Após suspeitas de fraudes, governo terceiriza concursos para policiais
Empresas serão responsáveis por aplicar provas para quem quer ingressar na Polícia Civil
Após uma série de suspeitas de fraudes, o governo de São Paulo decidiu terceirizar a realização dos próximos concursos para contratar policias civi
Até agora, eram os próprios policiais os responsáveis pelos concursos de todas as carreiras civis – incluindo da Polícia Científica. Os concursos da Polícia Militar já são feitos por empresas contratadas. Para a carreira de oficial, por exemplo, as vagas são disputadas no vestibular da Fuvest.
As mudanças nos concursos da Polícia Civil ocorreram após uma série de reportagens publicadas pela Folha, entre 2009 e 2010, que revelou irregularidades em ao menos dois concursos.
Em um deles, para contratação de fotógrafo, a reportagem registrou em cartório o nome de candidatos que seriam aprovados, oito dias antes do resultado final.
Entre os beneficiados estavam o sobrinho do então diretor do IC (Instituto de Criminalística), José Domingos Moreira das Eiras, que acabou afastado do cargo após a publicação da reportagem.
Em outro caso revelado pela Folha, o perito Osvaldo Negrini Neto era acusado por seis integrantes da banca do concurso para peritos, de 2005, de vender gabaritos e incluir irregularmente reprovados na lista de aprovados.
Negrini era o número dois do instituto na época da publicação da reportagem. Eles negam as irregularidades.
De acordo com o atual diretor da Academia de Polícia, Paulo Bicudo, as mudanças atendem às novas legislações aprovadas em outubro e à orientação do delegado-geral, Marcos Carneiro Lima.
Ainda segundo ele, empresas renomadas serão contratadas para realização das provas escritas e os testes psicológicos. Aos policiais, caberá a realização de exames de aptidão física e a investigação social (para saber sobre a vida pregressa de candidatos), funções que não podem ser delegadas às empresas.
PROVA ORAL
De todas as carreiras, segundo Bicudo, apenas a de delegado continuará a ter prova oral. Isso porque, segundo ele, trata-se de uma carreira jurídica – como as de promotor e magistrado.
Para policiais ouvidos pela Folha, na prova oral ocorriam as principais irregularidades. Candidatos eram reprovados de acordo com a vontade dos policiais da banca. Não cabia recursos nessa fase da seleção.
Bicudo diz que o principal motivo da mudança é dar “agilidade e modernidade” aos concursos, que cada vez têm mais candidatos.
“Muitas pessoas sérias passaram pela academia e fizeram concursos absolutamente corretos. Problemas de vazamento ocorrem em todos os lugares, com utilização de empresas terceirizadas ou não. Estamos contratando empresas sérias justamente para que isso não ocorra.”
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