quinta-feira, 11 de junho de 2009

Escolta para Constantino

Informado de que o empresário não está cumprindo prisão domiciliar, tribunal do DF pede que comarca de São Paulo aja com mais rigor

De Raphael Veleda:

A Justiça do DF pediu oficialmente à comarca paulista que faça cumprir a prisão domiciliar do empresário Constantino de Oliveira, 78 anos, o Nenê Constantino. Acusado de ser o mandante de dois assassinatos relacionados a disputas por um terreno em Taguatinga, o empresário, que construiu um império na área do transporte coletivo e fundou a Gol Linhas Aéreas, teve a prisão preventiva decretada no último dia 21. Sua defesa conseguiu o relaxamento para prisão domiciliar no dia seguinte, sob a alegação de que o réu está doente.

Os advogados de Constantino informaram ao Judiciário que ele estaria cumprindo a determinação desde o dia 24 de maio, quando teria deixado um hospital em São Paulo. Policiais brasilienses descobriram, porém, que o dono da maior frota de ônibus urbanos do país deixa seu apartamento em Moema, bairro nobre de São Paulo, quando bem entende, já que não há ninguém vigiando. As autoridades paulistas ainda não responderam ao pedido do juiz Almir Andrade, do Tribunal do Júri de Taguatinga.

A expectativa do juiz é de que a polícia paulista faça escolta na porta do apartamento do empresário. Por isso, ele mandou enviar uma carta precatória (instrumento usado pela Justiça para alcançar pessoas que se encontram em outra comarca) à Polinter, uma divisão da Polícia Civil de São Paulo. O documento chegou via fax. Nele, Andrade pede que se faça cumprir a decisão de 22 de maio, expedida em resposta a um pedido dos advogados de Constantino para que ele respondesse ao processo em liberdade.

Constantino é acusado pelo MP e pela Polícia Civil de ter contratado o pistoleiro que disparou três tiros contra o líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, que tinha 27 anos em 12 de outubro de 2001. O assassinato ocorreu de madrugada, em um terreno próximo à antiga garagem da Viação Pioneira — uma das empresas do grupo de Constantino —, na QI 25 de Taguatinga. A vítima representava cerca de 100 pessoas que ocupavam uma área pertencente à empresa e sofriam uma ação de despejo. Pela manhã, advogados do empresário estiveram no local e retiraram os invasores, dando R$ 500 a cada chefe de família.

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