sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Abin amplia em 67% gastos sigilosos com cartões em 2010

Volume é de R$ 11,2 milhões, contra R$ 6,7 milhões em 2009; despesas de agentes são sigilosas, afirma GSI

Variação da fatura total dos cartões do governo em 2010 foi de 24%; salto foi provocado pelo Censo, justifica CGU

SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ampliou o volume de despesas com cartões corporativos do governo no ano eleitoral de 2010, atingindo gastos de R$ 11,2 milhões -aumento de 67% em relação ao ano anterior.
Em 2009, a agência desembolsou R$ 6,7 milhões. Em 2008, foram R$ 6,5 milhões, segundo o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União.
Procurada pela Folha, a agência transferiu a resposta para o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que não quis se manifestar.
O GSI afirmou que despesas com cartões feitas por agentes são sigilosas.
O volume de R$ 11,2 milhões é o terceiro maior gasto com cartões do governo. Esse valor ainda pode subir se houve despesa não lançada da última quinzena do ano.
Só ficam acima no ranking de gastos o Fundo para Operações da Polícia Federal (R$ 13,7 milhões) e o IBGE (R$ 19,1 milhões).
As despesas da Abin também representam 65% do que foi pago pela Presidência, a quem está vinculada.
A fatura total dos cartões no último ano do governo foi de R$ 80 milhões. Em 2009, chegou a R$ 64,5 milhões -variação de 24%.
Em 2007, ano-base da crise dos cartões, o gasto foi de R$ 90 milhões (valor corrigido).

CENSO
A justificativa apresentada pela CGU para o salto em 2010 foi a realização do Censo pelo IBGE.
O instituto gastou R$ 19,1 milhões. A maioria das despesas corresponde a saques em dinheiro e pagamentos no comércio, como postos de gasolina. Em 2009, o IBGE havia gasto R$ 6,2 milhões -variação de 208%.
O restante da Esplanada dos Ministérios, com poucas oscilações, manteve a média do ano anterior.
"O aumento deve-se, em sua quase totalidade, aos gastos realizados pelo IBGE. Tais despesas foram decorrentes da realização do Censo de 2010", afirmou a CGU, por meio de nota.
"Ou seja, excluindo-se o Censo, o valor restante representa cerca de 3,99% de aumento de um ano para o outro, o que nos parece plenamente razoável, considerando a inflação no período."

MEMÓRIA
A "farra dos cartões" foi alvo de CPI no Congresso em 2008. À época, a então ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) caiu após usar o cartão no "free shop".
A CPI, cujo relator é o hoje coordenador político do governo, ministro Luiz Sérgio, terminou sem indiciamentos e sem citar o dossiê feito na Casa Civil sobre gastos da gestão FHC.

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