sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mafioso italiano preso em SP vivia na região do Bixiga há 15 anos


Criminoso é acusado de fraudes internacionais e associação mafiosa.
Ele foi localizado em São Paulo há 15 dias.


O italiano Leonardo Badalamenti, de 49 anos, integrante da máfia siciliana "Cosa Nostra" preso na quinta-feira (21), vivia discretamente na região do Bixiga, na Bela Vista, centro de São Paulo, há 15 anos, mas só há 15 dias foi identificado e localizado, segundo a Polícia Federal. A representação brasileira da Interpol soube que ele estava no país depois que autoridades italianas obtiveram um mandado de prisão preventiva no Supremo Tribunal Federal, baseado em crimes pelos quais é acusado na Itália De acordo com a polícia italiana, ele chefiava uma quadrilha que tentou fraudar bancos internacionais como o Lehman Brothers e o Bank of America, diretamente de São Paulo. A organização criminosa tentou obter empréstimos milionários, oferecendo como garantia títulos falsos da dívida pública venezuelana.

Leonardo Badalamenti é suspeito de liderar esquema de títulos falsos para obter linhas de créditos de US$ 2,2 bilhões

Segundo a Polícia Federal, o italiano é filho do mafioso Gaetano Badalamenti, morto em 2004, e mora no Brasil há mais de 15 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal de SP anunciou ontem a prisão do italiano Leonardo Badalamenti, 49, acusado de chefiar quadrilha internacional ligada à Máfia siciliana, a Cosa Nostra. Ele é suspeito de liderar esquema de títulos falsos para obter linhas de créditos de US$ 2,2 bilhões.
A investigação que provocou a prisão do italiano e de pelo menos outras oito pessoas na Itália e na Venezuela foi toda conduzida pela Itália. Ao Brasil coube localizar e prender o suspeito, em cumprimento a uma determinação judicial.
Segundo a polícia brasileira, Leonardo é filho do mafioso Gaetano Badalamenti, morto em 2004, e mora no Brasil há mais de 15 anos. Ele ficará preso na sede paulista da PF até o resultado do seu processo de extradição, no STF (Supremo Tribunal Federal). De acordo com a delegada federal Patrícia Zucca, chefe do escritório da Interpol (polícia internacional) em São Paulo, Leonardo usava o nome falso de Carlos Masseti.
Trabalhava como assessor de importação de empresas, um trabalho legal, segundo a policial, e morava no bairro do Bexiga (Bela Vista), um dos redutos da comunidade italiana na capital. "Não desperta suspeita ser italiano, ter sotaque italiano, nome italiano, morando no Brasil. Inclusive o próprio nome de Masseti tem inúmeros homônimos", disse a delegada.
Leonardo, acusado pela polícia italiana de fraude, associação mafiosa e corrupção, também responderá a inquérito no Brasil pela utilização de documentos falsos. "Ele afirma ser Carlos Masseti, cidadão brasileiro. Ainda nega ser Leonardo Badalamenti", disse a delegada.
A prisão ocorreu numa operação liderada por promotores italianos. De acordo com a agência Boomberg, a quadrilha falsificou bônus do governo venezuelano e, com esses documentos, buscou empréstimos em alguns bancos. O dinheiro não chegou a ser liberado.
Essa falsificação de bônus, ainda segundo os promotores, contou com a participação de funcionários corruptos do banco central da Venezuela.
Para os promotores, o caso revela a movimentação da Cosa Nostra para entrar nos grandes negócios. "Foi uma operação colossal", disse Marcello Viola, um dos promotores do caso, à agência Boomberg.
Para a PF, Leonardo comandava esse esquema do Brasil, mas não realizava, em princípio, atos ilícitos em território nacional. Os policiais vão investigar se ele, de fato, não cometeu crimes no país, fora a identidade falsa. (ROGÉRIO PAGNAN)

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