sábado, 23 de maio de 2009

Justiça Brasileira

Justiça do DF concede prisão domiciliar a Nenê Constantino

Fundador da Gol é acusado de ser o mandante de dois homicídios; promotor diz que ele subornou testemunhas

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça do Distrito Federal aceitou ontem o pedido de prisão domiciliar do empresário Nenê Constantino, fundador da Gol. Ele é procurado pela polícia desde anteontem sob a acusação de ser o mandante de dois homicídios e de uma tentativa de assassinato.
Em sua decisão, a desembargadora Sandra De Santis argumentou que o empresário tem 78 anos e já estava sob cuidados médicos. Nenê é pai de Constantino de Oliveira Júnior, presidente da Gol, e foi presidente do Conselho de Administração da companhia aérea.
Ontem, o Ministério Público do DF afirmou ter pedido a prisão preventiva da Nenê Constantino porque ele subornou testemunhas e, com isso, atrapalhou as investigações.
De acordo com o promotor Bernardo Resende, a defesa de Constantino apresentou novas testemunhas, que atribuíram a responsabilidade pelos assassinatos a um homem que já morreu: José Amorim dos Reis.
Uma das testemunhas é a viúva de Reis. Segundo Resende, ela ganhou uma casa e o filho dela recebeu oferta de emprego nas empresas de Constantino. Tudo isso foi oferecido por "terceiros" ligados ao empresário, afirmou o promotor.
Resende não deu detalhes, mas disse que houve grampo telefônico autorizado pela Justiça, o que contribuiu para o pedido de prisão preventiva.
O caso começou em 2001, quando dois homens foram assassinados. Ambos integravam um grupo de 30 famílias que ocupavam um terreno da viação Planeta, de propriedade da família Constantino. A primeira morte foi de Tarcisio Gomes da Silva, em fevereiro de 2001. Nove meses depois, o líder do grupo, Márcio Leonardo de Souza Brito, foi assassinado.
Testemunhas relataram ameaças de Constantino aos ocupantes entre 1999 e 2001, para que deixassem o terreno. O empresário também é acusado de mandar matar Reis, que morreu depois de cirrose.
O primeiro pedido de habeas corpus de Constantino foi negado pela Justiça. Logo depois, os advogados entraram com pedido de reconsideração e conseguiram que ele pudesse ficar em prisão domiciliar.
O genro de Nenê Constantino, Victor Foresti, que foi preso por suposto envolvimento no caso, teve o pedido de habeas corpus negado.

outro lado

Empresário vai se apresentar à Justiça, diz defesa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os advogados do empresário Nenê Constantino divulgaram ontem nota afirmando que o fundador da Gol se encontra em tratamento médico e se apresentará à Justiça espontaneamente "tão logo tenha condições de saúde para tal". Desde o início das investigações policiais, eles negam a participação do empresário nos crimes.
Os advogados não comentaram as declarações do Ministério Público do Distrito Federal sobre o suposto pagamento de suborno do empresário a testemunhas.
A assessoria de imprensa do empresário Vitor Foresti, que foi preso acusado de envolvimento no caso, informou que não se pronunciaria a respeito das afirmações do Ministério Público.
A assessoria não soube informar se os advogados de Foresti, que é genro e sócio e Constantino na viação Planeta, haviam entrado com pedido de reconsideração do habeas corpus.

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