quinta-feira, 19 de março de 2009

Ferreira Pinto ajudou a minar antecessor junto ao governador

DA REPORTAGEM LOCAL

O novo secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, foi quem alimentou o governador José Serra (PSDB) com informações sobre o ex-secretário-adjunto, o advogado Lauro Malheiros Neto, acusado de cobrar até R$ 300 mil de delegados para que assumissem cargos de prestígio. Malheiros Neto nega a acusação.
As imagens em que um advogado diz que a corrupção chegara ao segundo homem na hierarquia da Segurança foram levadas a Serra por Ferreira Pinto, segundo tucanos ouvidos sob a condição de que seus nomes não fossem revelados.
Amigo de Ronaldo Marzagão desde 1967, Ferreira Pinto sempre poderá dizer que nada mais fez do que apontar uma suspeita de corrupção. Mas, ao levar o caso para o governador, ele ajudou a minar Marzagão, segundo avaliação de tucanos próximos de Serra.
Ele também ajudou a Promotoria a achar provas contra Malheiros Neto, como a Folha apurou. Foi ele que deu um endereço para uma operação de busca e apreensão.
Seu trabalho teve êxito porque Marzagão tinha um passivo de equívocos nada desprezível, segundo avaliação do círculo de Serra. Para esse grupo, ele caiu porque não conseguiu dar respostas em três frentes:
1. As acusações de corrupção envolvendo as polícias Civil e Militar;
2. A incapacidade de controlar a Polícia Civil e fazer com que ela trabalhasse em seu projeto. Por ser ex-PM, Marzagão era visto como um inimigo pela Polícia Civil e não conseguiu se livrar desse estigma;
3. Apesar de resultados positivos como a queda de homicídios e de sequestros, a polícia mostrou-se desastrosa em episódios de massa, como o do caso Eloá e do furto de armas num centro de treinamento.
O descontrole da polícia é apontado por tucanos como o ponto mais frágil da gestão de Marzagão e um dos complicadores para uma eventual campanha presidencial de Serra.
A pergunta que os aliados de Serra fazem é: como um governador que tem um secretário da Segurança que não controla a polícia pode ambicionar a Presidência da República?
(MARIO CESAR CARVALHO e JOSÉ ALBER TO BOMBIG)

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