Jornal da Tarde
ELVIS PEREIRA
FABIANO NUNES
GIO MENDES
Julho foi o mês com mais roubos e furtos de carros este ano na capital. Em pleno período de férias, criminosos levaram 7.190 carros, motos e caminhões, 2,6% a mais em relação a março, até então o pior mês de 2011. Se a comparação for com a média mensal (6.723 casos), o índice é 6,9% superior. Especialistas avaliam o quadro como preocupante e o atribuem à falta de investigação. A Polícia Civil, por sua vez, culpa o crescimento da frota, enquanto a Militar ainda tenta descobrir a causa.
A Vila Clementino, na zona sul, apresentou o pior cenário. No bairro, 213 pessoas perderam seus veículos, quase sete por dia. A região se enquadra no perfil dos locais cobiçados por ladrões: reúne faculdades, colégios, hospitais e shopping.
Histórias de vítimas ali são comuns. “Cheguei às 7 horas e deixei na rua. Por volta das 10 horas, o carro não estava mais lá”, conta a técnica de laboratório Talita Martins, de 25 anos, cujo Celta sumiu na Rua Loefgren. Como o carro era segurado, ela já está com outro. “Mas não venho mais trabalhar de carro. Não há onde estacionar e se deixar na rua serei roubada de novo”, disse, enquanto caminhava em direção ao metrô.
“É um grande desafio para a polícia”, afirma o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva, ex-secretário Nacional de Segurança Pública. “Metade dos carros roubados ou furtados é abandonada. Mas a outra metade evapora e precisa de um trabalho de investigação, pois eles são adulterados ou levados para desmanche.”
“É um número alto”, observa o consultor de segurança Carlos Alberto de Camargo, ex-comandante geral da PM paulista. “As delegacias dispõem de poucos recursos para fazer investigação. E é um crime organizado, que tem de olheiro a receptador.”
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro Lima, reconhece a necessidade de apertar o cerco contra ladrões, sobretudo nos desmanches, e disse que a situação deverá se reverter. “Houve um desvio (em julho), mas a tendência será de equilíbrio para, futuramente, decrescer.”
Roubo e furtos de veículos são crimes difíceis de se apurar, diz o delegado. “Porque no primeiro momento já some o objeto do crime.” Ele ressaltou, ainda, a necessidade de parte dos donos de veículos mudar de comportamento. “É uma questão até cultural: as pessoas insistem em comprar peça barata sem nota fiscal em local clandestino. O cidadão que faz isso é motivador do crime.”
Segundo o coronel Alvaro Batista Camilo, comandante-geral da PM, a corporação não identificou o motivo do recorde. “Essa é uma época em que os casos deveriam diminuir, pois é mês de férias escolares. Roubos e, principalmente, furtos de veículos acontecem nos entornos das faculdades. Em julho, as pessoas acabam indo para áreas de veraneio e esse tipo de crime deveria ser menor.”
A saída das pessoas pode ter sido compensada pela expansão da frota, segundo o delegado Marcos Carneiro. “Hoje, já há trânsito até no mês de férias.” Em comparação a janeiro, houve mais roubos e furtos em 65 das 93 delegacias paulistanas. Não é possível comparar o cenário com julho de 2010, pois os dados da época não foram divulgados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário