sábado, 23 de maio de 2009

PF prende 14 suspeitos de aliciar chineses

Presos integrariam esquema de transporte ilegal para o país, onde os asiáticos trabalhavam em troca de comida e abrigo

Operação, coordenada em Rondônia, ocorreu também em Recife e SP; na capital paulista, foram presos dois supostos líderes do bando A Polícia Federal prendeu ontem 14 pessoas suspeitas de participação em um esquema de aliciamento e transporte ilegal de chineses para o Brasil. Os imigrantes ilegais, segundo a polícia, eram encaminhados para fábricas de roupas de São Paulo, para trabalhar em troca de comida e abrigo. Durante a Operação Da Shan (grande montanha), agentes cumpriram 24 mandados de busca e apreensão em Porto Velho, Guajará-Mirim (RO), Recife e São Paulo.
O nome faz alusão à origem da maioria dos chineses: a província de Fujian, onde, segundo a PF, estão as maiores fábricas de produtos pirateados do mundo -algumas instaladas no interior da montanha. A ação foi coordenada pela Superintendência da PF de Rondônia, Estado que é considerado a nova porta de entrada de imigrantes ilegais no país e onde foram detidas 12 pessoas.
Em São Paulo foram presos dois supostos líderes do grupo -Zhu Ming Wen, conhecido como Tony, e um brasileiro identificado como "Luis". Segundo a PF, Zhu é suspeito de contrabando, formação de quadrilha, falsidade ideológica e de controlar a chegada dos ilegais. Na operação, policiais encontraram R$ 204 mil em dinheiro, além de notificações para que dois chineses deixassem o país -o que, para a PF, comprova a ligação de Zhu com o transporte ilegal de estrangeiros. A PF não informou quem é o advogado de Zhu.
Os demais detidos são acusados de atuar como "coiotes" -pessoas que facilitam a entrada e o transporte dos imigrantes ilegais. Conforme as apurações, coiotes cobravam R$ 250 por chinês levado a São Paulo. Durante a ação, cerca de 40 chineses (segundo a PF; integrantes da comunidade falam em cem pessoas) localizados em dois prédios do centro de São Paulo foram levados em ônibus à superintendência da PF para averiguação. Grande parte dos imigrantes, a maioria vendedores da região da rua 25 de Março, estava em situação regular e foi liberada.

Investigações

As investigações, segundo o procurador da República em Rondônia Heitor Alves Soares, apontam que os chineses seguiam de avião até o Equador e passavam por Peru e Bolívia até chegar a Guajará-Mirim (RO) ou Brasiléia (AC), na fronteira.
Eles seguiam para São Paulo em ônibus ou táxis usados para tentar despistar a fiscalização, diz o inspetor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Rondônia Alvino Domingues. As vítimas são geralmente homens entre 25 e 35 anos.
Em depoimento à PF, ontem, um dos suspeitos de aliciamento declarou que os imigrantes tinham "noção de que trabalhariam arduamente e em condições sub-humanas no país". As penas para os detidos podem chegar a 11 anos de prisão.

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