sábado, 29 de janeiro de 2011

PF aponta fraudes em mais 2 exames da OAB em 2009

Investigação descobriu que houve irregularidades no primeiro e terceiro exames da Ordem daquele ano

Ordem afirma que não pretende cancelar as avaliações e espera o fim das apurações para cassar os fraudadores


MÁRCIO FALCÃO
MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA

A Polícia Federal descobriu que dois outros exames da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de 2009 foram fraudados. Com isso, tem indícios de que todas as três edições daquele ano tiveram vazamento. Ao todo, 21 mil bacharéis em direito participaram da seleção.
Após o cruzamento de dados de documentos e computadores apreendidos na Operação Tormenta, deflagrada no ano passado, a polícia encontrou irregularidades na primeira e na terceira avaliações -nesta, a fraude ocorreu nas duas etapas.
Em 2010, quando prendeu 12 acusados de envolvimento no esquema, a PF apontou que a segunda prova teve problemas no gabarito e a Ordem chegou a cancelá-la.
Segundo a PF, as provas vazaram. A análise aponta que isso se concentrou em SP, mas também pode envolver pessoas do RJ e do DF.
A OAB não vai cancelar os exames e espera o fim das apurações para anular as carteiras que autorizam os aprovados a atuarem no mercado.
"Não compactuamos com irregularidade. Quem entra na Ordem pela porta dos fundos vai sair pela porta dos fundos", disse o presidente da OAB, Ophir Cavalcante.
"Seria impossível anular esses exames. Aqueles que a Polícia Federal identificar como aprovados por fraude terão as carteiras cassadas."
A pedido da PF, a Ordem solicitou que o organizador do exame, o Cespe, ligado à UnB, repasse todas as informações das três seleções.
A PF espera esses dados para identificar o total de beneficiados. O Cespe informou ontem que já os repassou, mas a polícia disse não ter identificado o envio.
Segundo as investigações, dois policiais rodoviários fotografaram os exames e venderam reproduções -os cadernos foram levados do Cespe para a Polícia Rodoviária Federal em São Paulo.
A PF suspeita ainda que os próprios inscritos também os revendiam. Gabaritos e respostas valiam até R$ 270 mil.
O esquema envolve um grupo especializado em fraudar concursos públicos. Provas para a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a própria PF e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) também estão sob suspeição.
Quem comprou o exame será indiciado por interceptação e estelionato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário