alagoas, de onde fugiu há 15 anos após ser expulso da Polícia Militar por deserção. A expectativa é que os julgamentos aconteçam à revelia ainda este ano. Outras denúncias ainda são investigadas.

Desde o dia em que passou mal durante o sequestro da filha, vários novos crimes foram imputados ao ex-cabo da Polícia Militar, entre eles o da ex-esposa, Marta Lúcia Pereira, a quem teria matado e esquartejado em 1993.

Segundo o diretor-geral adjunto da Polícia Civil, José Edson, nesses 12 meses de "redescoberto", várias pessoas procuraram a polícia e denunciaram Everaldo por assassinatos ocorridos entre as décadas de 80 e início da de 90. "Ele era um criminoso e as pessoas tinham medo dele. Hoje, ele é acusado de diversos crimes, como assassinatos, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Alguns estão ainda em investigação. Outros já tiveram os inquéritos concluídos", informou o delegado, sem saber enumerar a quantidade de inquéritos abertos contra o foragido.
Buscas sem sucesso
Logo que o ex-cabo foi reconhecido, Edson foi até Santo André para manter contato com a polícia paulista e tentar prender o foragido. Na ocasião, o delegado chegou a afirmar que acreditava que a prisão do ex-cabo era "questão de tempo". Mas, um ano após a visita ao ABC Paulista, as buscas pouco avançaram."Não temos novidades sobre o seu paradeiro. Tanto nós como a polícia de São Paulo continuamos a busca. Somente quando ele for capturado é que vamos saber qual o motivo de tanta dificuldade em prendê-lo. Só ele pode responder", afirmou o delegado ao UOL Notícias nesta terça-feira (13).

Para Edson, a divulgação pela imprensa nacional de que Everaldo era foragido da Justiça também contribuiu para o insucesso da operação - que pretendia prendê-lo ainda no velório de Eloá. "Foi divulgada uma foto dele em cima de uma maca com uma legenda: 'pai de Eloá é foragido da Justiça'. Isso complicou muito", avaliou.

No início do ano, testemunhas afirmaram ter visto o pai de Eloá em uma fazenda pertencente ao deputado estadual Gilvan Barros, no interior de Tocantins. Entretanto, policiais daquele Estado realizaram uma operação na região, mas não encontraram o ex-cabo. O deputado negou qualquer ligação com Everaldo.

Segundo as investigações da Polícia Civil de Alagoas, o ex-cabo também esteve em Alagoas dois meses antes da morte da filha e pode estar envolvido em crimes recentes no Estado. Na última passagem por Alagoas, ele teria permanecido 20 dias. "Já temos certeza absoluta de que ele esteve aqui. Sabemos até onde ele ficou", garantiu o diretor-geral da Polícia Civil de Alagoas, Marcílio Barenco.

Julgamento este ano
Responsável pelo julgamento dos dois casos envolvendo o ex-cabo em Maceió, o juiz da 9ª Vara Criminal da Capital, Geraldo Amorim, afirmou ao UOL Notícias que Everaldo será julgado à revelia ainda este ano. "O caso entrará no mutirão que vamos fazer referente à Meta 2 [prazo até o fim do ano, dado pelo Conselho Nacional de Justiça, para o julgamento dos processos em que houve oferecimento de denúncia ou queixa até 2005]. Não sei se na primeira leva esses processos serão analisados. Mas já está tudo pronto, e a pauta será marcada pelo TJ [Tribunal de Justiça]".

Por não ter advogado constituído, o pai de Eloá será defendido pela Defensoria Pública do Estado. Além desses dois casos, Everaldo também deve ser julgado por um assassinato, ocorrido em Novo Lino, na divisa com Pernambuco, em 1990.

Entre os crimes de que Everaldo é réu está o assassinato do então delegado Ricardo Lessa (de quem tinha sido segurança) e de seu motorista, Antenor Carlota, ambos ocorridos em outubro de 1991. O delegado era irmão do ex-governador Ronaldo Lessa. O crime é um dos mais marcantes da história de mortes violentas de Alagoas.

Falsidade ideológica
Além dos crimes no Nordeste, Everaldo também responde por falsidade ideológica em São Paulo. Em Santo André, o pai de Eloá era conhecido como Aldo José da Silva. Além do nome dele, ele também falsificou o nome da filha. Segundo a certidão de nascimento da jovem, encontrada no cartório de Registro Civil de Maceió, o nome verdadeiro dela é Eloá Pereira Pimentel, e não Eloá Cristina Pimentel, como fora divulgado à época.

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