quinta-feira, 2 de abril de 2009

Investigadores de polícia de SP vão à Justiça contra acúmulo de serviço

SÃO PAULO - Investigadores de polícia das cidades de Rio Claro, Limeira e São João da Boa Vista vão entrar com ação na Justiça para questionar o acúmulo de serviço. Cerca de 1.200 inquéritos do município de Hortolândia, na região de Campinas, foram transferidos para as equipes destas cidades. Segundo o Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp), responsável pela ação, os inquéritos estavam em três delegacias de Hortolândia, onde 27 funcionários foram afastados.

Em 2008, 1.900 inquéritos foram apurados e encaminhados ao Fórum de Rio Claro, uma das cidades que irão receber os inquéritos de Hortolândia. O número deve aumentar este ano, pois desde o mês passado os investigadores trabalham em 400 casos que aconteceram em Hortolândia.

Em São João da Boa Vista há cerca de 340 inquéritos em andamento. Com a distribuição, o número passou para 742.

Ao todo, cerca de 2.500 inquéritos que estavam sendo investigados em Hortolândia serão distribuídos entre seis delegacias seccionais do estado de São Paulo. A decisão foi tomada em reunião entre delegados e o diretor do Deinter 9, responsável pelo policiamento nessas cidades, no dia 17 de março.


Acúmulo de função

As novas investigações se acumularam com as que já vinham sendo feitas em cada uma das cidades. O presidente do Sipesp, João Batista Rebouças, afirma que o problema dos investigadores não se restringe ao acúmulo de serviço. Segundo ele, há ainda acúmulo de funções e o o departamento Jurídico da entidade recebe diariamente queixas de investigadores que são obrigados, por exemplo, a fazer sentinela em cadeias do interior ou escolta de presos, função da Polícia Militar.

No ano passado, um investigador do interior paulista conseguiu na Justiça o direito de não escoltar presos dos Centros de Detenção Provisória, os populares CDPs. O policial civil que ganhou a liminar chegou a escoltar presos todos os dias da semana, rodando até 500 quilômetros em um único dia.

O Sindicato afirma que o problema é a falta de profissionais e estima um déficit de cerca de 2 mil vagas no estado.

Rebouças diz que o acúmulo de inquéritos ocorre também nos municípios de Casa Branca, Botucatu, Mococa, Campinas e Sorocaba. Na capital, onde não há mais presos dentro de distritos policiais, a situação é considerada pelo sindicato 'um pouco melhor'.

- Há um déficit de vagas muito grande, causado principalmente pela aposentadoria de servidores e da não reposição imediata dessas vagas. Recentemente foi finalizado um concurso para a contratação de 1.400 investigadores, mas só 390 passaram. E eles ainda ficarão 4 meses em treinamento nas academias antes de seguirem para as delegacias - desabafa Rebouças.

O último concurso para investigador, realizado no ano passado, teve cerca de 133 mil inscritos. A única exigência para participar era ter o Ensino Médio completo. A partir do próximo concurso, será exigido nível superior.


Investigação emperra na capital

Uma pesquisa recém-divulgada pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) mostra que apenas cinco em cada 100 boletins de ocorrência (BOs) registrados na cidade de São Paulo são investigados pela polícia. Foram pesquisados 344.767 Boletins de Ocorrência em 16 delegacias da zona oeste da capital desde 2001 e só 5,48% foram convertidos em inquérito policial.

De acordo com o sindicato, um investigador em começo de carreira na capital paulista ganha algo em torno de R$ 1.800, já com benefícios. No interior do estado, o valor chega a ser R$ 650 mais baixo. No Distrito Federal, líder no ranking, os vencimentos chegam a R$ 12 mil.

- São Paulo é o estado da Federação, ao lado de Alagoas, onde o investigador recebe o menor salário. Isso precisa ser revisto, principalmente agora com essa exigência do nível superior - diz o presidente do Sipesp.

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