sábado, 23 de maio de 2009

Troca de tiros mata 3 em Copacabana e assusta moradores

Confronto pela manhã entre policiais e suspeitos de tráfico teve tiroteio de mais de cinco minutos

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Um confronto entre policiais civis e suspeitos de tráfico na favela dos morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Copacabana (zona sul do Rio), ontem de manhã, assustou turistas e moradores e causou a morte de três supostos criminosos -outro ficou ferido e três foram presos. Houve pelo menos três momentos de intensa troca de tiros -um deles, às 10h, durou mais de cinco minutos.
Cerca de 200 policiais participaram da ação, que tinha o objetivo de prender os novos líderes do tráfico na favela após a prisão, em abril, de dois homens apontados como chefes do crime na região. A polícia tentou localizar seus substitutos, sem sucesso. A operação começou às 10h e contou com apoio de dois helicópteros e um caveirão -veículo blindado usado em operações especiais.
"Estava em casa, lavando roupas, e de repente comecei a ouvir o tiroteio. Levei um susto, mas foi tanto tiro que não deixava dúvida. Pensei em ir até a janela, mas preferi ficar escondida. Vai que alguma bala perdida me atinge", afirmou a dona-de-casa Maria de Fátima Pereira, 69, que mora na rua Sá Ferreira, da qual partem as vias de acesso ao morro.
"A gente poderia até estar acostumado, mas ainda assusta. Estava lendo e ouvi primeiro o helicóptero, depois os tiros", disse Clarice Alves, 39, que mora na rua Saint Roman.
Moradores da favela também reclamaram. "Acabei de sair de casa e deixei minhas duas filhas, de 14 e 6 anos, sozinhas. Quando cheguei aqui embaixo, começou o tiroteio. Já liguei para elas e mandei trancarem tudo, mas estou com medo de voltar para casa no meio dos policiais", disse a faxineira Maria de Lourdes Pereira, 43, que desistiu de trabalhar após o início do confronto.
Alunos da creche Tia Elza e do Ciep João Goulart, que atendem respectivamente 126 e 483 alunos moradores da favela, só eram autorizados a deixar a escola se os pais fossem buscá-los. A construção de casas populares -uma obra do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) que ocupa mais de 300 operários- também parou das 10h às 15h.
Segundo a polícia, as três vítimas receberam os policiais a tiros. Duas delas foram socorridas de helicóptero -amarradas a uma corda e içadas a partir da laje de um imóvel-, mas chegaram mortas ao heliponto de onde seriam transportadas ao hospital. Um suspeito foi baleado nas pernas e internado no Hospital Miguel Couto, mas não corre risco de morte.
Um dos presos, conhecido como Rato, é acusado de ter baleado um policial -que sobreviveu- em outra operação, em novembro. A polícia apreendeu dois fuzis, além de outras armas, maconha e cocaína.
Em março, outro tiroteio assustou Copacabana -quatro supostos bandidos foram mortos pela PM na esquina das ruas Santa Clara e Tonelero

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