Brasil: uma guerra urbana
Redação Terra Magazine
O mito de país pacífico se confronta com as ruas, os medos, o cotidiano dos brasileiros. Uma constatação atravessa as diferentes bases de dados oficiais: o número de homicídios expõe uma guerra urbana invisível, quando muito exibida em sua face minúscula em sites, revistas, rádios, televisões e jornais. A cordialidade aparente do Brasil e das suas metrópoles não subsiste aos números da violência. Uma guerra por década. Uma só guerra por décadas.
Terra Magazine, a partir desta segunda, 15 de junho, contará as vidas esquecidas de dez brasileiros que não tiveram a chance de concluir desejos ínfimos. O extraordinário cotidiano de homens e mulheres comuns. Histórias finalizadas pela violência, quase sempre banal e mal revelada.
Estimativas sobre a base de dados do Ministério da Saúde - a partir dos atestados de óbitos - permitem afirmar que mais de um milhão de brasileiros foram assassinados desde 1979 no País. Em tempo: nos 11 anos da guerra encerrada em 1975, os EUA e seus aliados perderam 54 mil soldados - entre as estimadas 1 milhão a 1,5 milhão de vítimas no Vietnã.
Em três décadas de sua guerra nas ruas, o Brasil perdeu um milhão de homens e mulheres, quase sempre jovens. Para perder algo como 2 milhões de vidas em Angola, matou-se por quase quatro décadas, 38 anos, numa das mais ferozes guerras que o mundo já viu.
No Brasil, em 2007 e 2008, a média anual de homicídios girou em torno de 47 mil. De 1996 a 2006, ocorreram 505.945 mil assassinatos. Só em 2006, mais de 49 mil casos.
Outra radiografia, desta vez do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com uma metodologia diferente: dados da "Síntese de Indicadores do Sociais", de 2004, apontam 598.367 assassinatos entre 1980 e 2000. No mesmo período, o Brasil registrou mais de 2 milhões de mortes por causas externas e, a maioria delas, 82%, foram de homens.
Se nos anos 80 os acidentes de trânsito eram a principal causa externa dos óbitos masculinos, na década de 90, os homicídios assumiram a liderança. Mudou o perfil da mortalidade no país. Em vinte anos, o índice de mortalidade por homicídio cresceu 130%.
Em 2004, a partir da política de desarmamento nacional e da adoção de políticas públicas, os números começam a ser freados. As estatísticas dos homicídios caíram para 48.374, a primeira queda no ritmo de crescimento desde 1990.
Vale lembrar que, desde então, a proibição de porte de armas de fogo sem registro oficial passou a vigorar no Brasil. Em 2005, 59% dos brasileiros, em referendo, apoiaram o comércio de armas de fogo e munição no Brasil.
Outras medidas, como a restrição do horário de funcionamento de bares, a criação de equipamentos sociais e a capacitação das polícias estaduais - apesar dos excessos ainda registrados - também influenciaram na redução.
A tendência de queda nos homicídios continuou em 2005 e 2006 em todo o país - 47.578 e 46.660, respectivamente. A redução não foi suficiente para retirar o Brasil do grupo de países que estão acima da média mundial de assassinatos.
De acordo com o último relatório do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, divulgado em 2008, o Brasil tem mais do que o dobro da taxa média de homicídios no mundo.
O país chega a 25 homicídios por 100 mil habitantes - dados referentes a 2006 - contra a média de 8,8 no mundo - dados de 2000, o último cálculo oficial da Organização Muncial de Saúde. A comparação não leva em conta as mortes em guerras.
Em 2006, a cidade de São Paulo ainda mantinha em números absolutos a liderança por mortes violentas, seguida pelo Rio de Janeiro. Recife, porém, era a capital com o maior índice de violência proporcional - 90,5 homicídios por 100 mil habitantes.
Agora, logo no início de 2009, São Paulo comemora: pelo nono ano consecutivo, o número de assassinatos caiu. Em 2008, 66% assassinatos a menos em São Paulo.
Em 2007, o bairro de Alto de Pinheiros, classes A e B de São Paulo, registrou 301 assassinatos. Mesmo ano, mesma cidade, outra realidade: 1.408 pessoas foram mortas em Brasilândia, na periferia paulistana. Com 3 mil assassinatos em 2008, Recife segue sem políticas públicas eficientes; foi chamada de "capital brasileira dos assassinatos" pelo jornal britânico The Independent.
Com as pequenas biografias de desejos e viagens comuns, Terra Magazine mostrará as faces ignoradas da violência. Por questão de logística, vai se ater a casos ocorridos na Grande São Paulo, mas que simbolizam parcelas mais amplas do Brasil. De Recife a Porto Alegre, as estatísticas embutem um País ainda não compreendido.
O guarda civil metropolitano Davi Damião dos Santos, 40, morto por um colega no dia 2 de maio
Terra Magazine publica ao longo desta semana a série "Brasil: guerra urbana" para mostrar as faces ignoradas da violência. Em 30 anos, foram mais de 1 milhão de homicídios registrados. As reportagens contarão as vidas esquecidas de dez brasileiros que não tiveram a chance de concluir desejos ínfimos. O extraordinário cotidiano de homens e mulheres comuns. Nesta segunda-feira, 29, publicamos a oitava história. A de Davi Damião.
1988. Davi, 19, imigrante nordestino na loteria urbana de São Paulo. Partiu de Sertânia, no agreste pernambucano.
2009. Davi, 40, guarda civil na capital paulista. Morto por um colega de trabalho numa base do bairro de Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo.
Na infinidade de laços de parentesco, era filho de Josefa e Argemiro, irmão da Elisabete, da Arlete, do João, da Adriana e da Eliane. Marido da Irene, pai da Bruna e da Letícia. Padrasto do William. Gordinho chorão, meio dengoso, Davi Damião dos Santos era o mais chegado ao pai, veterinário em Sertânia.
Gramou uma infância modesta em Pernambuco, mas não pertence à leva de retirantes atingidos pela seca. Uma criança tranquila "até demais", nas palavras da irmã Arlete. Os pais nunca precisaram recorrer a métodos mais duros para educá-lo.
Gostava de jogar bola na rua e não perdia um episódio da antiga versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo. O ato de assistir TV requeria, porém, um preparo especial na casa dos Santos. Como ainda eram pequenos, Davi e a irmã não conseguiam alcançar o botão que ligava o aparelho, instalado no alto da parede; para isso, tinham de contar com os préstimos do irmão mais velho, assim que este voltava do trabalho.
Na escola, embora não tenha se destacado, esteve longe de passar por último da classe. Fora da sala de aula, o maior susto ficou sendo um supercílio rasgado durante uma brincadeira de "lutinha" nas dependências do colégio. Cumpriu a obrigação de se formar sem repetir de ano.
Mal superou a fase imberbe, e veio o primeiro casamento. Não lhe apetecia a idéia de que a sua donzela fosse mal-vista na cidade. O matrimônio não durou mais que um ano. Hora de migrar.
Sem dar pelota para a inflação, rumou para São Paulo. Ajeitou-se como servente de pedreiro. A metrópole o recepcionou com passagens incômodas por alojamentos de madeirite. Damião trouxe seus quase 1,90m para uma obra no bairro da Vila Prudente. Em seguida, alugou um quarto e cozinha em Itaquera. Sem mobílias, sofá, coisas básicas.
Morava com duas irmãs; Davi e Arlete dormiam grudados em Bete, a mais velha, para esquecer o frio das noites de julho. Mandava dinheiro para ajudar a mãe, abalada pela morte recente de Argemiro, o pai. Pouco depois, dona Josefa mudou-se com as filhas mais novas para o interior de São Paulo, onde tratou um câncer.
Vendo de longe o drama da mãe, restou a Davi manter a serenidade no trabalho. Conseguiu um emprego na Philips, em Guarulhos, onde conheceu a tia da futura esposa, Irene. Casaram-se em 1992. Do enlace, duas meninas.
Em meados da década de 1990, prestou concurso público para a Guarda Civil Metropolitana (GCM). A essa altura, já morava com a família em uma casa construída em Cidade Tiradentes. Passou, "com a graça do Senhor"; evangélico, frequentava a igreja Brasil para Cristo - influência da mulher, e até se batizou.
Às vezes sentia-se desconfortável com a profissão. De início, viu uma idosa, dona de um barraco, passar mal durante a reintegração de posse levada adiante pela GCM. Ao chegar em casa, confessou à mãe, aos prantos:
- Essa profissão não é para mim.
"Tinha o coração de manteiga", conta Arlete. Não tardou, no entanto, para que Davi passasse a gostar do ofício. Certa feita, sofreu uma reprimenda por não ter punido um subordinado. Para complementar a renda, foi segurança de bingos nos Jardins, lojas no Itaim Bibi, supermercados na periferia...
Os ponteiros correram; com o movimento deles, as conquistas. O apartamento próprio, na Cohab II, veio em 2006. De volta a Itaquera, iniciou a reforma do antigo sobrado em Cidade Tiradentes; o imóvel ficou para o enteado, então recém-iniciado nas artes da paternidade.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Elementos constitutivos das polícias
Estamos vivenciando uma era de mudanças rápidas, conseqüência de uma profunda análise epistêmica dos arcaicos paradigmas. A todo o momento os conceitos paradigmáticos de polícia repressiva vão se esvaindo da sociedade contemporânea. Autores como Bayley, Soares, Balestreri, e outros, entendem que usar a polícia como instrumento meramente repressivo não é um instrumento eficaz para se combater o crime. De certo modo, até pouco tempo, ás polícias não foram estudadas e submetidas a uma análise crítica por parte da comunidade científica. É difícil encontrar na literatura informações a respeito das polícias. Segundo Bayley (2001, p.16) “A polícia só é percebida durante eventos dramáticos de repressão política...”, esta é uma das razões pela qual a polícia não foi estudada e colocada à prova pela comunidade científica durante muito tempo.
Corroborando com a afirmativa de Bayley, Soares (2006, p.111) diz que: “as polícias e as prisões ficaram à margem do processo.” E que em decorrência deste desleixo a sociedade esta pagando um alto preço pela negligência coletiva. Na visão de Bayley (2003) “a falta de participação da polícia em grandes eventos históricos, o não envolvimento em marchas heróicas, as missões rotineiras e a lida com os problemas humanos de forma particular são características que afastaram a comunidade científica da polícia”, desta forma as polícias, não foram criticadas e avaliadas de forma sistêmica. A construção de um mundo melhor, sem o uso exacerbado da violência, passa a ser um dos objetivos a serem atingidos pela sociedade moderna. O bem estar social passou a ser perseguido por todas as comunidades e aqueles que ainda persistem em admitir o uso da violência como ferramenta para resolver seus problemas sociais e subjugar o seu semelhante perde espaço na sociedade atual.
A utilização da força física vem sendo inserida no ordenamento jurídico de forma estratégica e a violência vai sendo retirada das mãos da sociedade privada. Não é mais aceitável a utilização da violência por parte da sociedade, sendo admitido o uso da força somente em algumas situações, como por exemplo, agir em legítima defesa. Não sendo mais possível a utilização da força física por parte de algumas pessoas ou grupos formados em uma sociedade, foi necessária se criar uma força que desempenhasse sua missão de forma a atender os interesses da coletividade. Segundo ROLLIM (2006, p.25) “Era preciso, então, uma estrutura permanente e profissional que estivesse sempre nas ruas.”, desta forma foi necessário permitir, de forma residual, o uso legitimo da força por parte de profissionais treinados e autorizados. Emergindo desta autorização as Polícias da sociedade moderna.
As polícias são instituições que a todo o momento são acionadas para atuar em diversas ocorrências, seja para dirimir problemas sociais com alta complexidade, seja para prevenir ou restaurar a ordem pública ou simplesmente para orientar as pessoas. Para se ter uma idéia da instituição policial é fundamental definir os elementos constitutivos da polícia. Para Bayley (2001, p.20) “a exclusividade do uso da força de forma legítima, a atuação interna e a autorização coletiva (legitimidade), são os três elementos constitutivos da Polícia.”
a) Exclusividade do uso da força
Essa exclusividade, é uma característica essencial da polícia moderna, embora exista outros segmentos que usam da força para restaurar a ordem ou influenciar no comportamento das pessoas ou de grupos sociais.
Todavia, o uso legitimo da força é uma exclusividade das Polícias. Segundo Bayley (2001), é necessário ao policial ter autorização para utilizar a força. Sem essa autorização o policial não seria reconhecido.
“O policial é, apenas o policial, está equipado, autorizado e requisitado para lidar com qualquer exigência para a qual a força deva ser usada para contê-la” contudo, se este policial não tiver a autorização para utilizar a força física, tornar-se-á irreconhecível. Existem outras comunidades que exercem a força, como forma de coerção, mas o policial é o único executivo da força. (Bayley, 2001, p.20).
A instituição policial deve e pode fazer uso da força, no desempenho de sua missão, de forma tal que esse uso não vá além do necessário não se constituindo força excessiva ou uma ação violenta por si só. É considerado uso legítimo da força, a utilização desta, pelas Polícias modernas, até o momento em que a extensão das medidas utilizadas para conter a resistência não ultrapasse o limite mínimo do seu uso. O uso legítimo da força somente é admitido quando se faz necessário a autodefesa, com o objetivo de coerção ou na constituição de força policial para atuar em nome de terceiros. Não é simplesmente o uso da força que caracteriza a distinção da polícia das instituições privadas e sim, a autorização que ela tem para fazer uso dessa força.
b) Atuação interna
A formação dos policiais é voltada para a atuação dentro de um espaço delimitado. As atividades rotineiras são voltadas para um grupo de pessoas pertencentes a uma sociedade previamente definida. Os policiais são treinados e formados para agirem dentro da legalidade, dentro de um espaço territorial delimitado e agir de acordo com a demanda dos cidadãos. Segundo Bayley, (2001, p.20) “A estipulação de uso interno da força é essencial para excluir exércitos.” Na visão de Bayley esta característica é fundamental para que possamos desvincular a função policial da atuação dos Exércitos.
c) Autorização coletiva (legitimidade)
Quando a força é utilizada pela sociedade privada, o termo, Polícia, é totalmente excluído. Todas as pessoas podem prender , mas a polícia deve e detêm a legitimidade de usar a força para executar as suas tarefas e cumprir a sua missão. As polícias não se distinguem somente por ter exclusividade em utilizar a força, mas pelo fato de ser legítimo o seu uso. Os elementos constitutivos das Polícias modernas não são suficientes para caracterizar as instituições policiais, sendo conveniente comentar os atributos de uma polícia moderna.
Os atributos das polícias modernas se constituem de três fatores principais: o caráter público da polícia, a necessidade de especialização e a importância incondicional de sua profissionalização. Esses atributos são indispensáveis para distinguir a polícia das demais comunidades que exercem controle social.
1) O caráter público das instituições policiais: é definido por Bayley (2001, p.36) “como sendo paga por e controlada pelas comunidades (governo), agindo coletivamente.” Desta forma não podemos confundir polícia pública com a polícia privada, pois esta não é paga ou direcionada para a coletividade. A credencial é condicionada à formação, orientação, pagamento e controle por parte das comunidades, sendo que a polícia pública tem como prioridade o cumprimento da Lei fazendo uso da força legitima.
2) Especialização
“O policiamento se torna especializado quando as agências são direcionadas a se concentrar principalmente na aplicação de força física”, Bayley (2001, p.25). Esta característica é fundamental para que possamos mensurar os impactos da utilização da força física dentro de um sistema governamental. Com a nova realidade social e o crescimento dos crimes violentos, tráfico, crime organizado, etc., a especialização das polícias vem crescendo. Segundo Bayley “...uma força policial especializada concentra suas forças na solução e redução da violência, enquanto que outras forças policiais não especializadas podem fazer muitas coisas além de usar somente a força.”
3) Profissionalização
A profissionalização reflete diretamente na qualidade do serviço prestado pelo policial. Segundo Bayley (2001, p.25) “profissionalização refere-se a uma preparação explícita para realizar funções exclusivas da atividade policial”. O policial truculento e desprovido de alteridade não é mais regra nas instituições policiais e sim exceção. O profissional deve ser recrutado por mérito, treinado, disciplinado e ter evolução em sua carreira. Para Bayley (2001) o uso de tecnologias modernas, autonomia, discrição e neutralidade na aplicação da lei devem ser exploradas para alcançar um fim desejável.
Referência
SOARES, Luiz Eduardo, 1954-Segurança tem saída / Luiz Eduardo Soares. – Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
BAYLEY, David H. Padrões de Policiamento.São Paulo: Editora da Universidade São Paulo, 2002. – (Polícia e Sociedade; n. 1)
BAYLEY, David H. Nova Polícia. São Paulo: Editora da Universidade São Paulo, 2002. – (Polícia e Sociedade; n. 2)
BALESTRERI, Ricardo Brisolla – Direitos Humanos: Coisa de Polícia, Editora Berthier, Passo Fundo, RS, 2003.
DIRETRIZ para a produção de serviços de segurança pública Nº 04/2004-CG – A Filosofia de Polícia Comunitária na Polícia Militar de Minas Gerais
Corroborando com a afirmativa de Bayley, Soares (2006, p.111) diz que: “as polícias e as prisões ficaram à margem do processo.” E que em decorrência deste desleixo a sociedade esta pagando um alto preço pela negligência coletiva. Na visão de Bayley (2003) “a falta de participação da polícia em grandes eventos históricos, o não envolvimento em marchas heróicas, as missões rotineiras e a lida com os problemas humanos de forma particular são características que afastaram a comunidade científica da polícia”, desta forma as polícias, não foram criticadas e avaliadas de forma sistêmica. A construção de um mundo melhor, sem o uso exacerbado da violência, passa a ser um dos objetivos a serem atingidos pela sociedade moderna. O bem estar social passou a ser perseguido por todas as comunidades e aqueles que ainda persistem em admitir o uso da violência como ferramenta para resolver seus problemas sociais e subjugar o seu semelhante perde espaço na sociedade atual.
A utilização da força física vem sendo inserida no ordenamento jurídico de forma estratégica e a violência vai sendo retirada das mãos da sociedade privada. Não é mais aceitável a utilização da violência por parte da sociedade, sendo admitido o uso da força somente em algumas situações, como por exemplo, agir em legítima defesa. Não sendo mais possível a utilização da força física por parte de algumas pessoas ou grupos formados em uma sociedade, foi necessária se criar uma força que desempenhasse sua missão de forma a atender os interesses da coletividade. Segundo ROLLIM (2006, p.25) “Era preciso, então, uma estrutura permanente e profissional que estivesse sempre nas ruas.”, desta forma foi necessário permitir, de forma residual, o uso legitimo da força por parte de profissionais treinados e autorizados. Emergindo desta autorização as Polícias da sociedade moderna.
As polícias são instituições que a todo o momento são acionadas para atuar em diversas ocorrências, seja para dirimir problemas sociais com alta complexidade, seja para prevenir ou restaurar a ordem pública ou simplesmente para orientar as pessoas. Para se ter uma idéia da instituição policial é fundamental definir os elementos constitutivos da polícia. Para Bayley (2001, p.20) “a exclusividade do uso da força de forma legítima, a atuação interna e a autorização coletiva (legitimidade), são os três elementos constitutivos da Polícia.”
a) Exclusividade do uso da força
Essa exclusividade, é uma característica essencial da polícia moderna, embora exista outros segmentos que usam da força para restaurar a ordem ou influenciar no comportamento das pessoas ou de grupos sociais.
Todavia, o uso legitimo da força é uma exclusividade das Polícias. Segundo Bayley (2001), é necessário ao policial ter autorização para utilizar a força. Sem essa autorização o policial não seria reconhecido.
“O policial é, apenas o policial, está equipado, autorizado e requisitado para lidar com qualquer exigência para a qual a força deva ser usada para contê-la” contudo, se este policial não tiver a autorização para utilizar a força física, tornar-se-á irreconhecível. Existem outras comunidades que exercem a força, como forma de coerção, mas o policial é o único executivo da força. (Bayley, 2001, p.20).
A instituição policial deve e pode fazer uso da força, no desempenho de sua missão, de forma tal que esse uso não vá além do necessário não se constituindo força excessiva ou uma ação violenta por si só. É considerado uso legítimo da força, a utilização desta, pelas Polícias modernas, até o momento em que a extensão das medidas utilizadas para conter a resistência não ultrapasse o limite mínimo do seu uso. O uso legítimo da força somente é admitido quando se faz necessário a autodefesa, com o objetivo de coerção ou na constituição de força policial para atuar em nome de terceiros. Não é simplesmente o uso da força que caracteriza a distinção da polícia das instituições privadas e sim, a autorização que ela tem para fazer uso dessa força.
b) Atuação interna
A formação dos policiais é voltada para a atuação dentro de um espaço delimitado. As atividades rotineiras são voltadas para um grupo de pessoas pertencentes a uma sociedade previamente definida. Os policiais são treinados e formados para agirem dentro da legalidade, dentro de um espaço territorial delimitado e agir de acordo com a demanda dos cidadãos. Segundo Bayley, (2001, p.20) “A estipulação de uso interno da força é essencial para excluir exércitos.” Na visão de Bayley esta característica é fundamental para que possamos desvincular a função policial da atuação dos Exércitos.
c) Autorização coletiva (legitimidade)
Quando a força é utilizada pela sociedade privada, o termo, Polícia, é totalmente excluído. Todas as pessoas podem prender , mas a polícia deve e detêm a legitimidade de usar a força para executar as suas tarefas e cumprir a sua missão. As polícias não se distinguem somente por ter exclusividade em utilizar a força, mas pelo fato de ser legítimo o seu uso. Os elementos constitutivos das Polícias modernas não são suficientes para caracterizar as instituições policiais, sendo conveniente comentar os atributos de uma polícia moderna.
Os atributos das polícias modernas se constituem de três fatores principais: o caráter público da polícia, a necessidade de especialização e a importância incondicional de sua profissionalização. Esses atributos são indispensáveis para distinguir a polícia das demais comunidades que exercem controle social.
1) O caráter público das instituições policiais: é definido por Bayley (2001, p.36) “como sendo paga por e controlada pelas comunidades (governo), agindo coletivamente.” Desta forma não podemos confundir polícia pública com a polícia privada, pois esta não é paga ou direcionada para a coletividade. A credencial é condicionada à formação, orientação, pagamento e controle por parte das comunidades, sendo que a polícia pública tem como prioridade o cumprimento da Lei fazendo uso da força legitima.
2) Especialização
“O policiamento se torna especializado quando as agências são direcionadas a se concentrar principalmente na aplicação de força física”, Bayley (2001, p.25). Esta característica é fundamental para que possamos mensurar os impactos da utilização da força física dentro de um sistema governamental. Com a nova realidade social e o crescimento dos crimes violentos, tráfico, crime organizado, etc., a especialização das polícias vem crescendo. Segundo Bayley “...uma força policial especializada concentra suas forças na solução e redução da violência, enquanto que outras forças policiais não especializadas podem fazer muitas coisas além de usar somente a força.”
3) Profissionalização
A profissionalização reflete diretamente na qualidade do serviço prestado pelo policial. Segundo Bayley (2001, p.25) “profissionalização refere-se a uma preparação explícita para realizar funções exclusivas da atividade policial”. O policial truculento e desprovido de alteridade não é mais regra nas instituições policiais e sim exceção. O profissional deve ser recrutado por mérito, treinado, disciplinado e ter evolução em sua carreira. Para Bayley (2001) o uso de tecnologias modernas, autonomia, discrição e neutralidade na aplicação da lei devem ser exploradas para alcançar um fim desejável.
Referência
SOARES, Luiz Eduardo, 1954-Segurança tem saída / Luiz Eduardo Soares. – Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
BAYLEY, David H. Padrões de Policiamento.São Paulo: Editora da Universidade São Paulo, 2002. – (Polícia e Sociedade; n. 1)
BAYLEY, David H. Nova Polícia. São Paulo: Editora da Universidade São Paulo, 2002. – (Polícia e Sociedade; n. 2)
BALESTRERI, Ricardo Brisolla – Direitos Humanos: Coisa de Polícia, Editora Berthier, Passo Fundo, RS, 2003.
DIRETRIZ para a produção de serviços de segurança pública Nº 04/2004-CG – A Filosofia de Polícia Comunitária na Polícia Militar de Minas Gerais
domingo, 28 de junho de 2009
Favelas recebem encomenda sob escolta
Empresas de vigilância armada são contratadas para acompanhar entregas em áreas consideradas de alto risco de roubo
Roubos de carga na capital, que englobam as entregas para o consumidor final, aumentaram 22% em três anos, segundo companhias
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mecânico Flávio Ribeiro, 37, recebe em sua casa em Perus (zona norte de São Paulo) uma estante para computador. O produto vem no caminhão de um magazine e está escoltado por dois homens armados.
"Eu mobiliei a casa inteira desse jeito. Sofá, TV de tela plana, móveis, todos eles vieram com escolta. Onde eu moro tem áreas perigosas e, se não tiver seguranças, assaltam o caminhão", disse ele.
Os vigilantes armados são o recurso usado por empresas como Casas Bahia, Pão de Açúcar, Correios (Sedex), transportadoras e lojas de vendas pela internet, entre outras, para a segurança preventiva, apesar do efetivo de 88 mil homens da Polícia Militar no Estado.
Os casos de roubos de carga ocorridos na capital -que englobam as entregas para o consumidor final- aumentaram 22% em três anos, segundo o Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região).
Foram 3.924 casos ocorridos em 2008 contra 3.217 em 2006, segundo levantamento do Setcesp com dados da Secretaria de Segurança Pública. No primeiro trimestre deste ano, foram 1.095 casos na capital. Eles representam 60% dos roubos de carga no Estado. A maior parte, 318, foi na zona leste.
O horário entre 6h e meio-dia é o preferido dos ladrões, pois os caminhões de entrega ainda estão cheios de mercadorias, segundo Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança do Setcesp. No primeiro trimestre do ano, 45% dos roubos de carga foram nesse horário.
"Já fui roubado seis vezes. A última foi há 15 dias: renderam a gente às 8h30 e mandaram o motorista seguir um bandido numa moto até uma chácara no Grajaú. Descarregamos lá. Passamos na frente da PM tentando pedir ajuda, mas eles não perceberam", disse um funcionário da Casas Bahia que pediu para não ser identificado.
A maior parte dos ataques acontece quando os caminhões param nas casas dos consumidores para fazer as entregas, segundo Autair Iuga, presidente da Comissão de Escolta Armada do Sesvesp -sindicato de empresas de segurança de São Paulo- e diretor da empresa Macor Security.
Geralmente, os funcionários são deixados presos no baú do caminhão, em área deserta.
Segundo Iuga, o principal alvo dos ladrões são os caminhões que levam televisores e produtos eletroeletrônicos, que têm maior valor de revenda e são de fácil comercialização.
Segundo dados do Setcesp, o prejuízo total das empresas de transporte de carga em São Paulo entre 2006 e 2008 foi de R$ 638 milhões. Só as cargas exclusivamente de eletroeletrônicos representaram 18% desse valor. As cargas variadas (caminhões de magazines, por exemplo) somaram 13%.
De acordo com a Polícia Federal, São Paulo tem hoje 52 empresas autorizadas para oferecer escolta. Quase a metade delas (24), estão na capital.
Áreas de risco
A definição de áreas de risco é feita com base no histórico de crimes sofridos pelas transportadoras, de relatórios de empresas avaliadoras de risco e do Setcesp, e pela experiência de cada empresa.
"São áreas onde é mais difícil chegar o braço armado do Estado. Mas, quando há uma saturação [de policiamento] em determinada área, os marginais migram para outras", afirmou.
Porém, roubos acontecem mesmo na presença da escolta. "Eu recebo produtos de beleza para revender a cada 15 dias. Uma vez, a van da transportadora foi assaltada com escolta e tudo na minha rua", disse uma revendedora de produtos de beleza Natura de São Miguel Paulista (zona leste de SP).
Segundo Souza, assessor de segurança do Setcesp, o combate aos receptadores de cargas roubadas é a melhor forma de reduzir esse tipo de crime. "A polícia está agindo, mas ainda tem muita coisa a ser feita".
Empresas irregulares preocupam PF
Empresas de escolta armada privada irregulares são as maiores preocupações da CNTV (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Vigilância) e da Polícia Federal, que fiscaliza o setor. Com policiais civis e militares irregularmente no comando, utilizam armas da polícia ou clandestinas para prestar serviços, segundo José Boaventura Santos, presidente da CNTV.
A realização do "bico" por policiais é considerada irregular e passível de punição administrativa.
Segundo Santos, estimativas apontam que essas empresas podem chegar a 50% do mercado.
Para inibir a ação, a delegacia de segurança privada da PF fiscaliza empresas e apura denúncias. Segundo o delegado Fernando Durán Poch, empresas aprovadas pela PF passam por rigoroso processo de certificação.
Outro lado
Polícia Militar diz que atua em todas as regiões
A Polícia Militar afirmou por meio de nota que não há local no Estado de São Paulo em que a polícia não atue. Disse também que a iniciativa de empresas privadas de contratar segurança particular não expressa ineficiência policial.
Segundo a Polícia Militar, a contratação de empresas de segurança por parte das transportadoras e magazines é uma medida útil à prevenção de crimes e está diretamente relacionada ao objetivo de "auferição de lucros".
"Certamente a segurança será potencializada no momento em que a sociedade perceber que segurança é direito e responsabilidade de todos", afirmou na nota.
A PM disse também que os recursos disponíveis para o policiamento ostensivo e preventivo em São Paulo "são suficientes e adequadamente empregados".
De acordo com a nota da PM, porém, "a incidência de crimes não depende somente da atuação policial".
Independentemente da quantidade de recursos disponíveis, segundo a PM, "crimes vão ocorrer, à medida em que não é possível evitar todos".
A nota afirma ainda que o crime de roubo de cargas é analisado de acordo com suas peculiaridades, "de modo a permitir ações preventivas".
Deic
O Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) -que possui uma delegacia especializada na investigação de roubos de cargas- afirmou, também por meio de nota, que, com um trabalho de inteligência, identifica os locais onde acontecem os roubos de cargas urbanas e as movimentações das quadrilhas especializadas neste tipo de crime.
"Essa ação de planejamento já permitiu a prisão dos maiores receptadores do Estado de São Paulo e a descoberta dos grandes depósitos de mercadoria roubada", diz a nota.
Roubos de carga na capital, que englobam as entregas para o consumidor final, aumentaram 22% em três anos, segundo companhias
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mecânico Flávio Ribeiro, 37, recebe em sua casa em Perus (zona norte de São Paulo) uma estante para computador. O produto vem no caminhão de um magazine e está escoltado por dois homens armados.
"Eu mobiliei a casa inteira desse jeito. Sofá, TV de tela plana, móveis, todos eles vieram com escolta. Onde eu moro tem áreas perigosas e, se não tiver seguranças, assaltam o caminhão", disse ele.
Os vigilantes armados são o recurso usado por empresas como Casas Bahia, Pão de Açúcar, Correios (Sedex), transportadoras e lojas de vendas pela internet, entre outras, para a segurança preventiva, apesar do efetivo de 88 mil homens da Polícia Militar no Estado.
Os casos de roubos de carga ocorridos na capital -que englobam as entregas para o consumidor final- aumentaram 22% em três anos, segundo o Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região).
Foram 3.924 casos ocorridos em 2008 contra 3.217 em 2006, segundo levantamento do Setcesp com dados da Secretaria de Segurança Pública. No primeiro trimestre deste ano, foram 1.095 casos na capital. Eles representam 60% dos roubos de carga no Estado. A maior parte, 318, foi na zona leste.
O horário entre 6h e meio-dia é o preferido dos ladrões, pois os caminhões de entrega ainda estão cheios de mercadorias, segundo Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança do Setcesp. No primeiro trimestre do ano, 45% dos roubos de carga foram nesse horário.
"Já fui roubado seis vezes. A última foi há 15 dias: renderam a gente às 8h30 e mandaram o motorista seguir um bandido numa moto até uma chácara no Grajaú. Descarregamos lá. Passamos na frente da PM tentando pedir ajuda, mas eles não perceberam", disse um funcionário da Casas Bahia que pediu para não ser identificado.
A maior parte dos ataques acontece quando os caminhões param nas casas dos consumidores para fazer as entregas, segundo Autair Iuga, presidente da Comissão de Escolta Armada do Sesvesp -sindicato de empresas de segurança de São Paulo- e diretor da empresa Macor Security.
Geralmente, os funcionários são deixados presos no baú do caminhão, em área deserta.
Segundo Iuga, o principal alvo dos ladrões são os caminhões que levam televisores e produtos eletroeletrônicos, que têm maior valor de revenda e são de fácil comercialização.
Segundo dados do Setcesp, o prejuízo total das empresas de transporte de carga em São Paulo entre 2006 e 2008 foi de R$ 638 milhões. Só as cargas exclusivamente de eletroeletrônicos representaram 18% desse valor. As cargas variadas (caminhões de magazines, por exemplo) somaram 13%.
De acordo com a Polícia Federal, São Paulo tem hoje 52 empresas autorizadas para oferecer escolta. Quase a metade delas (24), estão na capital.
Áreas de risco
A definição de áreas de risco é feita com base no histórico de crimes sofridos pelas transportadoras, de relatórios de empresas avaliadoras de risco e do Setcesp, e pela experiência de cada empresa.
"São áreas onde é mais difícil chegar o braço armado do Estado. Mas, quando há uma saturação [de policiamento] em determinada área, os marginais migram para outras", afirmou.
Porém, roubos acontecem mesmo na presença da escolta. "Eu recebo produtos de beleza para revender a cada 15 dias. Uma vez, a van da transportadora foi assaltada com escolta e tudo na minha rua", disse uma revendedora de produtos de beleza Natura de São Miguel Paulista (zona leste de SP).
Segundo Souza, assessor de segurança do Setcesp, o combate aos receptadores de cargas roubadas é a melhor forma de reduzir esse tipo de crime. "A polícia está agindo, mas ainda tem muita coisa a ser feita".
Empresas irregulares preocupam PF
Empresas de escolta armada privada irregulares são as maiores preocupações da CNTV (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Vigilância) e da Polícia Federal, que fiscaliza o setor. Com policiais civis e militares irregularmente no comando, utilizam armas da polícia ou clandestinas para prestar serviços, segundo José Boaventura Santos, presidente da CNTV.
A realização do "bico" por policiais é considerada irregular e passível de punição administrativa.
Segundo Santos, estimativas apontam que essas empresas podem chegar a 50% do mercado.
Para inibir a ação, a delegacia de segurança privada da PF fiscaliza empresas e apura denúncias. Segundo o delegado Fernando Durán Poch, empresas aprovadas pela PF passam por rigoroso processo de certificação.
Outro lado
Polícia Militar diz que atua em todas as regiões
A Polícia Militar afirmou por meio de nota que não há local no Estado de São Paulo em que a polícia não atue. Disse também que a iniciativa de empresas privadas de contratar segurança particular não expressa ineficiência policial.
Segundo a Polícia Militar, a contratação de empresas de segurança por parte das transportadoras e magazines é uma medida útil à prevenção de crimes e está diretamente relacionada ao objetivo de "auferição de lucros".
"Certamente a segurança será potencializada no momento em que a sociedade perceber que segurança é direito e responsabilidade de todos", afirmou na nota.
A PM disse também que os recursos disponíveis para o policiamento ostensivo e preventivo em São Paulo "são suficientes e adequadamente empregados".
De acordo com a nota da PM, porém, "a incidência de crimes não depende somente da atuação policial".
Independentemente da quantidade de recursos disponíveis, segundo a PM, "crimes vão ocorrer, à medida em que não é possível evitar todos".
A nota afirma ainda que o crime de roubo de cargas é analisado de acordo com suas peculiaridades, "de modo a permitir ações preventivas".
Deic
O Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) -que possui uma delegacia especializada na investigação de roubos de cargas- afirmou, também por meio de nota, que, com um trabalho de inteligência, identifica os locais onde acontecem os roubos de cargas urbanas e as movimentações das quadrilhas especializadas neste tipo de crime.
"Essa ação de planejamento já permitiu a prisão dos maiores receptadores do Estado de São Paulo e a descoberta dos grandes depósitos de mercadoria roubada", diz a nota.
sábado, 27 de junho de 2009
Do Grupo Segurança Pública do Portal do Luis Nassif
A finalidade do grupo é por em discussão a Segurança Pública no Brasil e fazer a comparação com outros países.
Segurança Pública no Brasil é prioridade no discurso de todo candidato a cargo eletivo. Mas, afinal, o que é esse tema que merece tantas horas de discursos e propaganda em época de eleição? Como se faz Segurança Pública no Brasil? Existe uma política de segurança? Quem são os policiais brasileiros, como são selecionados, que perspectivas eles tem em suas carreiras? E em outros países, como alguém se torna policial, o que pode esperar em sua vida profissional? Quais são, verdadeiramente, as missões de cada polícia no Brasil?
Para os profissionais de polícia é frustrante e constrangedor ver muitas coisas que são publicadas. O nível de desinformação atinge as raias do absurdo na mídia, e nem se pode imaginar o que a população em geral saiba sobre as instituições que deveriam protegê-la. A finalidade desse grupo é colocar esse tema em discussão e tentar estabelecer um debate capaz de fazer com que a sociedade conheça os problemas e as carências que afligem os policiais de todo o país. Espero que muitos se integrem ao grupo e contribuam para a ampliação do conhecimento.
Segurança Pública no Brasil é prioridade no discurso de todo candidato a cargo eletivo. Mas, afinal, o que é esse tema que merece tantas horas de discursos e propaganda em época de eleição? Como se faz Segurança Pública no Brasil? Existe uma política de segurança? Quem são os policiais brasileiros, como são selecionados, que perspectivas eles tem em suas carreiras? E em outros países, como alguém se torna policial, o que pode esperar em sua vida profissional? Quais são, verdadeiramente, as missões de cada polícia no Brasil?
Para os profissionais de polícia é frustrante e constrangedor ver muitas coisas que são publicadas. O nível de desinformação atinge as raias do absurdo na mídia, e nem se pode imaginar o que a população em geral saiba sobre as instituições que deveriam protegê-la. A finalidade desse grupo é colocar esse tema em discussão e tentar estabelecer um debate capaz de fazer com que a sociedade conheça os problemas e as carências que afligem os policiais de todo o país. Espero que muitos se integrem ao grupo e contribuam para a ampliação do conhecimento.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Blogosfera policial brasileira cresce e atrai interesse da Unesco
Trata-se de um fenômeno ainda recente e pouco visível, mas a caminho de tomar grandes proporções – como toda boa ideia nascida na internet. O seu apelido é “blogpol”, mas pode chamá-lo de “blogosfera policial”.
Já há hoje 74 blogs mantidos por policiais – militares ou civis – dedicados a discutir temas como criminalidade, violência e segurança pública, mas também, com frequência, mergulhar no próprio mundo para falar de política salarial, autoritarismo e corrupção policial.
Este número exato (74) é o primeiro resultado de uma pesquisa inédita, recém-concluída, mas ainda não divulgada, sobre “o fenômeno da multiplicação dos blogs”, nas palavras da socióloga Silvia Ramos, coordenadora do CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), ligado à Universidade Cândido Mendes, no Rio.
Sinal do interesse que o assunto desperta, a pesquisa, coordenada por Silvia e pela jornalista Anabela Paiva, conta com o apoio da Unesco, o órgão das Nações Unidas dedicado à educação, ciência e cultura.
“Acreditamos que a blogosfera policial traz possibilidades transformadoras para a área, por oferecer canais inéditos de diálogo entre forças de segurança e destas forças com outros segmentos da sociedade”, diz Anabela. A pesquisa constatou três tipos de blogs: os que se dedicam à crítica das corporações e políticas de segurança, os que fazem prestação de serviços (informações sobre concursos, por exemplo) e os que usam a ferramenta para expressar opiniões variadas, em busca de diálogo com outros blogs.
Em resumo, observa Anabela, estamos testemunhando a construção de um novo espaço de identidade política e intelectual para os policiais, “algo notável em forças em que a expressão de opiniões costuma ser controlada por rígidos regimentos internos”.
As referências da “blogpol”
A Constituição assegura a liberdade de expressão, mas policiais – tanto civis quanto militares – estão submetidos a diferentes estatutos, regulamentos e regimentos disciplinares, que têm sido utilizados para punir blogueiros. “O blogueiro policial, por isso, escreve genericamente quando quer se referir ao particular”, diz Danilo Ferreira, titular do blog Abordagem Policial, um dos mais respeitados da “blogpol”.
Um dos posts mais recentes de Ferreira trata do “Chefe AVC”. O texto fala, sem especificar, de comandantes “infectados” por “autoritarismo, vaidade e centralismo”. Em fase de conclusão do Curso de Oficiais da PM da Bahia, Ferreira ilustra o seu post com fotos de Fidel Castro, Saddam Hussein e Hitler – não há nenhuma referência a figuras do cotidiano dos policiais.
“É preciso bom senso”, diz Alexandre de Sousa, tenente da PM do Rio, autor de um dos blogs pioneiros na área, o Diário de um Policial Militar. O regimento disciplinar da PM carioca proíbe aos policiais emitirem opinião política ou falarem do próprio trabalho. “Ao pé da letra, já estou cometendo infração disciplinar”, diz Sousa.
Egresso da Escola de Oficiais, Sousa começou seu blog em 2006. Tornou-se uma referência na esteira da repercussão do filme “Tropa de Elite” – quando os jornalistas saíram em busca de informações sobre oficias da PM, deram de cara com o blog de Sousa, que já discutia o assunto há muito tempo.
Campeão de audiência, com cerca de 4 mil visitantes diários, Diário de um Policial Militar é uma referência da blogosfera. “É muita pretensão minha achar que posso ajudar na formação de opinião. O alcance em termos de influência ainda é muito pequeno”, diz. “Mas já é um começo”.
Outra referência na área é o policial militar Robson Niedson, da PM de Goiás, responsável por algumas iniciativas inéditas. A sua primeira criação é o Stive, um condomínio de blogs, cujo nome deriva de uma gíria interna (Stive, homenagem ao ator Steven Seagal, é sinônimo de colega entre PMS).
Além do seu próprio blog, Stive hospeda outros, de PMs que temem se identificar, por medo de punições – como o “Soldado PI”, da PM do Piauí, e o “Pracinha”, “diário censurado de um policial militar”.
Niedson também é um dos responsáveis pela aproximação do comandante-geral da PM de Goiás, coronel Carlos Antonio Elias, com o universo da blogosfera. Caso único na América Latina – e um dos quatro no mundo – a PM de Goiás hoje mantém um blog institucional e o seu comandante também administra um blog e uma conta no Twitter.
As discussões sobre a blogosfera policial levaram Niedson a tomar outra iniciativa pioneira – a criação de um aglutinador de blogs escritos por policiais ou sobre temas ligados à segurança pública. O Blogosfera Policial agrega hoje cerca de 80 blogs, publicando em sua homepage as atualizações mais recentes.
Empolgado, Niedson também faz podcasts (espécie de programa de rádio) semanais, com a ajuda de outros blogueiros da rede. E nesta sexta-feira, dia 19, vai transmitir os seus conhecimentos numa Oficina de Criação de Blogs, na Academia da PM de Goiás. A turma inicial conta com 18 inscritos – entre eles, três bombeiros e três policiais civis.
A repressão
Nem tudo são flores na blogosfera policial. Além de vários blogueiros escreverem protegidos pelo anonimato, há inúmeros casos de policiais punidos por manifestarem opiniões e fazerem críticas às instituições em que trabalham.
O major Wanderby Medeiros, da PM do Rio de Janeiro, é o exemplo sempre citado quando se fala das limitações ao uso de blogs por policiais. Punido mais de uma vez por seus comentários no blog, o major foi excluído do quadro de acessos da PM. O major Roberto Vianna, da mesma corporação, também foi punido por manifestar-se solidário, em comentário no blog do colega, contra a punição.
A repercussão do caso, inclusive na imprensa estrangeira, não alterou, até o momento, a política da PM do Rio.
Outro blogueiro cultuado na área é o ex-policial civil Roger Franchini, que mantém há anos o blog CultCoolFreak. Franchini tornou-se alvo de investigação policial depois de publicar carta irônica na “Folha de S.Paulo” sobre o roubo do relógio Rolex do apresentador Luciano Huck, em São Paulo
Já há hoje 74 blogs mantidos por policiais – militares ou civis – dedicados a discutir temas como criminalidade, violência e segurança pública, mas também, com frequência, mergulhar no próprio mundo para falar de política salarial, autoritarismo e corrupção policial.
Este número exato (74) é o primeiro resultado de uma pesquisa inédita, recém-concluída, mas ainda não divulgada, sobre “o fenômeno da multiplicação dos blogs”, nas palavras da socióloga Silvia Ramos, coordenadora do CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), ligado à Universidade Cândido Mendes, no Rio.
Sinal do interesse que o assunto desperta, a pesquisa, coordenada por Silvia e pela jornalista Anabela Paiva, conta com o apoio da Unesco, o órgão das Nações Unidas dedicado à educação, ciência e cultura.
“Acreditamos que a blogosfera policial traz possibilidades transformadoras para a área, por oferecer canais inéditos de diálogo entre forças de segurança e destas forças com outros segmentos da sociedade”, diz Anabela. A pesquisa constatou três tipos de blogs: os que se dedicam à crítica das corporações e políticas de segurança, os que fazem prestação de serviços (informações sobre concursos, por exemplo) e os que usam a ferramenta para expressar opiniões variadas, em busca de diálogo com outros blogs.
Em resumo, observa Anabela, estamos testemunhando a construção de um novo espaço de identidade política e intelectual para os policiais, “algo notável em forças em que a expressão de opiniões costuma ser controlada por rígidos regimentos internos”.
As referências da “blogpol”
A Constituição assegura a liberdade de expressão, mas policiais – tanto civis quanto militares – estão submetidos a diferentes estatutos, regulamentos e regimentos disciplinares, que têm sido utilizados para punir blogueiros. “O blogueiro policial, por isso, escreve genericamente quando quer se referir ao particular”, diz Danilo Ferreira, titular do blog Abordagem Policial, um dos mais respeitados da “blogpol”.
Um dos posts mais recentes de Ferreira trata do “Chefe AVC”. O texto fala, sem especificar, de comandantes “infectados” por “autoritarismo, vaidade e centralismo”. Em fase de conclusão do Curso de Oficiais da PM da Bahia, Ferreira ilustra o seu post com fotos de Fidel Castro, Saddam Hussein e Hitler – não há nenhuma referência a figuras do cotidiano dos policiais.
“É preciso bom senso”, diz Alexandre de Sousa, tenente da PM do Rio, autor de um dos blogs pioneiros na área, o Diário de um Policial Militar. O regimento disciplinar da PM carioca proíbe aos policiais emitirem opinião política ou falarem do próprio trabalho. “Ao pé da letra, já estou cometendo infração disciplinar”, diz Sousa.
Egresso da Escola de Oficiais, Sousa começou seu blog em 2006. Tornou-se uma referência na esteira da repercussão do filme “Tropa de Elite” – quando os jornalistas saíram em busca de informações sobre oficias da PM, deram de cara com o blog de Sousa, que já discutia o assunto há muito tempo.
Campeão de audiência, com cerca de 4 mil visitantes diários, Diário de um Policial Militar é uma referência da blogosfera. “É muita pretensão minha achar que posso ajudar na formação de opinião. O alcance em termos de influência ainda é muito pequeno”, diz. “Mas já é um começo”.
Outra referência na área é o policial militar Robson Niedson, da PM de Goiás, responsável por algumas iniciativas inéditas. A sua primeira criação é o Stive, um condomínio de blogs, cujo nome deriva de uma gíria interna (Stive, homenagem ao ator Steven Seagal, é sinônimo de colega entre PMS).
Além do seu próprio blog, Stive hospeda outros, de PMs que temem se identificar, por medo de punições – como o “Soldado PI”, da PM do Piauí, e o “Pracinha”, “diário censurado de um policial militar”.
Niedson também é um dos responsáveis pela aproximação do comandante-geral da PM de Goiás, coronel Carlos Antonio Elias, com o universo da blogosfera. Caso único na América Latina – e um dos quatro no mundo – a PM de Goiás hoje mantém um blog institucional e o seu comandante também administra um blog e uma conta no Twitter.
As discussões sobre a blogosfera policial levaram Niedson a tomar outra iniciativa pioneira – a criação de um aglutinador de blogs escritos por policiais ou sobre temas ligados à segurança pública. O Blogosfera Policial agrega hoje cerca de 80 blogs, publicando em sua homepage as atualizações mais recentes.
Empolgado, Niedson também faz podcasts (espécie de programa de rádio) semanais, com a ajuda de outros blogueiros da rede. E nesta sexta-feira, dia 19, vai transmitir os seus conhecimentos numa Oficina de Criação de Blogs, na Academia da PM de Goiás. A turma inicial conta com 18 inscritos – entre eles, três bombeiros e três policiais civis.
A repressão
Nem tudo são flores na blogosfera policial. Além de vários blogueiros escreverem protegidos pelo anonimato, há inúmeros casos de policiais punidos por manifestarem opiniões e fazerem críticas às instituições em que trabalham.
O major Wanderby Medeiros, da PM do Rio de Janeiro, é o exemplo sempre citado quando se fala das limitações ao uso de blogs por policiais. Punido mais de uma vez por seus comentários no blog, o major foi excluído do quadro de acessos da PM. O major Roberto Vianna, da mesma corporação, também foi punido por manifestar-se solidário, em comentário no blog do colega, contra a punição.
A repercussão do caso, inclusive na imprensa estrangeira, não alterou, até o momento, a política da PM do Rio.
Outro blogueiro cultuado na área é o ex-policial civil Roger Franchini, que mantém há anos o blog CultCoolFreak. Franchini tornou-se alvo de investigação policial depois de publicar carta irônica na “Folha de S.Paulo” sobre o roubo do relógio Rolex do apresentador Luciano Huck, em São Paulo
sábado, 13 de junho de 2009
A Conferência Nacional de Segurança Pública
Do Grupo de Segurança Pública do Portal Luís Nassif
Conferência Nacional de Segurança Pública
Está programada para agosto a realização da Conferência Nacional de Segurança Pública. Por ora, estão em andamento as fases municipais e estaduais da Conferência. Pelo que se pode ver, naquilo que se encontra na web, não haverá novidades.
Os delegados de polícia vão defender que sua carreira seja reconhecida como carreira jurídica, ao par com juízes e promotores, e que seja-lhes concedida a isonomia de vencimentos com o MP. Vão defender, com unhas e dentes, o inquérito policial, alegando que é procedimento indispensável a persecução criminal. As polícias militares, por sua vez, vão continuar insistindo no famigerado "ciclo completo", panacéia para todos os males da segurança pública, de acordo com a visão dos oficiais das PMs. E a coisa vai por aí, com cada um tratando de puxar brasa para sua sardinha.
O que é importante ninguém discute, porque implica em mudar o sistema todo. Ninguém discute que as polícias civis não investigam mais. E nem podem, porque as delegacias são imensos cartórios, e a atividade burocrática consome 90% dos recursos humanos e materiais. Como já dito em outro tópico, as delegacias estão ocupadas registrando BOs de perda de documentos e fofocas entre vizinhos, enquanto a criminalidade organizada toma conta da sociedade.
Em alguns estados, a polícia militar não faz policiamento porque está ocupada fazendo boletins de ocorrência e manuscrevendo TCs. E ainda quer mais: quer investigar e fazer flagrantes(?), quando não consegue dar conta de sua missão, que é prevenir que o crime ocorra.
O modelo existente faliu. Não há mais como mantê-lo, pela singela razão de que, por mais que se invista, nunca vai haver recursos suficientes para atender o vasto leque de abrangências das polícias estaduais nos dias de hoje. Está na hora de mudar radicalmente. Penso que o ideal seria transferir para as guardas municipais a atribuição de lidar com os delitos de menor potencial ofensivo, com a criação de juizados especiais funcionando 24/7 para a imediata composição das partes, e o registro e gerenciamento dos boletins de ocorrência não criminais. Às polícias militares deveria ser reservado o policiamento ambiental e rodoviário e o controle de distúrbios, restando às policias civis a investigação dos delitos mais graves, notadamente os do crime organizado e de colarinho branco no âmbito dos estados. Proposta de emenda constitucional nesse sentido foi apresentada por Mário Covas, e promovia total reformulação da segurança pública e das polícias brasileiras. Deve estar esquecida em alguma gaveta do Congresso.
Respostas a este tópico
Responder até FERNANDA FERREIRA NUNES em 3 junho 2009 at 23:08
Certamente, sempre que houver uma discussão que coloca em questão os interesses de várias pessoas e suas categorias particulares, cada qual tenderá e lutar pelo que melhor lhe convém. No entanto, isso não se restringe ao setor de segurança pública, esse é o comportamento humano. A questão é como cada grupo se comporta frente aos seus objetivos
O fato é que os grandes, entre si, acordam de forma que todos saiam ganhando, agora quem vem por baixo... Problema... É cada um por si.
Concordo com o fato de que a visão dos Delegados de Polícia é a de lutar para que suas carreiras fiquem equiparadas ao do juizado, entre os outros órgãos citados, bem como seus respectivos interesses.
Mas da forma em que as “afirmativas” foram colocadas, me pareceu uma desvalorização para com A Conferência Nacional de Segurança Pública, que a meu ver tem contribuído muito para acatar as opiniões dos policiais que não fazem parte da elite dominante e que tem muita experiência de campo para passar.
Pois, é nela que um Agente civil tem o mesmo valor de seu superior, que um Soldado Militar tem o mesmo poder de argumentação que um Coronel, e por aí vai.
Atualmente os investimentos Federais nos Estados, no que diz respeito à Segurança Pública, têm um controle de qualidade considerável, no que se refere à grade curricular de formação dos Profissionais de Segurança e mesmo o tempo de curso na academia. A Secretaria Nacional de Segurança Pública tem projetos de respeito, diretamente ligado à qualificação dos policias, e esses projetos tiveram seu início, sua formulação em um Congresso como esse, acima citado, em que uma voz foi levada em consideração, resultando no que hoje chamamos de policia comunitária, interativa, uma nova visão de polícia, que tem mostrado ótimos resultados.
Claro que em geral o congresso em questão é utilizado como trampolim para questionar salários e interesses próprios, mas não acredito que seja possível dizer que se resume a isso.
A referência em estatísticas vem a calhar, em que a atividade burocrática consome 90% dos recursos humanos e materiais da PC e delegacias estão ocupadas registrando BOs de menor “prioridade”, de forma que a investigação policial não tem sido feita, porém, falta acrescer a defasagem policial e os concursos públicos que não eram prioridade, e que mais uma vez volta ao desprezado Congresso, pois foi dessa forma que se chegou a conclusão de ampliação do quadro policial e mesmo a renovação e reciclagem de profissionais com suas técnicas obsoletas.
A MELHOR:”Em alguns estados, a polícia militar não faz policiamento porque está ocupada fazendo boletins de ocorrência e manuscrevendo TCs. E ainda quer mais: quer investigar e fazer flagrantes(?), quando não consegue dar conta de sua missão, que é prevenir que o crime ocorra.”
A ocorrência de um crime é a constatação da falha da atividade policial, porém, a formação do criminoso, bem como sua evolução é o ATESTADO de incapacidade do ESTADO, mormente, a declaração de conformismo da sociedade, mas não a sociedade em todo, por que, pra minha mãe, por exemplo, não á responsabilidade quanto aos crimes de colarinhos brancos, ou superfaturamento de obras públicas, benefício de políticos, impunidade dos que tem ascensão econômica, mas há uma culpa direta minha e sua, pois, ao contrária da minha mãe que cursou menos da 4º série do Pirmário, nós, em tese, possuímos o mínimo de informação, nós que temos o poder de mudança e nos limitamos a estar sentado a frente de um PC e criticamos o que nos resta de bom: as discussões que definem diretrizes minimamente produtivas, como um Congresso de Segurança Pública, que se não é de todo bom é um MAL necessário.
Pois bem, se a missão de um policial militar é prevenir que o crime ocorra, qual é a sua? E a dele, e a nossa? A Policia Civil não tem efetivo para realizar a atividade que lhe é imposta Constitucionalmente, porém, a atividade policial depende uma da outra, em geral, não é possível executar uma ação policial militar de execução se a parte investigativa não se efetivar. Mas também é uma puta de uma sacanagem um policial militar passar todo dia na porta de um traficante, saber que ele é quem faz o movimento, viciando crianças e aliciando-as para o crime organizado, e simplesmente esse policial não poder fazer nada. Aí vem o desespero do profissional em deter o meliante, e quando o faz vem o judiciário e mantém esse cara no máximo 2 meses em uma cadeia hiper-lotada, transformando essa figura em uma “coisa” uma bomba para a sociedade, prisões que são -verdadeiras formadoras de PHDs em crimes de maior potencial ofensivo, depois de 2 meses esse criminoso( não recuperado) estará nas ruas desfilando com seu décimo segundo alvará de soltura, dois por homicídio, três por furto, quatro por roubo à mão armada e assim por diante. Sem ter pra onde correr, o que ele fará?? Cometerá mais crimes... E o policial militar que forja flagrante, não faz nem sua parte e quer fazer a de outrem. Arrego né!! O Estado não dá educação, não possibilita saúde, não dá apoio psicológico, pois é bem mais fácil jogar a culpa na polícia.
http://blogln.ning.com/group/segpub/forum/topics/conferencia-nacional-de
Conferência Nacional de Segurança Pública
Está programada para agosto a realização da Conferência Nacional de Segurança Pública. Por ora, estão em andamento as fases municipais e estaduais da Conferência. Pelo que se pode ver, naquilo que se encontra na web, não haverá novidades.
Os delegados de polícia vão defender que sua carreira seja reconhecida como carreira jurídica, ao par com juízes e promotores, e que seja-lhes concedida a isonomia de vencimentos com o MP. Vão defender, com unhas e dentes, o inquérito policial, alegando que é procedimento indispensável a persecução criminal. As polícias militares, por sua vez, vão continuar insistindo no famigerado "ciclo completo", panacéia para todos os males da segurança pública, de acordo com a visão dos oficiais das PMs. E a coisa vai por aí, com cada um tratando de puxar brasa para sua sardinha.
O que é importante ninguém discute, porque implica em mudar o sistema todo. Ninguém discute que as polícias civis não investigam mais. E nem podem, porque as delegacias são imensos cartórios, e a atividade burocrática consome 90% dos recursos humanos e materiais. Como já dito em outro tópico, as delegacias estão ocupadas registrando BOs de perda de documentos e fofocas entre vizinhos, enquanto a criminalidade organizada toma conta da sociedade.
Em alguns estados, a polícia militar não faz policiamento porque está ocupada fazendo boletins de ocorrência e manuscrevendo TCs. E ainda quer mais: quer investigar e fazer flagrantes(?), quando não consegue dar conta de sua missão, que é prevenir que o crime ocorra.
O modelo existente faliu. Não há mais como mantê-lo, pela singela razão de que, por mais que se invista, nunca vai haver recursos suficientes para atender o vasto leque de abrangências das polícias estaduais nos dias de hoje. Está na hora de mudar radicalmente. Penso que o ideal seria transferir para as guardas municipais a atribuição de lidar com os delitos de menor potencial ofensivo, com a criação de juizados especiais funcionando 24/7 para a imediata composição das partes, e o registro e gerenciamento dos boletins de ocorrência não criminais. Às polícias militares deveria ser reservado o policiamento ambiental e rodoviário e o controle de distúrbios, restando às policias civis a investigação dos delitos mais graves, notadamente os do crime organizado e de colarinho branco no âmbito dos estados. Proposta de emenda constitucional nesse sentido foi apresentada por Mário Covas, e promovia total reformulação da segurança pública e das polícias brasileiras. Deve estar esquecida em alguma gaveta do Congresso.
Respostas a este tópico
Responder até FERNANDA FERREIRA NUNES em 3 junho 2009 at 23:08
Certamente, sempre que houver uma discussão que coloca em questão os interesses de várias pessoas e suas categorias particulares, cada qual tenderá e lutar pelo que melhor lhe convém. No entanto, isso não se restringe ao setor de segurança pública, esse é o comportamento humano. A questão é como cada grupo se comporta frente aos seus objetivos
O fato é que os grandes, entre si, acordam de forma que todos saiam ganhando, agora quem vem por baixo... Problema... É cada um por si.
Concordo com o fato de que a visão dos Delegados de Polícia é a de lutar para que suas carreiras fiquem equiparadas ao do juizado, entre os outros órgãos citados, bem como seus respectivos interesses.
Mas da forma em que as “afirmativas” foram colocadas, me pareceu uma desvalorização para com A Conferência Nacional de Segurança Pública, que a meu ver tem contribuído muito para acatar as opiniões dos policiais que não fazem parte da elite dominante e que tem muita experiência de campo para passar.
Pois, é nela que um Agente civil tem o mesmo valor de seu superior, que um Soldado Militar tem o mesmo poder de argumentação que um Coronel, e por aí vai.
Atualmente os investimentos Federais nos Estados, no que diz respeito à Segurança Pública, têm um controle de qualidade considerável, no que se refere à grade curricular de formação dos Profissionais de Segurança e mesmo o tempo de curso na academia. A Secretaria Nacional de Segurança Pública tem projetos de respeito, diretamente ligado à qualificação dos policias, e esses projetos tiveram seu início, sua formulação em um Congresso como esse, acima citado, em que uma voz foi levada em consideração, resultando no que hoje chamamos de policia comunitária, interativa, uma nova visão de polícia, que tem mostrado ótimos resultados.
Claro que em geral o congresso em questão é utilizado como trampolim para questionar salários e interesses próprios, mas não acredito que seja possível dizer que se resume a isso.
A referência em estatísticas vem a calhar, em que a atividade burocrática consome 90% dos recursos humanos e materiais da PC e delegacias estão ocupadas registrando BOs de menor “prioridade”, de forma que a investigação policial não tem sido feita, porém, falta acrescer a defasagem policial e os concursos públicos que não eram prioridade, e que mais uma vez volta ao desprezado Congresso, pois foi dessa forma que se chegou a conclusão de ampliação do quadro policial e mesmo a renovação e reciclagem de profissionais com suas técnicas obsoletas.
A MELHOR:”Em alguns estados, a polícia militar não faz policiamento porque está ocupada fazendo boletins de ocorrência e manuscrevendo TCs. E ainda quer mais: quer investigar e fazer flagrantes(?), quando não consegue dar conta de sua missão, que é prevenir que o crime ocorra.”
A ocorrência de um crime é a constatação da falha da atividade policial, porém, a formação do criminoso, bem como sua evolução é o ATESTADO de incapacidade do ESTADO, mormente, a declaração de conformismo da sociedade, mas não a sociedade em todo, por que, pra minha mãe, por exemplo, não á responsabilidade quanto aos crimes de colarinhos brancos, ou superfaturamento de obras públicas, benefício de políticos, impunidade dos que tem ascensão econômica, mas há uma culpa direta minha e sua, pois, ao contrária da minha mãe que cursou menos da 4º série do Pirmário, nós, em tese, possuímos o mínimo de informação, nós que temos o poder de mudança e nos limitamos a estar sentado a frente de um PC e criticamos o que nos resta de bom: as discussões que definem diretrizes minimamente produtivas, como um Congresso de Segurança Pública, que se não é de todo bom é um MAL necessário.
Pois bem, se a missão de um policial militar é prevenir que o crime ocorra, qual é a sua? E a dele, e a nossa? A Policia Civil não tem efetivo para realizar a atividade que lhe é imposta Constitucionalmente, porém, a atividade policial depende uma da outra, em geral, não é possível executar uma ação policial militar de execução se a parte investigativa não se efetivar. Mas também é uma puta de uma sacanagem um policial militar passar todo dia na porta de um traficante, saber que ele é quem faz o movimento, viciando crianças e aliciando-as para o crime organizado, e simplesmente esse policial não poder fazer nada. Aí vem o desespero do profissional em deter o meliante, e quando o faz vem o judiciário e mantém esse cara no máximo 2 meses em uma cadeia hiper-lotada, transformando essa figura em uma “coisa” uma bomba para a sociedade, prisões que são -verdadeiras formadoras de PHDs em crimes de maior potencial ofensivo, depois de 2 meses esse criminoso( não recuperado) estará nas ruas desfilando com seu décimo segundo alvará de soltura, dois por homicídio, três por furto, quatro por roubo à mão armada e assim por diante. Sem ter pra onde correr, o que ele fará?? Cometerá mais crimes... E o policial militar que forja flagrante, não faz nem sua parte e quer fazer a de outrem. Arrego né!! O Estado não dá educação, não possibilita saúde, não dá apoio psicológico, pois é bem mais fácil jogar a culpa na polícia.
http://blogln.ning.com/group/segpub/forum/topics/conferencia-nacional-de
quinta-feira, 11 de junho de 2009
“Ciclo completo de polícia”: ou a indevida investigação?
Com informações da Adepol do Brasil
O IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), entidade de estudos jurídicos que figura entre as mais respeitadas do país, publicou neste mês editorial (Boletim IBCCRIM nº 199 – Junho / 2009) em que se manifesta contrária à atuação de policiais militares em investigações criminais e reprova a pretensão de alguns setores da sociedade de atribuir às Polícias Militares, mediante alterações legislativas, o que se convencionou chamar “ciclo completo de polícia”, na busca de reunir nas corporações militares estaduais tarefas de policiamento ostensivo com funções de investigação criminal.
Diz um trecho do editorial:
“Os fundamentos operativos da Polícia Judiciária não são aqueles da férrea hierarquia verticalizada, mas, sim, da estrita obediência à legalidade, pois deve esse órgão curvar-se não aos interesses contingentes do transitório poder político local, mas, sim, aos ditames jurídicos do devido processo legal de inspiração e demarcação constitucionais. Seu centro não é a caserna, mas, sim, a praça pública com a transparência que ela invoca.”
O IBCCRIM, fundado em 14 de outubro de 1992, é uma entidade reconhecida nacional e internacionalmente e efetua trabalho especializado de alto nível na área de Ciências Criminais e em um âmbito abrangente de influências no campo da atuação profissional, política, de formação continuada de profissionais, de pesquisa e de prestação de serviços à comunidade.
Para ler a íntegra do editorial clique aqui (portal da Adepol do Brasil).
COMENTARIO DESTE BLOG
No Brasil, a segurança pública não passou por uma discussão eficiente sobre o modelo existente de policiamento e conseqüentemente as políticas públicas nessa área sempre foram deixadas apenas para os momentos de crise e não surtem efeitos reais no dia-a-dia seja da população ou dos integrantes dos órgãos policiais. A constituição federal de 1988, não conseguiu alterar o modelo arcaico de justiça do país, e por sua vez o modelo policial e suas práticas de intervenção em situações críticas e mesmo no trato para com a população mantiveram o mesmo status quo. Deveria- se, portanto implantar o chamado “Ciclo Completo de Polícia” isto é das funções judiciário-investigativa e ostensivo-preventiva pela mesma instituição policial. Ou seja, mediante emenda ao texto Constitucional Federal de 1988, precisamente o contido no Art. 144, artigos correlatos e demais diplomas legais inerentes ao assunto. Contudo, implantar uma padronização do serviço policial em todo território nacional, isso se faria respeitando toda as peculiaridades de cada unidade da federação, que começam desde a extensão territorial, quantitativo populacional e culturas diferentes. Por fim, fica o reconhecimento de que deve ser abandonada de imediato a inócua discussão sobre a pertinência da existência de uma polícia militarizada para fazer a preservação da ordem pública.
O IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), entidade de estudos jurídicos que figura entre as mais respeitadas do país, publicou neste mês editorial (Boletim IBCCRIM nº 199 – Junho / 2009) em que se manifesta contrária à atuação de policiais militares em investigações criminais e reprova a pretensão de alguns setores da sociedade de atribuir às Polícias Militares, mediante alterações legislativas, o que se convencionou chamar “ciclo completo de polícia”, na busca de reunir nas corporações militares estaduais tarefas de policiamento ostensivo com funções de investigação criminal.
Diz um trecho do editorial:
“Os fundamentos operativos da Polícia Judiciária não são aqueles da férrea hierarquia verticalizada, mas, sim, da estrita obediência à legalidade, pois deve esse órgão curvar-se não aos interesses contingentes do transitório poder político local, mas, sim, aos ditames jurídicos do devido processo legal de inspiração e demarcação constitucionais. Seu centro não é a caserna, mas, sim, a praça pública com a transparência que ela invoca.”
O IBCCRIM, fundado em 14 de outubro de 1992, é uma entidade reconhecida nacional e internacionalmente e efetua trabalho especializado de alto nível na área de Ciências Criminais e em um âmbito abrangente de influências no campo da atuação profissional, política, de formação continuada de profissionais, de pesquisa e de prestação de serviços à comunidade.
Para ler a íntegra do editorial clique aqui (portal da Adepol do Brasil).
COMENTARIO DESTE BLOG
No Brasil, a segurança pública não passou por uma discussão eficiente sobre o modelo existente de policiamento e conseqüentemente as políticas públicas nessa área sempre foram deixadas apenas para os momentos de crise e não surtem efeitos reais no dia-a-dia seja da população ou dos integrantes dos órgãos policiais. A constituição federal de 1988, não conseguiu alterar o modelo arcaico de justiça do país, e por sua vez o modelo policial e suas práticas de intervenção em situações críticas e mesmo no trato para com a população mantiveram o mesmo status quo. Deveria- se, portanto implantar o chamado “Ciclo Completo de Polícia” isto é das funções judiciário-investigativa e ostensivo-preventiva pela mesma instituição policial. Ou seja, mediante emenda ao texto Constitucional Federal de 1988, precisamente o contido no Art. 144, artigos correlatos e demais diplomas legais inerentes ao assunto. Contudo, implantar uma padronização do serviço policial em todo território nacional, isso se faria respeitando toda as peculiaridades de cada unidade da federação, que começam desde a extensão territorial, quantitativo populacional e culturas diferentes. Por fim, fica o reconhecimento de que deve ser abandonada de imediato a inócua discussão sobre a pertinência da existência de uma polícia militarizada para fazer a preservação da ordem pública.
Ministro da Justiça faz palestra para Guardas Municipais
Brasília, 10/06/09 (MJ) – O ministro da Justiça, Tarso Genro, profere palestra sobre o projeto Bolsa Formação nesta sexta-feira (12), às 9h, para guardas municipais de 14 municípios do Rio Grande do Sul. A palestra faz parte da programação do Seminário das Guardas Municipais Integradas ao Bolsa Formação - projeto do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) para valorizar os profissionais de segurança. O evento acontecerá no auditório da Câmara de Vereadores de Cachoeirinha (RS).
A Bolsa Formação oferece um auxílio de R$ 400 para policiais civis e militares, agentes penitenciários, peritos, bombeiros guardas municipais que recebem salário de até R$ 1.700 e participem dos cursos de atualização oferecidos pelo Ministério da Justiça.
O estado do Rio Grande do Sul é o quarto em número de profissionais beneficiados pelo Bolsa Formação: 11.994. Destes, 794 são guardas municipais.
Municípios do Rio Grande do Sul que já aderiram ao Pronasci: Porto Alegre, Canoas, Alvorada, Viamão, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Guaíba, Sapucaia do Sul, Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul.
Pronasci
O Pronasci articula políticas de segurança com ações sociais, prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das ações de repressão. São 94 ações que integram União, os estados, municípios e diversos setores da sociedade. O público-alvo do programa são jovens de 15 a 24 anos à beira da criminalidade, presos e os que já cumpriram pena. Atualmente o Pronasci está presente em 96 municípios, 20 estados e o Distrito Federal.
A Bolsa Formação oferece um auxílio de R$ 400 para policiais civis e militares, agentes penitenciários, peritos, bombeiros guardas municipais que recebem salário de até R$ 1.700 e participem dos cursos de atualização oferecidos pelo Ministério da Justiça.
O estado do Rio Grande do Sul é o quarto em número de profissionais beneficiados pelo Bolsa Formação: 11.994. Destes, 794 são guardas municipais.
Municípios do Rio Grande do Sul que já aderiram ao Pronasci: Porto Alegre, Canoas, Alvorada, Viamão, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Guaíba, Sapucaia do Sul, Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul.
Pronasci
O Pronasci articula políticas de segurança com ações sociais, prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das ações de repressão. São 94 ações que integram União, os estados, municípios e diversos setores da sociedade. O público-alvo do programa são jovens de 15 a 24 anos à beira da criminalidade, presos e os que já cumpriram pena. Atualmente o Pronasci está presente em 96 municípios, 20 estados e o Distrito Federal.
Escola de Gestão Penitenciária será inaugurada no Ceará
Brasília, 21/05/09 (MJ) – Estimado em R$ 135 mil, o projeto que capacita servidores penitenciários, chega a Fortaleza (CE), trazendo em sua grade curricular noções básicas de administração penitenciária, saúde e qualidade de vida, segurança e disciplina, relações humanas e reintegração social. A Escola de Gestão Penitenciária que será inaugurada nesta sexta-feira (22) vai melhorar o tratamento dado ao preso e possibilitar a formação continuada dos funcionários cearenses.
Das 27 unidades da federação, 20 estados e mais o Distrito Federal, já instalaram ou estão em fase de implementação de suas escolas com recursos repassados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça. Para receber o financiamento do Depen, os estados apresentam projetos contendo os itens a serem adquiridos, como o espaço físico no qual pretendem implementar a Escola de Gestão Penitenciária.
As unidades financiadas pelo Depen possuem salas de aula, acervo bibliográfico, mobiliário, equipamentos de informática e comunicação (TV, DVD e projetor multimídia), dentre outros, como forma de tornar acessível ao estado um espaço no qual possam ser desenvolvidos cursos à distância e presenciais, voltados para o aperfeiçoamento profissional dos servidores penitenciários.
Alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, também receberam recursos do Depen para infraestrutura de equipamentos de informática e comunicação.
Das 27 unidades da federação, 20 estados e mais o Distrito Federal, já instalaram ou estão em fase de implementação de suas escolas com recursos repassados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça. Para receber o financiamento do Depen, os estados apresentam projetos contendo os itens a serem adquiridos, como o espaço físico no qual pretendem implementar a Escola de Gestão Penitenciária.
As unidades financiadas pelo Depen possuem salas de aula, acervo bibliográfico, mobiliário, equipamentos de informática e comunicação (TV, DVD e projetor multimídia), dentre outros, como forma de tornar acessível ao estado um espaço no qual possam ser desenvolvidos cursos à distância e presenciais, voltados para o aperfeiçoamento profissional dos servidores penitenciários.
Alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, também receberam recursos do Depen para infraestrutura de equipamentos de informática e comunicação.
Escolta para Constantino
Informado de que o empresário não está cumprindo prisão domiciliar, tribunal do DF pede que comarca de São Paulo aja com mais rigor
De Raphael Veleda:
A Justiça do DF pediu oficialmente à comarca paulista que faça cumprir a prisão domiciliar do empresário Constantino de Oliveira, 78 anos, o Nenê Constantino. Acusado de ser o mandante de dois assassinatos relacionados a disputas por um terreno em Taguatinga, o empresário, que construiu um império na área do transporte coletivo e fundou a Gol Linhas Aéreas, teve a prisão preventiva decretada no último dia 21. Sua defesa conseguiu o relaxamento para prisão domiciliar no dia seguinte, sob a alegação de que o réu está doente.
Os advogados de Constantino informaram ao Judiciário que ele estaria cumprindo a determinação desde o dia 24 de maio, quando teria deixado um hospital em São Paulo. Policiais brasilienses descobriram, porém, que o dono da maior frota de ônibus urbanos do país deixa seu apartamento em Moema, bairro nobre de São Paulo, quando bem entende, já que não há ninguém vigiando. As autoridades paulistas ainda não responderam ao pedido do juiz Almir Andrade, do Tribunal do Júri de Taguatinga.
A expectativa do juiz é de que a polícia paulista faça escolta na porta do apartamento do empresário. Por isso, ele mandou enviar uma carta precatória (instrumento usado pela Justiça para alcançar pessoas que se encontram em outra comarca) à Polinter, uma divisão da Polícia Civil de São Paulo. O documento chegou via fax. Nele, Andrade pede que se faça cumprir a decisão de 22 de maio, expedida em resposta a um pedido dos advogados de Constantino para que ele respondesse ao processo em liberdade.
Constantino é acusado pelo MP e pela Polícia Civil de ter contratado o pistoleiro que disparou três tiros contra o líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, que tinha 27 anos em 12 de outubro de 2001. O assassinato ocorreu de madrugada, em um terreno próximo à antiga garagem da Viação Pioneira — uma das empresas do grupo de Constantino —, na QI 25 de Taguatinga. A vítima representava cerca de 100 pessoas que ocupavam uma área pertencente à empresa e sofriam uma ação de despejo. Pela manhã, advogados do empresário estiveram no local e retiraram os invasores, dando R$ 500 a cada chefe de família.
De Raphael Veleda:
A Justiça do DF pediu oficialmente à comarca paulista que faça cumprir a prisão domiciliar do empresário Constantino de Oliveira, 78 anos, o Nenê Constantino. Acusado de ser o mandante de dois assassinatos relacionados a disputas por um terreno em Taguatinga, o empresário, que construiu um império na área do transporte coletivo e fundou a Gol Linhas Aéreas, teve a prisão preventiva decretada no último dia 21. Sua defesa conseguiu o relaxamento para prisão domiciliar no dia seguinte, sob a alegação de que o réu está doente.
Os advogados de Constantino informaram ao Judiciário que ele estaria cumprindo a determinação desde o dia 24 de maio, quando teria deixado um hospital em São Paulo. Policiais brasilienses descobriram, porém, que o dono da maior frota de ônibus urbanos do país deixa seu apartamento em Moema, bairro nobre de São Paulo, quando bem entende, já que não há ninguém vigiando. As autoridades paulistas ainda não responderam ao pedido do juiz Almir Andrade, do Tribunal do Júri de Taguatinga.
A expectativa do juiz é de que a polícia paulista faça escolta na porta do apartamento do empresário. Por isso, ele mandou enviar uma carta precatória (instrumento usado pela Justiça para alcançar pessoas que se encontram em outra comarca) à Polinter, uma divisão da Polícia Civil de São Paulo. O documento chegou via fax. Nele, Andrade pede que se faça cumprir a decisão de 22 de maio, expedida em resposta a um pedido dos advogados de Constantino para que ele respondesse ao processo em liberdade.
Constantino é acusado pelo MP e pela Polícia Civil de ter contratado o pistoleiro que disparou três tiros contra o líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, que tinha 27 anos em 12 de outubro de 2001. O assassinato ocorreu de madrugada, em um terreno próximo à antiga garagem da Viação Pioneira — uma das empresas do grupo de Constantino —, na QI 25 de Taguatinga. A vítima representava cerca de 100 pessoas que ocupavam uma área pertencente à empresa e sofriam uma ação de despejo. Pela manhã, advogados do empresário estiveram no local e retiraram os invasores, dando R$ 500 a cada chefe de família.
domingo, 7 de junho de 2009
Dono de bingo é morto com tiro na cabeça
Empresário saía de restaurante em Santo André quando foi atingido, antes de entrar em seu carro Porsche
DO "AGORA"
O dono de um dos únicos bingos com autorização da Justiça para funcionar na Grande São Paulo, o Bingo Estação, em Santo André (ABC), foi morto anteontem com tiro na cabeça.
José Maria dos Santos, 48, foi atingido antes de entrar no carro, um Porsche Cayenne, ao sair de um restaurante.
O crime ocorreu por volta das 23h, segundo a polícia. Santos estava com conhecidos em um restaurante no bairro Jardim, área nobre de Santo André. Quando saiu, foi sozinho até o seu veículo.
Segundo a polícia, um homem se aproximou do bingueiro naquele instante e atirou contra ele. Em seguida, entrou em um carro e desapareceu. O suspeito não foi encontrado.
Santos foi levado às pressas para o Centro Hospitalar Municipal de Santo André, mas morreu instantes após dar entrada no centro médico.
A Secretaria da Segurança Pública disse que nada foi levado do empresário.
Proibidos pela Justiça -ou pelas prefeituras por falta de alvará- os bingos legalizados estão banidos de quase todas as cidades da Grande São Paulo. Assim, o Bingo Estação e um outro bingo, a alguns quarteirões de distância, trabalham praticamente sem concorrência, exceto pelas casas clandestinas. Policiais disseram que trabalham com a possibilidade de o crime ter sido encomendado e estar ligado à atividade desenvolvida pela vítima.
DO "AGORA"
O dono de um dos únicos bingos com autorização da Justiça para funcionar na Grande São Paulo, o Bingo Estação, em Santo André (ABC), foi morto anteontem com tiro na cabeça.
José Maria dos Santos, 48, foi atingido antes de entrar no carro, um Porsche Cayenne, ao sair de um restaurante.
O crime ocorreu por volta das 23h, segundo a polícia. Santos estava com conhecidos em um restaurante no bairro Jardim, área nobre de Santo André. Quando saiu, foi sozinho até o seu veículo.
Segundo a polícia, um homem se aproximou do bingueiro naquele instante e atirou contra ele. Em seguida, entrou em um carro e desapareceu. O suspeito não foi encontrado.
Santos foi levado às pressas para o Centro Hospitalar Municipal de Santo André, mas morreu instantes após dar entrada no centro médico.
A Secretaria da Segurança Pública disse que nada foi levado do empresário.
Proibidos pela Justiça -ou pelas prefeituras por falta de alvará- os bingos legalizados estão banidos de quase todas as cidades da Grande São Paulo. Assim, o Bingo Estação e um outro bingo, a alguns quarteirões de distância, trabalham praticamente sem concorrência, exceto pelas casas clandestinas. Policiais disseram que trabalham com a possibilidade de o crime ter sido encomendado e estar ligado à atividade desenvolvida pela vítima.
sábado, 6 de junho de 2009
Em gravação apreendida em computador, suspeito de sequestro ensina filho e sobrinha a dar coronhadas e exigir dinheiro
Acusado de ter participado de sequestro de mãe e filho em Navegantes (SC), homem que aparece na filmagem está foragido
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Um vídeo caseiro apreendido por policiais civis em Santa Catarina mostra um suspeito de planejar um sequestro no município de Penha (120 km de Florianópolis) ensinando duas crianças a praticar um assalto.
As imagens estavam em um computador apreendido durante as investigações.
O sequestro, ocorrido na semana passada, durou 32 horas e terminou com a libertação dos reféns -uma mulher de 43 anos e o filho dela, de três- após pagamento de parte do resgate. Eles estavam em um cativeiro em São Paulo.
Após a liberação, a polícia prendeu três mulheres suspeitas de participação no crime, entre elas Viviane Stem, 29, mulher do suposto líder do grupo, identificado como Rafael de Borba, que está foragido.
A mãe e uma irmã de Viviane também foram presas. Ambas tinham antecedentes criminais, segundo a polícia.
Em um computador apreendido, policiais localizaram um vídeo em que Borba aparece deitado numa rede enquanto duas crianças -seu filho, de quatro anos, e uma sobrinha, de três- brincam ao seu lado.
Com um revólver de brinquedo, a menina é orientada pelo tio a agredir, dar tiros e exigir dinheiro de uma boneca. O filho do suspeito grita: "Mata ela, pai, mata ela. Deixa que eu mato ela um pouco".
Em seguida, Borba ensina a menina: "Diz pra ela: "Cadê meu dinheiro, boneca?'" Ela repete as palavras e é orientada a dar "coronhadas". A menina não entende a "ordem" e é ajudada pelo tio a usar o cano da arma para simular a agressão na cabeça da boneca.
As imagens, diz a polícia, foram gravadas por Viviane.
"É um vídeo impressionante, repugnante mesmo", diz o delegado Renato Hendges.
O sequestro teve início na segunda-feira. Viviane Stem era camareira de um hotel em Penha, no litoral catarinense, onde estava hospedada uma família de Navegantes (SC).
Segundo o delegado, a camareira pensou que se tratasse de uma família rica e acionou a quadrilha. Mãe e filho foram libertados após o pagamento de R$ 57 mil -dos R$ 220 mil inicialmente exigidos.
Além de Rafael Borba, que possui antecedentes criminais por tráfico de drogas e homicídio no Paraná, outras três pessoas envolvidas no crime, duas em São Paulo, estão foragidas.
A polícia não soube informar se Viviane tem advogado.
As crianças estão na casa de um avô, um pescador que, segundo o delegado Hendges, não tem ligação com a quadrilha.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Delegado e 2 agentes são presos por corrupção em SP
SÃO PAULO - Um delegado e dois agentes foram presos anteontem pela Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo porque teriam exigido R$ 5 mil e metade dos cerca de cem aparelhos de DVD e câmeras que os sacoleiros transportavam do Paraguai. Vítimas de achaque, os dois sacoleiros foram levados pela Corregedoria à Polícia Federal onde foram presos por contrabando. A prisão dos policiais levou ainda ao afastamento do delegado Osvaldo de Souza, titular do 1º Distrito Policial de São Paulo (Sé), porque teria falhado ao fiscalizar os subordinados. O suposto achaque começou quando dois sacoleiros e um amigo deles foram detidos no Terminal Rodoviário do Tietê, na zona norte de São Paulo. Eles foram levados ao 1º DP. Um deles, no entanto, foi solto. Devia arrumar o dinheiro. Em vez disso, a vítima procurou a corregedoria.
Os corregedores foram ao 1º DP, mas não acharam ninguém. O delegado plantonista, João Paulo Carvalho, não havia feito boletim ou auto de apreensão da mercadoria, mas em sua sala foi achada uma das sacolas das vítimas. Os corregedores exigiram que os agentes voltassem com as vítimas. Três horas depois, os policiais Agnaldo Barros e Alcides Bunotti Junior apareceram com as vítimas e a mercadoria. Os policiais foram presos por extorsão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os corregedores foram ao 1º DP, mas não acharam ninguém. O delegado plantonista, João Paulo Carvalho, não havia feito boletim ou auto de apreensão da mercadoria, mas em sua sala foi achada uma das sacolas das vítimas. Os corregedores exigiram que os agentes voltassem com as vítimas. Três horas depois, os policiais Agnaldo Barros e Alcides Bunotti Junior apareceram com as vítimas e a mercadoria. Os policiais foram presos por extorsão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Presídios do RS
TJ suspende rodízio de presos em Porto Alegre e diz que situação deles é melhor que a dos pobres
"Nas cadeias há assistência médica, há alimentação, os condenados estão ao abrigo das intempéries, enquanto a população de bairros bem pobres - que são milhões - com frequência não tem essas condições"
SÃO PAULO - O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul suspendeu o rodízio de presos dos regimes aberto e semiaberto, que começaria nesta semana nas cadeias sob jurisfição da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre. Os juízes da Vara de Execuções Criminais justificaram a medida com a superlotação dos presídios e a necessidade de deixar os presos de comportamento melhor menos tempo em contato com os demais detentos.
Para o juiz, a insegurança dentro da cadeia é a mesma que os brasileiros enfrentam nos bairros mais pobres e eles também moram em "barracos superlotados".
O pedido de suspensão foi feito pelo Ministério Público. O magistrado afirma que as regras para os presos são de Primeiro Mundo, incapazes de serem cumpridas no "continente sulamericano", criando um descompasso entre a lei e a estrutura dos presídios. Segundo ele, o mesmo ocorre com o Estatuto da Criança e do Adolescente, com a Lei Ambiental e com o Código Penal.
Para suspender a medida, o desembargador alegou que é preciso pensar na segurança da população.
"Não se pode descurar da segurança das pessoas que não podem mais passear nas praças à noite e nem dirigir seus automóveis com tranquilidade, sem serem molestadas por criminosos de todos os tipos, muitos deles cumprindo pena em regime semiaberto e que tiveram autorização para saídas temporárias ou fraudaram contratos de trabalho, não tendo os órgãos de execução possibilidade de exercer fiscalização severa na conduta dos condenados que cumprem pena nos regimes mais brandos."
Segundo ele, os presos estão em situação melhor do que muitos dos brasileiros pobres.
"Nas cadeias há assistência médica, há alimentação, os condenados estão ao abrigo das intempéries, enquanto a população de bairros bem pobres - que são milhões - com frequência não tem essas condições, não têm três refeições ao dia e moram em barracos superlotados.
A única solução para o problema, diz ele, é construir novos presídios, mas argumenta que o custo maior é o de manutenção e de pessoal, que inclui de monitores e seguranças a professores e psiquiatras.
"No admirável mundo novo, as cadeias contam com cerca de um funcionário para cada um dos recolhidos à prisão", assinala.
"Nas cadeias há assistência médica, há alimentação, os condenados estão ao abrigo das intempéries, enquanto a população de bairros bem pobres - que são milhões - com frequência não tem essas condições"
SÃO PAULO - O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul suspendeu o rodízio de presos dos regimes aberto e semiaberto, que começaria nesta semana nas cadeias sob jurisfição da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre. Os juízes da Vara de Execuções Criminais justificaram a medida com a superlotação dos presídios e a necessidade de deixar os presos de comportamento melhor menos tempo em contato com os demais detentos.
Para o juiz, a insegurança dentro da cadeia é a mesma que os brasileiros enfrentam nos bairros mais pobres e eles também moram em "barracos superlotados".
O pedido de suspensão foi feito pelo Ministério Público. O magistrado afirma que as regras para os presos são de Primeiro Mundo, incapazes de serem cumpridas no "continente sulamericano", criando um descompasso entre a lei e a estrutura dos presídios. Segundo ele, o mesmo ocorre com o Estatuto da Criança e do Adolescente, com a Lei Ambiental e com o Código Penal.
Para suspender a medida, o desembargador alegou que é preciso pensar na segurança da população.
"Não se pode descurar da segurança das pessoas que não podem mais passear nas praças à noite e nem dirigir seus automóveis com tranquilidade, sem serem molestadas por criminosos de todos os tipos, muitos deles cumprindo pena em regime semiaberto e que tiveram autorização para saídas temporárias ou fraudaram contratos de trabalho, não tendo os órgãos de execução possibilidade de exercer fiscalização severa na conduta dos condenados que cumprem pena nos regimes mais brandos."
Segundo ele, os presos estão em situação melhor do que muitos dos brasileiros pobres.
"Nas cadeias há assistência médica, há alimentação, os condenados estão ao abrigo das intempéries, enquanto a população de bairros bem pobres - que são milhões - com frequência não tem essas condições, não têm três refeições ao dia e moram em barracos superlotados.
A única solução para o problema, diz ele, é construir novos presídios, mas argumenta que o custo maior é o de manutenção e de pessoal, que inclui de monitores e seguranças a professores e psiquiatras.
"No admirável mundo novo, as cadeias contam com cerca de um funcionário para cada um dos recolhidos à prisão", assinala.
Presos são feridos a tiros em tentativa de fuga, em Campo Grande
CAMPO GRANDE - Seis presidiários considerados de alta periculosidade tentaram fugir esta madrugada, por volta da 1h30m, do Estabelecimento Penal de Segurança Máxima de Campo Grande. Segundo as primeiras informações da polícia, o motim foi contido por agentes penitenciários e quatro presos ficaram feridos.
Um dos internos teve escoriações e foi atendido na ala médica do presídio. Os outros três foram contidos por tiros. Todos os feridos foram levados à Santa Casa. Dois deles já foram liberados.
A Polícia Militar permaneceu do lado de fora do presídio durante o início da manhã. O Estabelecimento Penal de Segurança Máxima fica dentro do complexo penitenciário de Campo Grande, no Jardim Noroeste.
Um dos internos teve escoriações e foi atendido na ala médica do presídio. Os outros três foram contidos por tiros. Todos os feridos foram levados à Santa Casa. Dois deles já foram liberados.
A Polícia Militar permaneceu do lado de fora do presídio durante o início da manhã. O Estabelecimento Penal de Segurança Máxima fica dentro do complexo penitenciário de Campo Grande, no Jardim Noroeste.
Segurança pública tem a pior avaliação
O pior desempenho da gestão tucana à frente do Estado de São Paulo, segundo os entrevistados pelo Datafolha, ocorre na segurança, área na qual 43% desaprovam a atuação do governo, 32% a consideram regular e 23% avaliam ser ela ótima/boa.
Nos três primeiros meses deste ano, os dados relativos à segurança foram desfavoráveis a José Serra. Segundo o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, é provável que a pesquisa tenha captado esse momento ruim do setor.
Pelo menos 63.729 casos de roubo foram registrados no período e 94 pessoas foram assassinadas durante assaltos.
O número de homicídios no Estado, que seguia uma tendência histórica de redução (em novembro de 2008 a queda era de 71,5% em relação a 1999; 10,3 para cada cem mil habitantes), voltou a crescer no primeiro trimestre.
A percepção de que a segurança não vai bem é maior entre quem tem de 25 a 34 anos (48% consideram o desempenho ruim/péssimo) e entre os que possuem nível superior (46%). A reprovação fica abaixo da média entre os que ganham de 5 a 10 salários mínimos (40%).
Nos três primeiros meses deste ano, os dados relativos à segurança foram desfavoráveis a José Serra. Segundo o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, é provável que a pesquisa tenha captado esse momento ruim do setor.
Pelo menos 63.729 casos de roubo foram registrados no período e 94 pessoas foram assassinadas durante assaltos.
O número de homicídios no Estado, que seguia uma tendência histórica de redução (em novembro de 2008 a queda era de 71,5% em relação a 1999; 10,3 para cada cem mil habitantes), voltou a crescer no primeiro trimestre.
A percepção de que a segurança não vai bem é maior entre quem tem de 25 a 34 anos (48% consideram o desempenho ruim/péssimo) e entre os que possuem nível superior (46%). A reprovação fica abaixo da média entre os que ganham de 5 a 10 salários mínimos (40%).
82 dias de medo em Paraisópolis
Moradores denunciam violência da PM l Barracos foram invadidos sem mandados judiciais l Trabalhadores, crianças e idosos relatam sessões de tortura l Comando da PM nega abusos e agressões na favela
Bruno Paes Manso
Os números oficiais da Operação Saturação da Polícia Militar em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, são chocantes. De acordo com a Prefeitura, moram 60 mil pessoas no bairro. Durante pouco menos de três meses de operação, entre 4 de fevereiro e 26 de abril, 400 policiais em 100 viaturas e um helicóptero, com 20 cavalos e 4 cachorros, aplicaram 51.994 revistas a moradores do bairro.
A operação teve início depois dos tumultos provocados por algumas dezenas de moradores, em 2 de fevereiro, que deixaram três PMs baleados. Entre os agitadores havia integrantes do tráfico de drogas local. Como resposta, nos dias que se seguiram ao quebra-quebra, parte da tropa deixou rastros de abusos e violência. "Durante a ocupação, tentativas de desestabilização das forças de segurança foram levadas a efeito por parte de pessoas que se sentiam incomodadas com a presença da polícia", defende o capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM. Segundo ele, não há provas de abusos e agressões.
Na semana passada, o Estado esteve em Paraisópolis. Ouviu dezenas de histórias chocantes, em diferentes pontos do bairro. Testemunhos semelhantes já foram ouvidos por entidades como Associação dos Juízes pela Democracia, Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e Associação Paulista dos Defensores Públicos.
De acordo com a polícia, no balanço da operação constaram 93 flagrantes, captura de 61 procurados, 31 armas e 9,9 kg de cocaína apreendidos. Mas o saldo final vai além: sobrou raiva, humilhação, revolta, indignação que ninguém ainda é capaz de dizer o que isso de fato pode significar para a cidade. Seguem os testemunhos de moradores colhidos pelo Estado:
EM DEFESA DOS FILHOS
Auxiliar administrativa em uma empresa de telefonia, Gisele Cristina dos Santos, de 28 anos, teve o barraco invadido seis vezes pela polícia. Em nenhuma delas havia autorização judicial. Na primeira, um domingo de manhã, ela, marido e seis filhos, crianças de 1 a 12 anos, estavam em casa. O marido esticava um novo varal e chamou a atenção dos policiais por causa de uma tatuagem. Perguntaram se ele tinha "passagem". Ele informou que estava sob condicional, mas não devia na Justiça. Os policiais chutaram o portão e invadiram o quintal perguntando por drogas. Em seguida, entraram na casa e rasgaram o sofá. O pai apanhou na frente dos filhos. Em outras duas vezes, policiais entraram quando só havia crianças em casa. Falaram para a mais velha que o pai havia pedido a eles que buscassem o revólver. "Onde está a arma?", perguntavam os policiais. "Meu pai não rouba", a criança respondeu. A casa também foi invadida quando não havia ninguém. Dois baldes de água com latas de leite que ela recebeu do programa da Prefeitura, misturadas com detergente e pó de café, foram espalhados pelo chão e paredes. Gisele teve seu MP5 furtado. Depois das seguidas sessões de abuso, ela fundou o movimento "Paraisópolis Exige Respeito!", com um blog na internet. Perguntada se o nome dela podia aparecer no jornal, Gisele foi categórica: "Coloque em negrito, com letras maiúsculas."
CHAMADA ORAL DA BÍBLIA
Nos cálculos da aposentada Maria Alves da Rocha, de 59 anos, policiais invadiram a casa onde ela mora com a neta de 17 anos e dois filhos por cerca de 15 vezes. Nunca apresentaram mandado. Na primeira invasão, eles entraram com um pontapé na porta. Os vizinhos avisaram ao filho, que é pedreiro e trabalhava na vizinhança, que chegou em instantes e sugeriu para a mãe que deixasse a polícia trabalhar. "Quem não deve não teme", disse. A polícia depois não se cansou de voltar. Bagunçavam o guarda-roupa, xingavam e humilhavam os que estavam em casa. Dona Maria contou aos policiais que era evangélica. Um deles solicitou uma Bíblia para perguntar o que estava escrito em dado versículo do Evangelho de João. "Sou analfabeta, mas entendo a palavra dos pastores e consegui responder", diz Maria. O pé de capim-santo que ela cultivava no quintal para fazer chá foi arrancado pelos policiais, para checarem se não era droga.
É PROIBIDO CHORAR
Quando viu o movimento de policiais na viela em que mora, Antonio, de 13 anos, entrou em casa correndo. Os policiais o seguiram. Na porta do barraco, um anúncio escrito a giz pela mãe oferece: "Fais chapinha." Dentro de casa, Antonio teve a arma apontada para cabeça. "Por que estava correndo? Onde é a boca?", perguntava um deles, enquanto o estapeava. Outro policial revistava a casa. Antônio, que aparenta 10 anos, estava sozinho com o irmão, de 9. Os dois choravam muito. "Cala a boca vacilão. Vamos levar você para um quartinho escuro na Febem", ameaçava o policial. Com os braços cruzados, esfregando os ombros, Antonio explica que ficou ainda mais assustado porque há alguns anos teve um tio assassinado por policiais. Os vizinhos, do lado de fora, viam tudo sem poder intervir porque temiam apanhar.
ESPINGARDA DE BRINQUEDO
Agnaldo Jesus Viana teve o sobrado em que mora, em cima do bar de sua propriedade, invadido quatro vezes. Os policiais cismaram com o jogo eletrônico que ficava na frente do estabelecimento e tinha uma espingarda a laser como acessório. Perguntaram para ele onde estavam as armas e quem fazia o tráfico na favela. Ele respondeu que "não mexia com isso". A arma do videogame foi quebrada pelos policiais. A mulher de Agnaldo, nervosa, para tentar intimidar, disse que as câmeras que ficam dentro do bar estavam gravando os abusos. Eles obrigaram o casal a retirar o material do vídeo e entregar a eles. As visitas se repetiram. Agnaldo conta que a câmera digital e o notebook do vizinho foram roubados.
QUEM APANHA É A MÃE
Solange conta que estava bêbada no dia em que apanhou da polícia. Foi reprimida depois de chegar chorando e pedindo para não baterem no filho, que estava sendo revistado. Eles se irritaram com a cena e pediram a ela que os levasse em casa para ver se não havia drogas. O filho foi junto, sob tapas e socos. Na confusão, ela acabou levando uma cabeçada do filho agredido pelos policiais. Ficou com o olho roxo. "Hoje eu só sinto ódio", diz o filho de Solange.
COMPENSADO DE MADEIRA
O ajudante geral Luiz Claudio Carlos, de 23 anos, estava na viela perto de casa sem documentos quando foi abordado por três policiais. Sem poder provar quem era, foi esculachado. Os policiais pegaram um compensado de madeira, jogaram em cima dele e começaram a pular em cima. Perguntavam sobre drogas e davam tapas no seu rosto. A alguns metros de distância, um menino jogava bolinhas de gude. Uma delas desceu em direção ao local onde ocorria a sessão de tortura. O policial perguntou o que menino queria e começou a estapeá-lo. O garoto apanhou sem dizer nada. Quando foi liberado, disse ao policial: "Muito obrigado." O soldado ficou irritado e voltou a agredir o menino.
RODÍZIO PARA BATER
Sílvio de Moraes Pereira, de 21 anos, quer ser tatuador. Tem piercings, sobrancelhas cortadas e tatuagens. Fez estágio na Galeria do Rock. Andava pela viela às 8 horas da manhã quando foi abordado e obrigado a tirar a roupa e ficar de cueca. Sentou em cima da mão e o acusaram de trabalhar no tráfico. Ele negou a ligação. Os seis homens perguntaram se ele teria coragem de levá-los à sua casa. Pereira topou. Jogaram o jovem em cima da cama e ele apanhou em rodízio: um dava socos na cara, outros nos rins e todos chutaram ao mesmo tempo com coturnos de bico de ferro, quando ele caiu no chão. Com medo de novas represálias, acabou se mudando.
CABEÇA DE MENINO
José Maria Lacerda, de 54 anos, coordenador da União de Defesa dos Moradores, revoltou-se com a prisão de William, que é deficiente mental. "Tem corpo de homem, mas cabeça de menino", explica . Em um sábado de março, policiais viram a porta da casa do jovem aberta e a invadiram, enquanto William dormia. Ele apanhou, tomou um soco na boca e foi levado como traficante e até hoje se encontra preso no CDP de Osasco. Lacerda decidiu brigar em defesa do rapaz, que trabalhava como ajudante de carretos. Pediu ao amigo e advogado Gilberto Tejo Figueiredo, que atua na associação em processos imobiliários de usucapião, para defender William. "As testemunhas sempre são apenas os policiais que efetuam a prisão. Nunca levam os moradores que presenciaram a cena. É uma covardia", diz Figueiredo. Mineiro, há tempos na luta por moradias, Lacerda é daqueles que preferem evitar conversas sobre crime, como se não fosse assunto de pessoa correta. Mas observa que os moradores de Paraisópolis estão sendo estigmatizados e ganharam na cidade a pecha de ladrões. "Para conseguir emprego precisamos evitar dizer o nome do bairro em que moramos", diz.
OUTROS OLHOS PARA O MUNDO
Extrovertida, vaidosa, unhas pintadas de vermelho, a cabeleireira Aurenice Soares dos Santos sempre gostou de policiais. Na última eleição, fez campanha para Gilberto Kassab. "O Kassab é um homem lindo!", diz. Passou a enxergar o mundo com outros olhos em uma manhã de março. Na viela onde mora, quatro casas foram invadidas. O marido estava no andar de cima do sobrado, com a máquina de lavar ligada. Um grupo de 11 policiais chegou ordenando que ela abrisse a casa. Nervosa, disse que não conseguia encontrar a chave. Os policiais quebraram a janelinha da porta, colocaram a cabeça para dentro e tentaram forçar a entrada. Aurenice aguardou calada. Os policiais desistiram quando parte do grupo começou a entrar na casa de baixo. No vizinho, a polícia abriu a janela com um soco, assustando as duas irmãs de 16 e 17 anos que estavam de pijama e acordaram com o barulho. Ela ouviu o choro do outro irmão, de 3 anos, com deficiência nas pernas. Viu o filho da vizinha ser humilhado e obrigado a se sentar em cima de uma poça d?água. Enquanto a operação durou, Aurenice evitou sair de casa. Permanece em depressão e toma diazepam, clonazepan, Tofranil e Diurex.
IZAQUE CIRIACO MARTINS
Izaque Ciriaco Martins, de 26 anos, trabalha como copeiro em uma churrascaria do Morumbi e chega todo dia em casa após a 1 hora da manhã. Cansou de ser revistado nas operações da polícia. Foram pelo menos cinco vezes em que era tratado como bandido por viver em Paraisópolis. Em certas madrugadas, teve de dar longas caminhadas a pé para chegar em casa porque o caminho mais curto estava bloqueado pela polícia.
A POSIÇÃO DA POLÍCIA
O capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM diz: "A presença de criminosos na comunidade exigiu uma pronta ação, que culminou na estratégia de ocupação, objetivando criar um clima de segurança às pessoas de bem. E foi o que efetivamente ocorreu! Duas denúncias chegaram a ser feitas formalmente." E completa: "Restou provado que não houve abuso ou agressão."
Bruno Paes Manso
Os números oficiais da Operação Saturação da Polícia Militar em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, são chocantes. De acordo com a Prefeitura, moram 60 mil pessoas no bairro. Durante pouco menos de três meses de operação, entre 4 de fevereiro e 26 de abril, 400 policiais em 100 viaturas e um helicóptero, com 20 cavalos e 4 cachorros, aplicaram 51.994 revistas a moradores do bairro.
A operação teve início depois dos tumultos provocados por algumas dezenas de moradores, em 2 de fevereiro, que deixaram três PMs baleados. Entre os agitadores havia integrantes do tráfico de drogas local. Como resposta, nos dias que se seguiram ao quebra-quebra, parte da tropa deixou rastros de abusos e violência. "Durante a ocupação, tentativas de desestabilização das forças de segurança foram levadas a efeito por parte de pessoas que se sentiam incomodadas com a presença da polícia", defende o capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM. Segundo ele, não há provas de abusos e agressões.
Na semana passada, o Estado esteve em Paraisópolis. Ouviu dezenas de histórias chocantes, em diferentes pontos do bairro. Testemunhos semelhantes já foram ouvidos por entidades como Associação dos Juízes pela Democracia, Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e Associação Paulista dos Defensores Públicos.
De acordo com a polícia, no balanço da operação constaram 93 flagrantes, captura de 61 procurados, 31 armas e 9,9 kg de cocaína apreendidos. Mas o saldo final vai além: sobrou raiva, humilhação, revolta, indignação que ninguém ainda é capaz de dizer o que isso de fato pode significar para a cidade. Seguem os testemunhos de moradores colhidos pelo Estado:
EM DEFESA DOS FILHOS
Auxiliar administrativa em uma empresa de telefonia, Gisele Cristina dos Santos, de 28 anos, teve o barraco invadido seis vezes pela polícia. Em nenhuma delas havia autorização judicial. Na primeira, um domingo de manhã, ela, marido e seis filhos, crianças de 1 a 12 anos, estavam em casa. O marido esticava um novo varal e chamou a atenção dos policiais por causa de uma tatuagem. Perguntaram se ele tinha "passagem". Ele informou que estava sob condicional, mas não devia na Justiça. Os policiais chutaram o portão e invadiram o quintal perguntando por drogas. Em seguida, entraram na casa e rasgaram o sofá. O pai apanhou na frente dos filhos. Em outras duas vezes, policiais entraram quando só havia crianças em casa. Falaram para a mais velha que o pai havia pedido a eles que buscassem o revólver. "Onde está a arma?", perguntavam os policiais. "Meu pai não rouba", a criança respondeu. A casa também foi invadida quando não havia ninguém. Dois baldes de água com latas de leite que ela recebeu do programa da Prefeitura, misturadas com detergente e pó de café, foram espalhados pelo chão e paredes. Gisele teve seu MP5 furtado. Depois das seguidas sessões de abuso, ela fundou o movimento "Paraisópolis Exige Respeito!", com um blog na internet. Perguntada se o nome dela podia aparecer no jornal, Gisele foi categórica: "Coloque em negrito, com letras maiúsculas."
CHAMADA ORAL DA BÍBLIA
Nos cálculos da aposentada Maria Alves da Rocha, de 59 anos, policiais invadiram a casa onde ela mora com a neta de 17 anos e dois filhos por cerca de 15 vezes. Nunca apresentaram mandado. Na primeira invasão, eles entraram com um pontapé na porta. Os vizinhos avisaram ao filho, que é pedreiro e trabalhava na vizinhança, que chegou em instantes e sugeriu para a mãe que deixasse a polícia trabalhar. "Quem não deve não teme", disse. A polícia depois não se cansou de voltar. Bagunçavam o guarda-roupa, xingavam e humilhavam os que estavam em casa. Dona Maria contou aos policiais que era evangélica. Um deles solicitou uma Bíblia para perguntar o que estava escrito em dado versículo do Evangelho de João. "Sou analfabeta, mas entendo a palavra dos pastores e consegui responder", diz Maria. O pé de capim-santo que ela cultivava no quintal para fazer chá foi arrancado pelos policiais, para checarem se não era droga.
É PROIBIDO CHORAR
Quando viu o movimento de policiais na viela em que mora, Antonio, de 13 anos, entrou em casa correndo. Os policiais o seguiram. Na porta do barraco, um anúncio escrito a giz pela mãe oferece: "Fais chapinha." Dentro de casa, Antonio teve a arma apontada para cabeça. "Por que estava correndo? Onde é a boca?", perguntava um deles, enquanto o estapeava. Outro policial revistava a casa. Antônio, que aparenta 10 anos, estava sozinho com o irmão, de 9. Os dois choravam muito. "Cala a boca vacilão. Vamos levar você para um quartinho escuro na Febem", ameaçava o policial. Com os braços cruzados, esfregando os ombros, Antonio explica que ficou ainda mais assustado porque há alguns anos teve um tio assassinado por policiais. Os vizinhos, do lado de fora, viam tudo sem poder intervir porque temiam apanhar.
ESPINGARDA DE BRINQUEDO
Agnaldo Jesus Viana teve o sobrado em que mora, em cima do bar de sua propriedade, invadido quatro vezes. Os policiais cismaram com o jogo eletrônico que ficava na frente do estabelecimento e tinha uma espingarda a laser como acessório. Perguntaram para ele onde estavam as armas e quem fazia o tráfico na favela. Ele respondeu que "não mexia com isso". A arma do videogame foi quebrada pelos policiais. A mulher de Agnaldo, nervosa, para tentar intimidar, disse que as câmeras que ficam dentro do bar estavam gravando os abusos. Eles obrigaram o casal a retirar o material do vídeo e entregar a eles. As visitas se repetiram. Agnaldo conta que a câmera digital e o notebook do vizinho foram roubados.
QUEM APANHA É A MÃE
Solange conta que estava bêbada no dia em que apanhou da polícia. Foi reprimida depois de chegar chorando e pedindo para não baterem no filho, que estava sendo revistado. Eles se irritaram com a cena e pediram a ela que os levasse em casa para ver se não havia drogas. O filho foi junto, sob tapas e socos. Na confusão, ela acabou levando uma cabeçada do filho agredido pelos policiais. Ficou com o olho roxo. "Hoje eu só sinto ódio", diz o filho de Solange.
COMPENSADO DE MADEIRA
O ajudante geral Luiz Claudio Carlos, de 23 anos, estava na viela perto de casa sem documentos quando foi abordado por três policiais. Sem poder provar quem era, foi esculachado. Os policiais pegaram um compensado de madeira, jogaram em cima dele e começaram a pular em cima. Perguntavam sobre drogas e davam tapas no seu rosto. A alguns metros de distância, um menino jogava bolinhas de gude. Uma delas desceu em direção ao local onde ocorria a sessão de tortura. O policial perguntou o que menino queria e começou a estapeá-lo. O garoto apanhou sem dizer nada. Quando foi liberado, disse ao policial: "Muito obrigado." O soldado ficou irritado e voltou a agredir o menino.
RODÍZIO PARA BATER
Sílvio de Moraes Pereira, de 21 anos, quer ser tatuador. Tem piercings, sobrancelhas cortadas e tatuagens. Fez estágio na Galeria do Rock. Andava pela viela às 8 horas da manhã quando foi abordado e obrigado a tirar a roupa e ficar de cueca. Sentou em cima da mão e o acusaram de trabalhar no tráfico. Ele negou a ligação. Os seis homens perguntaram se ele teria coragem de levá-los à sua casa. Pereira topou. Jogaram o jovem em cima da cama e ele apanhou em rodízio: um dava socos na cara, outros nos rins e todos chutaram ao mesmo tempo com coturnos de bico de ferro, quando ele caiu no chão. Com medo de novas represálias, acabou se mudando.
CABEÇA DE MENINO
José Maria Lacerda, de 54 anos, coordenador da União de Defesa dos Moradores, revoltou-se com a prisão de William, que é deficiente mental. "Tem corpo de homem, mas cabeça de menino", explica . Em um sábado de março, policiais viram a porta da casa do jovem aberta e a invadiram, enquanto William dormia. Ele apanhou, tomou um soco na boca e foi levado como traficante e até hoje se encontra preso no CDP de Osasco. Lacerda decidiu brigar em defesa do rapaz, que trabalhava como ajudante de carretos. Pediu ao amigo e advogado Gilberto Tejo Figueiredo, que atua na associação em processos imobiliários de usucapião, para defender William. "As testemunhas sempre são apenas os policiais que efetuam a prisão. Nunca levam os moradores que presenciaram a cena. É uma covardia", diz Figueiredo. Mineiro, há tempos na luta por moradias, Lacerda é daqueles que preferem evitar conversas sobre crime, como se não fosse assunto de pessoa correta. Mas observa que os moradores de Paraisópolis estão sendo estigmatizados e ganharam na cidade a pecha de ladrões. "Para conseguir emprego precisamos evitar dizer o nome do bairro em que moramos", diz.
OUTROS OLHOS PARA O MUNDO
Extrovertida, vaidosa, unhas pintadas de vermelho, a cabeleireira Aurenice Soares dos Santos sempre gostou de policiais. Na última eleição, fez campanha para Gilberto Kassab. "O Kassab é um homem lindo!", diz. Passou a enxergar o mundo com outros olhos em uma manhã de março. Na viela onde mora, quatro casas foram invadidas. O marido estava no andar de cima do sobrado, com a máquina de lavar ligada. Um grupo de 11 policiais chegou ordenando que ela abrisse a casa. Nervosa, disse que não conseguia encontrar a chave. Os policiais quebraram a janelinha da porta, colocaram a cabeça para dentro e tentaram forçar a entrada. Aurenice aguardou calada. Os policiais desistiram quando parte do grupo começou a entrar na casa de baixo. No vizinho, a polícia abriu a janela com um soco, assustando as duas irmãs de 16 e 17 anos que estavam de pijama e acordaram com o barulho. Ela ouviu o choro do outro irmão, de 3 anos, com deficiência nas pernas. Viu o filho da vizinha ser humilhado e obrigado a se sentar em cima de uma poça d?água. Enquanto a operação durou, Aurenice evitou sair de casa. Permanece em depressão e toma diazepam, clonazepan, Tofranil e Diurex.
IZAQUE CIRIACO MARTINS
Izaque Ciriaco Martins, de 26 anos, trabalha como copeiro em uma churrascaria do Morumbi e chega todo dia em casa após a 1 hora da manhã. Cansou de ser revistado nas operações da polícia. Foram pelo menos cinco vezes em que era tratado como bandido por viver em Paraisópolis. Em certas madrugadas, teve de dar longas caminhadas a pé para chegar em casa porque o caminho mais curto estava bloqueado pela polícia.
A POSIÇÃO DA POLÍCIA
O capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM diz: "A presença de criminosos na comunidade exigiu uma pronta ação, que culminou na estratégia de ocupação, objetivando criar um clima de segurança às pessoas de bem. E foi o que efetivamente ocorreu! Duas denúncias chegaram a ser feitas formalmente." E completa: "Restou provado que não houve abuso ou agressão."
Criminosos usam bomba para arrombar caixa eletrônico na Zona Leste de SP
A tentativa de assalto ocorreu numa agência na Avenida Ragueb Chohfi.
Explosão não foi suficiente para abrir os caixas, mas danificou quatro deles
Criminosos usaram bombas para tentar arrombar caixas eletrônicos de uma agência da Zona Leste da capital paulista na noite de domingo (31)
Segundo a polícia, os criminosos quebraram uma porta de vidro da agência que fica na Avenida Ragueb Chohfi. Depois, arrombaram o cadeado para entrar na área onde os caixas eletrônicos são abastecidos e usaram bombas para arrombar as máquinas.
A explosão não foi suficiente para abrir os caixas, mas danificou quatro deles. O barulho dos explosivos acionou o alarme e os ladrões fugiram sem levar nada. A polícia foi chamada, mas ninguém foi preso.
Também no domingo (31), em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, a polícia encontrou uma van em chamas com um caixa eletrônico dentro, na Estrada da Volta Fria. Um laudo da perícia deve indicar se o equipamento é o mesmo que foi levado durante um assalto a um posto de gasolina de Suzano, também na Grande São Paulo, na última sexta-feira (29).
Força Tática da PM vai a campus da USP
Funcionários da instituição estão em greve por reajuste de salário.
Assessoria da PM confirma presença no campus, mas não diz motivo.
Policiais da Força Tática do 16º Batalhão estavam, no início da manhã desta segunda-feira (1º), na Universidade de São Paulo. Segundo um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, a polícia estaria “ocupando todos os pontos chave” da universidade. Eles teriam ido até o local para “reabrir” os prédios que tinham sido fechados pelos piquetes de greve. A maior concentração de policiais, de acordo com Carvalho, estaria na frente do prédio da reitoria.
A Polícia Militar confirmou apenas que equipes da Força Tática do 16º Batalhão estavam no local nesta manhã, mas não informou o motivo. Eles disseram ainda que não havia confusão no local.Funcionários e professores da USP estão em greve por reajuste salarial. No dia 25 de maio, um grupo de cerca de 30 alunos invadiu o prédio da reitoria segundo a assessoria de imprensa da universidade. Foram quebrados os vidros das portas da portaria B. Além disso, os estudantes teriam revirado móveis e objetos na sala da pró-reitoria de pesquisa. O prejuízo foi calculado em R$ 10 mil
Assessoria da PM confirma presença no campus, mas não diz motivo.
Policiais da Força Tática do 16º Batalhão estavam, no início da manhã desta segunda-feira (1º), na Universidade de São Paulo. Segundo um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, a polícia estaria “ocupando todos os pontos chave” da universidade. Eles teriam ido até o local para “reabrir” os prédios que tinham sido fechados pelos piquetes de greve. A maior concentração de policiais, de acordo com Carvalho, estaria na frente do prédio da reitoria.
A Polícia Militar confirmou apenas que equipes da Força Tática do 16º Batalhão estavam no local nesta manhã, mas não informou o motivo. Eles disseram ainda que não havia confusão no local.Funcionários e professores da USP estão em greve por reajuste salarial. No dia 25 de maio, um grupo de cerca de 30 alunos invadiu o prédio da reitoria segundo a assessoria de imprensa da universidade. Foram quebrados os vidros das portas da portaria B. Além disso, os estudantes teriam revirado móveis e objetos na sala da pró-reitoria de pesquisa. O prejuízo foi calculado em R$ 10 mil
Juiz analisará se Suzane pode ir para semiaberto
Antes de requerer a progressão para cumprir a pena que resta no regime semiaberto, Suzane von Richthofen terá que ser avaliada por um exame criminológico, conforme pedido da Promotoria, para saber se ela já pode deixar a prisão.
A decisão foi do juiz Luís Geraldo Lanfredi, da 1ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté.
O exame faz parte do processo que analisa a progressão de Suzane, presa em Tremembé (SP), condenada a 38 anos de prisão por ter participado do assassinato dos pais, para o regime semiaberto. Ele deve ser feito por uma junta, geralmente composta de psiquiatra, psicólogo e assistente social.
O resultado do exame é mais uma ferramenta colocada para auxiliar o juiz em sua decisão.
No último dia 12, o Superior Tribunal de Justiça concedeu a Suzane o direito de pedir para cumprir o restante da pena no semiaberto. Nele, terá o direito, por exemplo, de cumprir pena em colônia agrícola ou trabalhar fora, podendo deixar o presídio das 6h às 18h.
Acusação de Suzane é absurda, diz promotor
Ela disse à Justiça que Eliseu Berardo tentou seduzi-la no gabinete dele; na ocasião, a ex-estudante de direito estava presa em Ribeirão
"Vou provar minha inocência", disse Berardo, investigado pela Corregedoria do Ministério Público. Caso chega a ser "ridículo", afirmou
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Acusado por Suzane von Richthofen, 25, de tentar seduzi-la dentro de seu gabinete, o promotor Eliseu José Berardo, 44, da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão Preto, afirma ser inocente. "É um absurdo, nego tudo", afirma ele, que é casado há 14 anos. Suzane, condenada pela morte dos pais, em 2002, disse a uma juíza que o promotor se ofereceu para ajudá-la e até pôs uma música romântica quando ela foi ao gabinete dele depor sobre supostos maus-tratos em uma penitenciária de Ribeirão, onde estava presa, em 2007. Após a acusação, a Corregedoria do Ministério Público abriu procedimento para apurar o caso. "Vou provar minha inocência", disse. À Folha, ele disse que o caso lhe causou problemas familiares e constrangimentos. A seguir, a entrevista:
FOLHA - Como o sr. reagiu às acusações de Suzane?
ELISEU JOSÉ BERARDO- A orientação que tenho [do Ministério Público] é para não polemizar. É um absurdo e nego tudo.
FOLHA - É uma história antiga?
BERARDO - Foi em janeiro de 2007. Em resumo: ela veio transferida para Ribeirão em setembro de 2006, se me recordo bem. Depois de um tempo, foi publicada uma reportagem com suspeitas de que ela tinha privilégios na cela. Diante disso, em setembro de 2006, fui à penitenciária, com um oficial de Promotoria. Tiramos fotografias da cela, com autorização da direção da penitenciária, e não constatamos nada. No mesmo dia, ela e detentas da cela reclamaram muito das condições e do tratamento recebido. Então, instaurei um inquérito civil para apurar.
FOLHA - Foi nesse caso que surgiu a situação narrada por Suzane?
BERARDO - Sim. Na investigação, você ouve quem? Pessoas que fizeram as denúncias, a outra parte, no caso a direção e funcionários da prisão, e outras presas, como testemunhas. Então, evidentemente ela foi ouvida, mas foi ouvida na Promotoria e com autorização judicial. Está tudo documentado.
FOLHA - Como foi essa audiência?
BERARDO - Ela foi ouvida duas vezes. A primeira vez foi rápida, e ela manifestou vontade de voltar, pois tinha mais coisas a dizer. Na segunda vez, todos [imprensa] ficaram sabendo e houve muito tumulto. Por isso, acabou demorando mesmo.
FOLHA - Ela diz que o sr. tentou provocar um clima romântico.
BERARDO - Ela disse que coloquei música romântica para ela, suponho que em um aparelho portátil. Pois nunca tive um aparelho de som portátil na minha vida. Isso foi dito na corregedoria, quando prestei depoimento. Então, começa daí. Falou também que escrevi poesias. Essa, me abstenho até de comentar, fazer poesias para ela... Chega a ser ridículo.
FOLHA - É comum fazer audiência com presos por esses motivos?
BERARDO - Quando vou a penitenciárias, ouço presos. Agora, em inquérito civil e com presas mulheres, me parece que foi o primeiro, mas tudo em virtude da solicitação delas mesmas.
FOLHA - Que motivos ela teria para contar essa história?
BERARDO - Não tenho a mínima ideia.
FOLHA - A divulgação do caso lhe causou constrangimentos?
BERARDO - É uma situação muito chata. Principalmente porque as pessoas não conhecem os fatos, mesmo que a acusação venha de uma presa. Algumas pessoas ficam em dúvida e acabam te olhando de forma diferente. Sinto-me constrangido com isso tudo, tanto no ambiente de trabalho, no âmbito familiar, com amigos. Principalmente agora, que isso tudo veio à tona. Na família também, mas mais da minha parte.
FOLHA - O sr. vai processá-la?
BERARDO - Não, não pretendo. Se ela fez essas alegações, teve os motivos dela, que não sei quais são, elas vai ter de provar, evidentemente. Eu me sinto triste, magoado com isso tudo, mas fazer o quê?
COMENTARIO DO BLOG
Como não olhar de forma diferente? Ora, não, não é muito comum fazer audiência com presos por esses motivos. Na verdade, quando um preso quer fazer alguma denucia, procura logo o Juiz Corregedor, que por sua vez solicita a presença do preso, ou dirige-se até a Penitenciaria e conversar com o detento na presença do Diretor. Portanto, quando um preso quiser fazer alguma denucia procura o juiz corregedor ou encaminha para a corregedoria dos presidios.Ou seja, muitas vezes denuncia quem o faz, quase sempre, é a familia ou o advogado, portanto, é muito estanho que a Suzane von Richthofen foi encaminhada ao gabinete de Eliseu José Berardo promotor.
A decisão foi do juiz Luís Geraldo Lanfredi, da 1ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté.
O exame faz parte do processo que analisa a progressão de Suzane, presa em Tremembé (SP), condenada a 38 anos de prisão por ter participado do assassinato dos pais, para o regime semiaberto. Ele deve ser feito por uma junta, geralmente composta de psiquiatra, psicólogo e assistente social.
O resultado do exame é mais uma ferramenta colocada para auxiliar o juiz em sua decisão.
No último dia 12, o Superior Tribunal de Justiça concedeu a Suzane o direito de pedir para cumprir o restante da pena no semiaberto. Nele, terá o direito, por exemplo, de cumprir pena em colônia agrícola ou trabalhar fora, podendo deixar o presídio das 6h às 18h.
Acusação de Suzane é absurda, diz promotor
Ela disse à Justiça que Eliseu Berardo tentou seduzi-la no gabinete dele; na ocasião, a ex-estudante de direito estava presa em Ribeirão
"Vou provar minha inocência", disse Berardo, investigado pela Corregedoria do Ministério Público. Caso chega a ser "ridículo", afirmou
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Acusado por Suzane von Richthofen, 25, de tentar seduzi-la dentro de seu gabinete, o promotor Eliseu José Berardo, 44, da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão Preto, afirma ser inocente. "É um absurdo, nego tudo", afirma ele, que é casado há 14 anos. Suzane, condenada pela morte dos pais, em 2002, disse a uma juíza que o promotor se ofereceu para ajudá-la e até pôs uma música romântica quando ela foi ao gabinete dele depor sobre supostos maus-tratos em uma penitenciária de Ribeirão, onde estava presa, em 2007. Após a acusação, a Corregedoria do Ministério Público abriu procedimento para apurar o caso. "Vou provar minha inocência", disse. À Folha, ele disse que o caso lhe causou problemas familiares e constrangimentos. A seguir, a entrevista:
FOLHA - Como o sr. reagiu às acusações de Suzane?
ELISEU JOSÉ BERARDO- A orientação que tenho [do Ministério Público] é para não polemizar. É um absurdo e nego tudo.
FOLHA - É uma história antiga?
BERARDO - Foi em janeiro de 2007. Em resumo: ela veio transferida para Ribeirão em setembro de 2006, se me recordo bem. Depois de um tempo, foi publicada uma reportagem com suspeitas de que ela tinha privilégios na cela. Diante disso, em setembro de 2006, fui à penitenciária, com um oficial de Promotoria. Tiramos fotografias da cela, com autorização da direção da penitenciária, e não constatamos nada. No mesmo dia, ela e detentas da cela reclamaram muito das condições e do tratamento recebido. Então, instaurei um inquérito civil para apurar.
FOLHA - Foi nesse caso que surgiu a situação narrada por Suzane?
BERARDO - Sim. Na investigação, você ouve quem? Pessoas que fizeram as denúncias, a outra parte, no caso a direção e funcionários da prisão, e outras presas, como testemunhas. Então, evidentemente ela foi ouvida, mas foi ouvida na Promotoria e com autorização judicial. Está tudo documentado.
FOLHA - Como foi essa audiência?
BERARDO - Ela foi ouvida duas vezes. A primeira vez foi rápida, e ela manifestou vontade de voltar, pois tinha mais coisas a dizer. Na segunda vez, todos [imprensa] ficaram sabendo e houve muito tumulto. Por isso, acabou demorando mesmo.
FOLHA - Ela diz que o sr. tentou provocar um clima romântico.
BERARDO - Ela disse que coloquei música romântica para ela, suponho que em um aparelho portátil. Pois nunca tive um aparelho de som portátil na minha vida. Isso foi dito na corregedoria, quando prestei depoimento. Então, começa daí. Falou também que escrevi poesias. Essa, me abstenho até de comentar, fazer poesias para ela... Chega a ser ridículo.
FOLHA - É comum fazer audiência com presos por esses motivos?
BERARDO - Quando vou a penitenciárias, ouço presos. Agora, em inquérito civil e com presas mulheres, me parece que foi o primeiro, mas tudo em virtude da solicitação delas mesmas.
FOLHA - Que motivos ela teria para contar essa história?
BERARDO - Não tenho a mínima ideia.
FOLHA - A divulgação do caso lhe causou constrangimentos?
BERARDO - É uma situação muito chata. Principalmente porque as pessoas não conhecem os fatos, mesmo que a acusação venha de uma presa. Algumas pessoas ficam em dúvida e acabam te olhando de forma diferente. Sinto-me constrangido com isso tudo, tanto no ambiente de trabalho, no âmbito familiar, com amigos. Principalmente agora, que isso tudo veio à tona. Na família também, mas mais da minha parte.
FOLHA - O sr. vai processá-la?
BERARDO - Não, não pretendo. Se ela fez essas alegações, teve os motivos dela, que não sei quais são, elas vai ter de provar, evidentemente. Eu me sinto triste, magoado com isso tudo, mas fazer o quê?
COMENTARIO DO BLOG
Como não olhar de forma diferente? Ora, não, não é muito comum fazer audiência com presos por esses motivos. Na verdade, quando um preso quer fazer alguma denucia, procura logo o Juiz Corregedor, que por sua vez solicita a presença do preso, ou dirige-se até a Penitenciaria e conversar com o detento na presença do Diretor. Portanto, quando um preso quiser fazer alguma denucia procura o juiz corregedor ou encaminha para a corregedoria dos presidios.Ou seja, muitas vezes denuncia quem o faz, quase sempre, é a familia ou o advogado, portanto, é muito estanho que a Suzane von Richthofen foi encaminhada ao gabinete de Eliseu José Berardo promotor.
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