O AUMENTO da violência no Estado de São Paulo pelo segundo trimestre seguido, divulgado pela Polícia Civil, desperta apreensões e deve ser visto como um sinal de alerta pelas autoridades. O número de homicídios subiu 11,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta é a mais expressiva desde 1998 -quando houve aumento de 19% em relação ao ano anterior. O total de roubos subiu, e também foi registrado incremento no número de estupros e latrocínios, apesar de ter ocorrido queda destes últimos em relação ao semestre imediatamente anterior.
A tendência de redução da criminalidade no Estado vinha desde o início dos anos 2000, após pico de violência registrado em 1999. A polícia pondera que, em 2000, ocorriam em média 15 assassinatos por dia na capital paulista e que agora são 3,5. É fato, mas isso não pode servir de argumento para tratar a inversão da tendência como fato corriqueiro.
É preciso observar com atenção as regiões que apresentam índices mais altos de criminalidade, identificar as prováveis causas e agir para que o aumento das ocorrências, por ora discreto, não venha a ganhar impulso.
Na década em que aconteceu a reversão da alta na violência, São Paulo teve forte expansão no número de unidades prisionais -passou de 62 para 147-, investiu na capacitação policial e aperfeiçoou métodos e índices de elucidação de crimes. Beneficiou-se também da demografia: cessaram as grandes ondas de migração, e a idade média da população tem crescido. Comunidades mais estáveis e enraizadas tendem a registrar menos conflitos.
Mesmo assim, ainda há muito a ser feito para atingir níveis de violência similares aos de países desenvolvidos. É hora de estratégias claras e definidas para não deixar que o trabalho de quase uma década se perca.
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